domingo, 16 de outubro de 2022

 ADERRUBADADASCARNAUBEIRASNOVALEDOAÇU/RNThe Tips of the Carnaubeiras Açu valley /RNSilva Filho, Raimundo Inácio da1; Frutuoso, Gilciane Kariny da Costa2raimundofilho@uern.br1.INTRODUÇÃOHistoricamente a exploração dos recursos naturais sempre foi destacável na vida econômica do Brasil. Inicialmente se deu com a exploração da costa do território nordestino com a derrubada de árvores e a extração do pau Brasil para a exportação, e posterior utilização da área para o plantio da cana-de-açucar. Segundo Freyre (2004) esse método devastador se aprofunda e se alastra sobre as matas, as águas, os animais e os homens do território nordestino. Corroborando com esse entendimento, Prado Júnior (1992) argumenta que o caráter inicial do processo de formação e de ocupação do território brasileiro foi o de “exploração porexploração”.No Rio Grande do Norte a cultura exploratória e devastadora da natureza não tem sido diferente. Atualmente é possível presenciar in loco a extração indiscriminada dos recursos naturais sem, contudo, haver monitoramento por parte dos órgãos oficiais nas diferentes esferas administrativas. A devastação das carnaúbas na microrregião do Vale do Açu é conseqüência desse processo histórico, da demanda por investimentos em novas atividades econômicas, da falta de fiscalização e de educaçãoambiental.Por entender que a vegetação de carnaubeiras possui significativa importância para o ecossistema e formação de riqueza regional, é queapresentamos o crescimento vertiginoso da derrubada das árvores e das áreas degradadas, ocorridas a partir da construção da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves no inicio da década de1980.1 Docente UERN/CAWSL/DGE,Assú-RN2 Docente UERN/CAWSL/DGE,Assú-RN

502.OBJETIVOO presente trabalho tem o objetivo de mostrar a redução das áreas com ocorrências de carnaubeiras no período de 1966 a2010.3.MATERIAIS EMÉTODOSA microrregião do Vale do Açu (RN) faz parte, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da mesorregião Oeste Potiguar. A mesma é cortada e banhada pelo rio Piranhas-Açu, integra o bioma caatinga e está inserida em plenos domínios do clima semiárido. O espaço geográfico açuense é composto pelos municípios: Alto do Rodrigues, Assú, Carnaubais, Ipanguaçu, Itajá, Jucurutu, Pendências, Porto do Mangue e São Rafael. Esses municípios ocupam uma área de 4.756,1 km2, o que corresponde a 9,06% do território potiguar (AQUINO, SILVA FILHO & MIRANDA,2013).A carnaúba (Copernícia cerífera), objeto deste estudo, é uma palmeira nativa da região semiárida do Nordeste brasileiro. Segundo Gico (1995, p. 43) “a carnaúba é planta típica do sertão”. Por ser componente das matas ciliares nordestinas, esta árvore exerce funções fundamentais ao equilíbrio ecológico regional, em especial, à conservação dos solos e proteção dos rios contra a formação de processos de erosão e assoreamento. As maiores ocorrências encontram-se nos vales dos rios Jaguaribe e Acaraú (Ceará), Parnaíba (Piauí), Piranhas-Açu e Apodi (Rio Grande doNorte).A metodologia consistiu em mostrar as áreas de carnaubeiras que foram devastadas no Vale do Açu/RN, no período de 1966 a 2010. Para tanto, a amostra limitou-se aos municípios de Assú, Carnaubais e Ipanguaçu. Isso porque ainda pertence a eles a existência das maiores ocorrências dessas árvores na região. Os dados foram coletados em diversas fontes e estudos relacionados ao tema em questão. O trabalho trilhou as orientações dos estudos realizados por Aranha (1995), Cruz (1995), Albano (2009) e Moura (2011).
514.RESULTADOSOs dados mostram que durante o período de 1966 a 2010 a área devastada e o extermínio das árvores foram da ordem de 70%. Em 1966 a área com ocorrência de carnaubeiras era de 447 km² e o número estimado de árvores era de 6.000.000. Em 1988, período em que se iniciaram os grandes projetos de irrigação na região, a área com ocorrência de carnaubeiras diminui para 194 km², enquanto que o número estimado de arvores cai para 2.600.000. Por último, em 2010, a área com ocorrência de carnaubeiras é drasticamente reduzida para 130 km², enquanto que o número estimado de árvores chega a apenas1.800.000.5.DISCUSSÃOO surgimento de novas atividades econômicas no Vale do Açu/RN (agricultura irrigada, carcinicultura, cerâmica, petróleo e gás natural), a partir de 1980, contribuiu para acelerar a devastação das áreas de carnaubeiras e o uso indiscriminado dos solos férteis para fins produtivos. Isso já é bastante visível na paisagem açuense. Depois de derrubadas e queimadas, as carnaubeiras são destinadas para os fornos cerâmicos como matriz energética. Por sua vez, a argila é usada para a confecção dos produtos cerâmicos (telhas, tijolos e lajotas). Esse tipo de atividade, que não é monitorada pelos órgãos ambientais, se constitui numa ação bastante prejudicial ao ecossistema regional ao provocar impacto na paisagem, erosão do solo e alteração do regime de escoamento das águas superficiais. Pesquisa realizada por Oliveira (2010) mostra que a argila é extraída em baixadas de vales e nas proximidades dos rios e lagoas, causando, portanto, a degradação do solo, dos rios, da flora e da fauna.6.CONCLUSÃOAs áreas com ocorrências de carnaubeiras foram reduzidas drasticamente nos
52últimos cinquenta anos. Ao longo desse tempo, a exploração correu sem nenhum tipo de fiscalização oficial. Com isso a devastação tem provocado modificações na paisagem regional, apesar da existência de uma ampla legislação ambiental. Conclui-se, portanto, que a área com ocorrência de carnaubeiras na região açuense está em declínio e em avançado processo de degradação ambiental. As áreas rurais dos municípios de Assú, Carnaubais e Ipanguaçu foram as mais devastadas e, como conseqüências, o ecossistema regional tem sofrido impactos negativos, causados pela inserção de novas atividades econômicas. Os dados confirmam que no período de 1966 a 2010 a área devastada e o número de carnaubeiras derrubadas chegam a70%.7.REFERÊNCIASALBANO, G. P.; Sá, A. J. de. Vale do Açu-RN

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