quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

El Niño

Condições para o El Niño estão presentes

Regiões mais a Leste é que registraram menor volume de precipitação

O início do mês de janeiro foi marcado por intensas e volumosas chuvas no Rio Grande do Sul, sobretudo nas regiões da Fronteira Oeste e Campanha. Esse excesso de chuvas teve influência do aquecimento no Oceano Pacífico, mas, principalmente, ocorreu devido à um sistema de bloqueio atmosférico, que fez com que toda a umidade e condições para altos volumes de precipitação ficassem retidos entre o Oeste gaúcho e partes do Uruguai e Argentina. Com isso, os volumes de precipitação superaram, e muito, a média climatológica do mês (Imagem 1C). Uruguaiana, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), registrou 656,2 milímetros (mm), sendo que o valor médio para janeiro é de 116,5 mm, ou seja, choveu 5,6 vezes o volume normal para o mês.

Durante o primeiro mês do ano, apesar de os mapas apresentarem volumes diferentes de precipitação durante a 1ª e 2ª quinzena, os acumulados foram elevados durante o janeiro inteiro na metade Oeste do estado. As regiões mais a Leste é que registraram menor volume de precipitação, com muitas lavouras de soja apresentando estresses devido à falta de umidade no solo.
Além dos altos acumulados de precipitação, outro fator importante é o que diz respeito à radiação solar, que ficou abaixo da média no estado. Janeiro é um mês importante para as lavouras de arroz que estão em estágio reprodutivo, já que é o período em que a planta mais demanda por radiação solar. Baixos índices de radiação solar reduzem o potencial produtivo das lavouras.Situação atual do fenômeno ENOS (El Niño-Oscilação Sul) e perspectivas.

Embora o aquecimento no Oceano Pacífico Equatorial não tenha acontecido de forma continua, já se tem três trimestres consecutivos com anomalias superiores a 0,5°C. Além disso, no decorrer de janeiro, finalmente as componentes atmosféricas acoplaram com as oceânicas e, assim, a NOAA (NationalOceanicandAtmosphericAdministration) confirmou que as condições para o El Niño estão, agora, presentes. Só para lembrar, para que um evento El Niño ou La Niña se estabeleça é necessário que haja esse acoplamento das componentes atmosféricas e oceânicas, ou seja, mudanças nos padrões de ventos e pressão atmosférica e no padrão da temperatura da superfície do mar no Pacífico, respectivamente.
A expectativa é de que o aquecimento persista até o outono, com a atmosfera voltando à Neutralidade logo em seguida. Isto acontece porque as águas do Oceano Pacífico deverão continuar com viés positivo, mas insuficientes para sustentar o El Niño por mais tempo. Com isso, espera-se que este El Niño seja de curta duração e fraca intensidade. 

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