Assistência técnica estimula construção de silos em assentamentos da Paraíba
Crédito: Vanildo Simões Filho
A experiência bem-sucedida de produção
de silagem por agricultores do assentamento Novo Horizonte, em Juarez
Távora, a cerca de 90 quilômetros da capital paraibana, está dando
frutos em vários assentamentos da região do Vale do Paraíba. Nas últimas
semanas, quatro silos foram construídos nos assentamentos Padre João
Maria Calchi, Dom Marcelo e João Pedro Teixeira, no município de
Mogeiro; e na área de reforma agrária Almir Muniz da Silva, em
Itabaiana. Os dois municípios estão na área geográfica de abrangência do
Semiárido brasileiro.
As técnicas de produção e armazenamento
de forragem – que assegura alimentação do rebanho e pode ser renda extra
– são disseminadas entre as famílias assentadas na região pelas equipes
da Cooperativa da Agricultura e Serviços Técnicos do Litoral Sul
Paraibano (Coasp). A entidade é contratada pelo Incra para prestar
serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) a 3.415 famílias
de 58 assentamentos nas regiões do Vale do Paraíba, Zona da Mata Norte e
Zona da Mata Sul.
Desde o ano passado, a Coasp vem
promovendo intercâmbios sobre produção de forragem e construção de silos
para as famílias assentadas que acompanha. Em novembro de 2014,
representantes dos 21 assentamentos da reforma agrária do Vale do
Paraíba participaram de um dia de campo no assentamento Novo Horizonte
para aprender a usar tecnologias alternativas que facilitam a
convivência com a estiagem, como a fabricação de defensivos naturais, a
implantação de canteiros econômicos, a construção de silos com sacos e a
produção de blocos de nutrientes para suplementação da alimentação
animal.
A mais recente atividade, um intercâmbio
sobre silagem realizado em 15 de setembro passado, também no
assentamento Novo Horizonte, reuniu cerca de 20 agricultores dos
projetos de reforma agrária Padre João Maria Calchi, Dom Marcelo e João
Pedro Teixeira, que viram na prática como é preparada a forragem e como
deve ser construído um silo.
Tecnologia acessível
O objetivo das atividades, segundo o
médico veterinário da Coasp Vanildo Alves Simões Filho, é disseminar as
técnicas de produção e armazenamento de forragem como experiências
bem-sucedidas na convivência com a seca. Ele explicou que Novo Horizonte
foi o assentamento escolhido para sediar os intercâmbios porque algumas
famílias de lá estão com as técnicas de produção de silagem bastante
desenvolvidas. Além de garantir a alimentação dos rebanhos, elas
enxergaram na comercialização de forragem para criadores da mesma
comunidade e criadores vizinhos uma fonte alternativa de renda – o que
vem ajudando no desenvolvimento produtivo, social e ambiental dos
agricultores assentados.
“O intercâmbio foi de grande importância
para os agricultores visitantes, pois perceberam que a produção de
silagem é uma das soluções para a atividade pecuária bem-sucedida, tendo
em vista que a seca existe todo ano e que as famílias sempre enfrentam
dificuldades neste período. O intercâmbio também mostrou para os
visitantes que as condições e as dificuldades para o emprego desta
tecnologia são as mesmas dos criadores da comunidade de Novo Horizonte”,
afirmou Simões Filho.
O veterinário explicou, ainda, que a
escolha de representantes dos assentamentos Padre João Maria Calchi, Dom
Marcelo e João Pedro Teixeira para participarem do mais recente
intercâmbio sobre silagem se deu em razão de possuírem grande potencial
para a criação de animais, que exige uma maior atenção às técnicas de
armazenamento de forragens. “As equipes da Coasp vinham percebendo essa
necessidade dos assentamentos durante os trabalhos de Ater que vêm sendo
realizados nas áreas”, disse Simões Filho.
Segundo o coordenador da Coasp, Rogério
Oliveira, as oficinas de produção de silagem em sacos, para alimentação
animal, mostram aos pequenos criadores que a tecnologia é acessível,
barata e de grande importância para a manutenção do rebanho em estiagens
prolongadas.
“Durante a estação chuvosa, onde há
forragem suficiente, principalmente das capineiras de capim elefante, é
feito o armazenamento em sacos, utilizando apenas a mão de obra da
família e com baixo custo de produção. Na época da estiagem, esse
alimento vai suprir a necessidade dos animais”, disse Oliveira.
Exemplo de Novo Horizonte
Com a produção e o armazenamento de
forragem, as famílias do assentamento Novo Horizonte também encontraram
uma forma de reduzir as perdas das plantações. Foi o que aconteceu este
ano. De acordo com Simões Filho, a safra de milho, prejudicada pela
irregularidade e baixa quantidade de chuvas, foi aproveitada para a
produção de forragem de boa qualidade, que ficará armazenada para
alimentação dos animais nos meses em que há escassez de forragem e terá
seu excedente comercializado entre os criadores das redondezas. “Segundo
alguns agricultores, de acordo com o cenário climático, é melhor
plantar milho e produzir silagem para comercializar do que apurar o
próprio milho”, disse o veterinário.
A produção de forragem na área de
reforma agrária chega, em alguns meses, a centenas de toneladas, como
aconteceu em setembro deste ano, quando foram feitos aproximadamente 30
silos de superfície, com cerca de 25 toneladas cada, ou seja, 750
toneladas de silagem produzidas e armazenadas.
O agricultor Antônio Pinheiro, do
assentamento Novo Horizonte, é um dos maiores conhecedores das técnicas
de silagem na região. Sua experiência serviu de referência para os
assentados que participaram dos intercâmbios na comunidade.
Recentemente, o assentado investiu cerca de R$ 12 mil na aquisição de
uma ensiladeira e na adaptação de um carro de boi para facilitar a
circulação do equipamento na comunidade. Os recursos próprios vieram da
comercialização de silagem e da venda de animais.
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