segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Mercado Internacional


Dois fatos de registro internacional, destes últimos 30 dias, fazem avaliar que o mercado tende a subir. O primeiro, como destacam as projeções do USDA são sobre os estoques de grãos dos EUA, que na segunda-feira (30/9) vieram 7% menores para a soja (quase 25 milhões de toneladas) e também mais baixos para o milho. Fora isso, na safra atual existem, ainda, duas preocupações: apenas 55% das lavouras de soja estão em boas ou ótimas condições e no milho 57%; a colheita está atrasada devido ao plantio mais tardio (na soja 7% colhidos, contra média de 20% para a data atual e no milho 11% contra 19% na média dos últimos 5 anos); o risco que se corre agora nos EUA é a chamada “earlyfrost”, ou geadas, que podem afetar principalmente Wisconsin e Minnesota. Estou há duas semanas na Universidade de Purdue, Indiana, e não vi otimismo com os produtores que conversei. Estes anos de crise aumentaram bastante o número de recuperações judiciais em fazendeiros americanos, devido a todos os problemas enfrentados.
A avaliação é de Marcos Fava Neves, Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio. Para ele, o conflito com a China não fez os EUA pararem seus movimentos e com o Japão negociam um acordo que afeta o Brasil na área agro. Deve contemplar carnes, frutas, cereais e etanol, dentre outros produtos. Com a isenção ou redução de tarifas, a oferta americana fica mais competitiva. São de aproximadamente US$ 14 bilhões as importações pelo Japão de produtos do agro americano, praticamente US$ 5 bilhões são isentos e o acordo contempla US$ 7 bilhões que têm impostos.
Mudando da América para a Ásia, de acordo com a ONU, 6,23 milhões de suínos em países asiáticos foram abatidos devido à peste suína africana. O pior caso é no Vietnam. Dados da ONU são os oficiais divulgados por cada país, por isso a situação pode ser provavelmente muito pior do que está.  A China está consumindo os estoques estratégicos de carne em boa velocidade e a Rússia também reportou caso de febre suína africana.
No Brasil, seguimos com boas notícias. A última estimativa de setembro da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), mostra que teremos 242,1 milhões de toneladas de grãos, 6,4% acima da anterior, produzidos em 63,2 milhões de hectares. Em dez anos a área plantada no Brasil aumentou 2,3% ao ano e a produção aumentou 5,3% ao ano, graças a grandes ganhos de produtividade. O destaque foi o algodão que teve aumento de 36% na produção desta safra. A soja teve crescimento de 2,1% na área, mas a produção caiu 3,6% devido aos problemas climáticos de janeiro. No milho, chegaremos praticamente a 100 milhões de toneladas, com uma bela segunda safra. Enfim, aqui nos resta um parabéns aos produtores e agradecimentos ao clima. Preços continuam razoavelmente bons em reais.
Para o professor, essa produção toda traz nova estimativa do Valor Bruto da Produção (VBP), agora em vez de R$ 601,9 bilhões, com queda deR$ 1,5 bilhão da projeção anterior, mas está quase 2% acima do ano passado. Os produtos agrícolas ficam com R$ 394,8 bilhões, cerca de 1% menor que o ano passado e a pecuária com R$ 207,2 bilhões, praticamente 7% acima do ano passado. Caso a soja mantivesse o desempenho do ano passado teríamos um número bem maior, é só imaginar as 3 ou 4 milhões de toneladas perdidas com a seca multiplicadas pelo valor do produto.

Entre as diversificações interessantes do agro brasileiro, segue crescendo a oportunidade do etanol de milho. Projeções da União Nacional do Etanol de Milho (Unem) mostram que devemos produzir ao redor de 2 bilhões de litros agora em 2020 e 8 bilhões de litros na safra 2028/29. Este ano deve fechar em 850 milhões de litros vindos de pouco mais de 2 milhões de toneladas de milho. A UNEM estima que em 2020 serão processados 6,2 milhões de toneladas. A área de eucalipto para abastecer de energia as unidades industriais que não dispõem de bagaço de cana pode chegar a 300 mil hectares, ou seja, um mar de oportunidades de investimentos, diz Marcos Fava Neves

Nenhum comentário: