Variedade de mandioca resistente a praga
O desenvolvimento da mandioca BRS Formosa, naturalmente resistente à bacteriose, uma praga que assola a cultura, foi a grande saída para os produtores do polo de produção de mandioca, na mesorregião do Centro-Sul da Bahia. Uma área considerada grande produtora da cultura. Além de melhorar a capacidade produtiva, ainda provocou a dispensa do uso de químicos na lavoura para o tratamento da doença. A avaliação é da equipe de pesquisadores da Embrapa Mandioca e Fruticultura, na Bahia, que desenvolveram a BRS Formosa.Em 1997, as estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registraram um dos piores índices de produção e produtividade da mandioca na mesorregião de Guanambi , na Bahia, desde o início da década devido à incidência da bacteriose, doença causada pela bactéria Xanthomonas campestris pv. Manihotis, que até hoje não possui controle químico. A trajetória da doença em Guanambi e nos municípios vizinhos chegou ao fim, com o lançamento da BRS Formosa, variedade de uso industrial resistente à bacteriose. O trabalho de pesquisa foi capitaneado pela equipe da engenheira-agrônoma Wania Fukuda, hoje aposentada, à época pesquisadora e coordenadora do Programa de Melhoramento Genético da Mandioca da Embrapa.
“Associar a resistência a uma doença séria como bacteriose à resistência à seca não é fácil. Você tem realmente que trabalhar em parceria. Já existiam muitas fontes de resistência à bacteriose, mas no Sul do País, com um clima totalmente diferente. A Embrapa Cerrados (DF) nos enviou variedades resistentes obtidas de cruzamentos. A gente tinha a fonte de resistência, mas estava faltando a resistência à seca”, recorda.
A doença havia encontrado na região todas as condições ideais para o seu pleno desenvolvimento, em especial a variação brusca de temperatura entre o dia e a noite – com amplitude diária de temperatura superior a 10ºC durante um período maior que cinco dias. Como a bacteriose acomete folhas e hastes da planta, levando-a à morte, a perda de material propagativo (manivas) das cultivares locais suscetíveis inviabilizou a renovação dos plantios e a expansão de novas áreas. “As perdas de produção variavam de 10% a 100%, dependendo da severidade do ataque, do grau de suscetibilidade, do ciclo das cultivares locais, das condições climáticas do município e do sistema de produção em uso”, informa o pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) Clóvis Oliveira de Almeida, líder do projeto “Impacto da pesquisa participativa do melhoramento genético da mandioca no bioma caatinga”, vigente de 2013 a 2015.
Ganhos efetivos de produtividade, melhoria na qualidade de farinha e no teor de amido e redução no tempo de colheita são as principais características relatadas por quem adotou a cultivar BRS Formosa. Como a semente é naturalmente resistente, não há necessidade de produtos químicos para controlar a bacteriose. Como consequência, aconteceram melhorias ambientais nas condições de cultivo da mandioca na região, especialmente nos municípios de Caetité e Guanambi, e em relação ao uso do solo e de pesticidas.
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