sexta-feira, 6 de junho de 2014

Silagem de milho exige cuidados especiais para boa nutrição animal


Armazenar alimento para o período da seca, quando a oferta de pastagem diminui, é fundamental para manter a qualidade da nutrição dos animais e a silagem de milho é a alternativa mais usada pelos produtores. O quadro Rebanho Gordo desta semana fala, no Jornal da Pecuária, sobre os principais cuidados na hora de produzir esse alimento.
No cerrado mineiro, no município de Nova Ponte (MG), tem uma fazenda que merece ser conhecida. O que se vê por lá é o resultado de 34 anos de trabalho de Odair Cenci, um gaúcho que veio para Minas Gerais produzir grãos e leite.
Nas duas propriedades da família são produzidos 11 mil litros de leite por dia. Para ter uma produção eficiente e sustentável, a família investiu mais de R$ 2 milhões na estrutura de free stall e em um sistema de tratamento e reaproveitamento do resíduo do confinamento das vacas. O sólido vira adubo para as lavouras e o líquido vai para o biodigestor onde será gerada energia pra movimentar a ordenha e os climatizadores.
Somente conforto térmico não faz as vacas produzirem tanto leite. Para isso, elas precisam, principalmente, de comida e é das lavouras da fazenda que sai grande parte do alimento do gado. A forrageira escolhida para servir como fonte de energia e de fibra é o milho, a mais tradicional das culturas utilizadas como silagem no Brasil. Isso porque apresenta boa fermentação, alto teor de matéria seca e é bem aceita pelos animais.
O plantio da lavoura de milho para silagem requer todos os cuidados que se tem com a plantação para produção de grãos. Precisa de análise de solo, correção, adubação, boa densidade de plantas por hectare, espigas cheias e volume de massa verde. Os técnicos recomendam que o milho para silagem seja plantado também na safra de verão, com o período chuvoso e com mais luminosidade. Mas muitos pecuaristas preferem trabalhar na safrinha, para fugir da chuva no momento de ensilar a comida. Odinei Cenci, filho do Odair, garante que mesmo fora da época recomendada, o rendimento da lavoura deles está sendo muito acima da média.
– Estamos aqui com uma média de 70 toneladas por hectare. Nós fizemos silagem de 125 hectares nessa propriedade, esse ano. Vai dar mais ou menos 8 mil toneladas de silagem – conta Odinei.
Com a parte agronômica bem conduzida, a colheita acontece, em média, 100 dias depois do plantio. A partir desse momento, a qualidade da silagem vai depender de acertos em mínimos detalhes. A colheita tem que acontecer no momento certo do grão, no caso do milho deve ter entre 33% e 37% de matéria seca, o que garante uma boa fermentação e alto teor de energia no alimento.
Segundo o médico veterinário Paulo Rodrigues, consultor em nutrição animal, o grão está no ponto certo para ser colhido quando a parte leitosa, que é a área mais branca, corresponde a aproximadamente um terço do total e estiver um pouco mais duro que o chamado ponto de pamonha. A janela de colheita é bem estreita, em torno de sete dias. Grãos muito moles têm menor valor nutritivo e aumentam o risco de apodrecimento do material. Por outro lado, grãos muito duros não ficam bem compactados, gerando uma silagem escura e pobre em nutrientes.
O tamanho do corte das partículas é outro detalhe importante a ser observado, porque pode interferir na compactação e na absorção dos nutrientes pelos animais. O recomendado, segundo o médico veterinário, é cortar as partículas com aproximadamente 12 milímetros, em pedaços uniformes. Esse tamanho pode variar um pouco de acordo com a estratégia da fazenda. (Canal Rural)

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