Saiba o que é Pegada hídrica e entenda como melhorar o uso na pecuária |
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Pegada
hídrica é a quantidade de água, direta e indiretamente, usada na produção de um
produto. A água está presente na calça jeans, no combustível, na carne, no
leite, no papel. O quanto desse recurso é preciso até o produto chegar ao
consumidor é um cálculo complexo, e o resultado, geralmente, alto. Conhecer o
valor da pegada pode colaborar para evitar o desperdício e melhorar a gestão da
água.
O Brasil tem cerca de 12% da água doce do planeta. No entanto sua distribuição é desigual e as principais reservas não estão localizadas onde se concentra grande parte da população. Um exemplo é que 68% da disponibilidade de água superficial está na Região Hidrográfica Amazônica, onde a concentração populacional é menor. "A falta de água traz uma conscientização imediata sobre a importância de usar de forma sustentável os recursos hídricos", afirma Albano de Araújo. Para ele, a preocupação com a água é inversamente proporcional à sua disponibilidade. Com os problemas de escassez vividos na atualidade, o assunto entra na pauta do governo e da sociedade.
Agricultores
e pecuaristas sofrem com a escassez, já que dependem de água para produção de
alimentos. No entanto, o manejo desse recurso ainda não faz parte da rotina
desses produtores e o uso intenso, sem gestão adequada, coloca em risco sua
disponibilidade em quantidade e qualidade e o futuro dos sistemas de
produção.
O agronegócio, apenas em 2013, gerou, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), um superávit de US$ 83 bilhões. As exportações de carne bovina em 2013 significaram US$ 6,6 bilhões de receita, alta de 13,9% em relação a 2012, de acordo com informações da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Para manter-se competitivo economicamente e ao mesmo tempo fazer com que a produção agropecuária seja socialmente justa e ambientalmente correta, é preciso que o produtor adote em suas rotinas produtivas conhecimentos, práticas e tecnologias que visem uma propriedade mais sustentável. O manejo hídrico é um dos gargalos. Segundo o pesquisador Julio Palhares, da Embrapa Pecuária Sudeste, as propriedades rurais ainda não têm controle significativo da água captada e consumida. "Houve evolução nos sistemas de produção e em suas práticas reprodutivas, nutricionais e sanitárias. Agora, o momento é de um novo salto - internalizar o manejo hídrico, ambiental e de resíduos. Educação e uma cultura hídrica são indispensáveis para que a água não seja uma ameaça ao desempenho e à sanidade das criações", explica Palhares. Para fazer o manejo hídrico da propriedade, é necessário conhecer os fluxos de água e o quanto é consumido. Mas como chegar a esses números? Embrapa, instituições de pesquisa e iniciativa privada estão, neste momento, calculando a pegada hídrica da carne e do leite. No caso da carne, por exemplo, o cálculo para conhecer a pegada hídrica leva em consideração toda a água usada no processo, desde a quantidade consumida na produção do alimento dado ao animal até a utilizada no abate. O cálculo da pegada que envolve a Embrapa e parceiros tem como base os sistemas de produção de carne em confinamento e de leite a pasto. O diferencial da pesquisa diante de cálculos já feitos é trabalhar com as realidades produtivas brasileiras. O resultado será a validação de práticas e tecnologias para reduzir o valor da pegada hídrica e, assim, melhorar a eficiência do uso da água. A média global para a produção de um quilo de carne bovina é de 15,5 mil litros de água. De acordo com Araújo, esse valor foi influenciado pela criação intensiva de gado nos países europeus, com alimentação à base de ração. No Brasil, a produção a pasto é predominante. O especialista da TNC acredita que o resultado da pegada hídrica no Brasil deve ser inferior à média global, levando em conta os métodos produtivos e as condições climáticas. Uma forma de diminuir o consumo em sua propriedade é o uso de práticas racionais. Uma delas, por exemplo, é a irrigação noturna. Outra foi a instalação do evaporímetro de Piche, que mede a evaporação da água, o que garante maior informação para a gestão. A reutilização da água da lavagem do laticínio e do local de ordenha na fertirrigação para adubação das pastagens também ajudou a garantir a economia e melhor aproveitamento dos recursos. Com o monitoramento constante, é possível economizar água e também dinheiro. O consumo é um indicador importante para a tomada de decisão na hora da gestão de modo a melhorar a eficiência da produção na fazenda. Para medir o consumo na propriedade e conhecer o custo da água, de forma simples e barata, o pesquisador Julio Palhares recomenda a instalação de hidrômetros. Ele alerta, entretanto, que "os equipamentos devem ser escolhidos de acordo com as características estruturais e hídricas de cada propriedade, o que requer consulta a um profissional habilitado". |
da redação do Nordeste Rural |
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