sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Especialistas demonstram como transformar riquezas do Sertão em desenvolvimento bioeconômico

 
audiência públicaFoi na audiência pública conjunta em três comissões na Câmara Federal, realizada em Brasília.  O diretor do Insa – Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Salomão Medeiros, mostrou aos presentes que a produção familiar de energia fotovoltaica consorciada com alimento (sistema agrovoltaíco) é um meio eficiente e de baixo custo. A tecnologia foi   demonstrada por pesquisadores do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Universidade Federal de PE (UFPE), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Além da produção de energia e de alimentos em pequenas propriedades, o sistema agrovoltaico, tecnologia pioneira no País e em desenvolvimento no Sertão de Pernambuco pela rede nacional de pesquisadores Ecolume, financiada pelo CNPq, capta água de chuva e está integrado por sistemas de reuso e tratamento de água servida para a produção de vegetais, aves e peixes, mas também mudas de plantas nativas para o reflorestamento (recaatingamento) do bioma, de modo a contribuir para a umidade do solo e para a regulação do microclima local, que enfrentam processo de aridez.
“2/3 das áreas degradadas no Sertão brasileiro estão localizadas em 98% das propriedades rurais. Portanto, abrange majoritariamente as pequenas propriedades rurais. E o potencial de geração de energia nestas áreas é ampla. Bastaria 10% dessas áreas degradadas cobertas por painéis fotovoltaicos para dobrar a produção de energia solar no País, distribuindo riqueza aos agricultores familiares e, consequentemente, para as cidades e os estados com os impostos inerentes.
O protótipo pioneiro do sistema agrovoltaico da rede Ecolume no Sertão pernambucano de Ibimirim-PE usa só uma área de 24 metros quadrados. Além de placas fotovoltaicas para produção de energia, o sistema integra outros subsistemas. Produz alimentos por tubos (aquaponia) na sobra das placas e com irrigação circular. Produz água via uma tecnologia do Insa de tratamento e reuso de águas servidas, usadas para irrigação de mudas nativas por gotejamento.

Os benefícios bioeconômicos com a preservação da Caatinga são outros meios de transformar as riquezas naturais do bioma em desenvolvimento. Já existem inclusive cooperativas de agricultores familiares no sertão da Bahia onde produzem até cerveja com umbu, planta nativa do semiárido. A diversidade de usos e finalidades de plantas nativas não somente para a indústria alimentar, mas também com potenciais farmacológicos, para os defensivos agrícolas e cosméticos também foram colocados no evento pela professora Márcia Vanusa, da UFPE, por Salomão e Eduardo Assad. Portanto, a produção de mudas caatingueiras para o seu reflorestamento ultrapassa os benefícios ambientais (solo, água, clima) para o semiárido.

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