sábado, 14 de junho de 2014

Orientações para melhor aproveitar o silo na hora de abrir
O produtor que investiu na silagem como estratégia alimentar e que fez o silo bem feito, dentro dos padrões de manutenção da qualidade nutricional, vai descobrir na hora de abrir o silo um grande aliado para combater a falta de alimento nos períodos secos, quando as pastagens ficam escassas.

A silagem é o resultado da fermentação anaeróbica dos açúcares solúveis em água e sua conversão em ácido lático. É um alimento dinâmico, nunca estático, que piora, consideravelmente, em determinadas circunstâncias. Na época de abrir o silo e utilizar o volumoso para os bovinos é importante observar algumas precauções que são indispensáveis, para um bom aproveitamento do material.

"É muito comum o produtor se preocupar somente no momento de encher o silo. Ele fez a silagem e está tudo certo, mas não. A silagem é um material frágil, do momento em que é o silo é aberto até servi-la pode haver deterioração e precisamos ter certos cuidados para servir um alimento de qualidade, que não seja rejeitado pelos animais e que não tenha perdido o valor nutritivo", confirma Haroldo Pires de Queiroz, zootecnista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa.  

Haroldo elenca procedimentos a serem observados pelos produtores e seus colaboradores na hora de tirar a lona:

1 - Abrir o silo somente 30 dias após o fechamento. A silagem está pronta depois de completar o processo de fermentação, que leva em torno de três semanas e, por segurança, abre-se em um mês. Antes disso, ela apodrece. Ao se utilizar aditivo para acelerar, segue-se o tempo indicado no rótulo pelo fabricante. Um silo pode permanecer vedado por vários anos, desde que a fermentação esteja completa. 

2 - Retirar a silagem somente na hora de servir. Ao abrir o silo e expô-lo ao ar há uma explosão de microorganismos, havendo uma refermentação da massa ensilada perdendo o valor energético. O volumoso aquecido perde açúcar e também proteína e o material fica indigestível. 

3 - A fatia deve ser retirada diariamente, ter no mínimo 15 cm e corresponder a toda a face do silo, de um lado a outro, e o silo tem que ser projetado para facilitar a operação e considerar o número de animais a serem alimentados no dia. 

4 - Retirar a silagem de cima para baixo para evitar desmoronamento. Muitas vezes, o alimento é retirado de baixo para cima e o volume, além dos 15 cm que sair da proteção da massa ensilada, se não for consumido, está descartado pela excessiva exposição. 

5 - Proteger a abertura do sol e da chuva. O sol acelera o processo de respiração das bactérias e desidrata o volumoso perdendo a palatabilidade. A chuva lava os nutrientes solúveis, deixando somente fibra. A proteção não deve abafar, reverter o processo aeróbico. É cobrir, não lacrar. 

6 - Monitorar a matéria seca (MS) semanalmente. O investimento em silagem é alto e espera-se uma garantia no desempenho dos animais, seja em litros produzidos ou ganhos de peso por dia. A matéria seca determina a quantidade de massa que o animal pode consumir. Semanalmente, amostrar de oito a dez pontos da superfície do silo, homogeneizá-los somando 500 gramas e, em subamostras de 100 gramas, secar para se obter a porcentagem de MS, que pode variar entre 25% e 35%. A ingestão do animal é por quilo de matéria seca, de 1,5 a 3% do peso vivo, misturando silagem e ração.

7 - Ainda, a cada 20 dias, é realizado o monitoramento da proteína. O nível de proteína define o desempenho tanto para lactação quanto para produção de carne. A silagem flutua até 5% de proteína e é necessário esse acompanhamento. 

8 - Descartar material fora do padrão. Massa com cor alterada, escura ou esbranquiçada, mofada, encharcada e com odor adverso é dispensada para consumo. 

O analista da Embrapa Gado de Corte ressalta, por fim, que "o produtor deve retirar do silo só o que for servir, na hora. É normal retirar um volume de material e servi-lo no outro dia, próximo ao cocho. A silagem tem que ser retirada e consumida no dia. São itens comuns e, às vezes, esquecidos". 
da redação do Nordeste Rural

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