sábado, 15 de outubro de 2022

 

Agricultores do Rio Grande do Norte melhoram a renda com o plantio de Cajueiro-anão

 

A longa estiagem, registrada entre os anos 2012 e 2017, no nordeste brasileiro, sentenciou à morte os antigos cajueiros gigantes existentes nas propriedades. Contrariando qualquer prognóstico, muitos agricultores conseguiram melhorar a renda apesar da seca. Eles apostaram no cultivo de clones de cajueiro-anão desenvolvidos pela Embrapa e alcançaram produtividade até quatro vezes maior, comparada à do cajueiro gigante. Mesmo com o fim da estiagem, o caju consolidou-se como a principal cultura da região, à frente da pinha, da batata-doce irrigada e da mandioca.

Outros registros de bom desempenho da cultura, oferecendo mais renda para os agricultores, foram feitos em testes, com novos materiais, aplicados pela Embrapa Agroindústria Tropical  em outras regiões do estado, como Serra do Mel, Apodi, Severiano Melo, Florânia, Lagoa Nova e Parnamirim. Os produtores investiram na adoção de tecnologias e na tecnificação da cultura e obtiveram bons resultados, também durante a seca.

Mais resistente ao estresse hídrico, precoce e de porte baixo, o cajueiro-anão ofereceu aos produtores, além da maior produtividade, boa rentabilidade pelo fato de possibilitar o aproveitamento do pedúnculo, o falso fruto, como caju de mesa e na indústria de processamento de sucos e doces. Com o cajueiro gigante é difícil aproveitar o pedúnculo, pois o porte da planta inviabiliza a colheita manual, além de que seus produtos variam de qualidade entre uma planta e outra.

“Há cinco anos, com o dinheiro do caju eu não fazia uma feira”, atesta o pequeno produtor Domingos Divino da Silva, 44, morador da zona rural do município de Florânia, na Serra de Santana. Com 5,5 hectares de cajueiro, em 2019, depois de seis anos de secas sucessivas, ele colheu 1.800 caixas de caju de mesa. No ano passado, o preço da caixa oscilou entre R$ 20 e R$ 30.

O pesquisador Luiz Serrano, da Embrapa Agroindústria Tropical (CE), explica que não é incomum encontrar entre os cajucultores de municípios do oeste potiguar produtividade, em sequeiro, acima de 1.200 kg de castanha por hectare ao ano – bem acima da média do cajueiro gigante, que chega a 300 kg por hectare ao ano. Ele acredita que, mantido o protagonismo dos produtores, em cinco anos o Rio Grande do Norte deve se tornar referência em produção tecnificada de caju.

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