quarta-feira, 30 de outubro de 2019

O manejo para mudar o sistema de criação convencional para a pecuária leiteira orgânica

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rebanho orgânicoO desafio da produção orgânica de leite é substituir os métodos convencionais e ainda assim manter a produtividade da fazenda. Para estimular a produção de leite orgânico de forma sustentável e rentável, a Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos (SP), e a Secretaria de Inovação e Negócios/Escritório de Campinas têm apoiado a formação de um cluster nessa área. Além do desenvolvimento de pesquisas, são realizados cursos de capacitação continuada. Para o chefe de Transferência de Tecnologia, André Novo, da Embrapa, a proximidade entre a pesquisa, a extensão rural e a cadeia produtiva é uma estratégia eficaz para o crescimento da pecuária leiteira orgânica brasileira.
A conversão do sistema convencional para o orgânico não é uma tarefa simples e leva em torno de 18 meses para ser concluído. O produtor precisa estar disposto e preparado para as mudanças e os desafios. A substituição de métodos tradicionais por alternativos faz parte desse processo. Para conversão do solo e das pastagens, que dura cerca de 12 meses, o produtor abre mão da utilização de fertilizantes químicos e agrotóxicos para uso de compostos orgânicos para recuperação da fertilidade do solo. Em seguida, ocorre a conversão dos animais que leva no mínimo seis meses.
Para isso, o pecuarista precisa trocar a medicação alopática por fitoterápica ou homeopática. A alopatia pode ser usada apenas em casos de riscos de morte do animal e com o dobro do período de carência do medicamento. A alimentação das vacas também deve ser, em sua maioria, orgânica. Nesse caso, é permitido apenas 15% da ingestão de alimentos convencionais. Grãos e demais insumos transgênicos são proibidos.
O pesquisador Artur Chinelato de Camargo, da Embrapa Pecuária Sudeste, diz que os conhecimentos e as recomendações técnicas básicas são praticamente os mesmos para o convencional e o orgânico. A base para manter a produtividade é ter pasto de alta qualidade para alimentar o rebanho e fazer gradualmente o melhoramento genético das vacas. “A ordenha, irrigação, altura de entrada e saída dos animais dos piquetes de pastagem, os princípios são os mesmos. O que muda são as restrições do modelo orgânico”, ressalta.
O bem-estar animal deve estar no topo das preocupações do produtor. Práticas de manejo racionais, com foco no respeito ao animal, precisam fazer parte da rotina diária da fazenda. Oferecer dieta balanceada e em quantidade adequada para as vacas, disponibilizar água de qualidade em bebedouros, que devem ser periodicamente limpos, ofertar sombra nas pastagens e no entorno dos currais para diminuir o estresse calórico, controlar ecto e endo parasitas, entre outras medidas recomendadas.
Artur Chinelato faz um alerta importante ao pecuarista que pensa em entrar no ramo dos orgânicos: assegurar mercado para os produtos. A garantia de venda dos produtos é essencial, já que o custo de produção ainda é mais alto que no modelo convencional

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