terça-feira, 30 de agosto de 2016

Água Doce chega aos moradores de Aningas


Jorge Henrique
Comunidade recebe sistema
Em algumas áreas do semiárido, como nessa comunidade sergipana, a água costuma apresentar quase a metade da salinização da água do mar.

ELIANA LUCENA
As 120 famílias do povoado de Aningas, em Sergipe, município Nossa Senhora da Glória, a partir de agora terão água dessalinizada, levada pelo Programa Água Doce, uma ação do Ministério do Meio Ambiente na região do semiárido. O ministro Sarney Filho já anunciou que o programa será expandido a outras localidades que enfrentam, além dos efeitos da seca, a presença de água salinizada em poços e açudes.
Em meio à grande expectativa da população de Aningas sobre o programa Água Doce, o secretário de Recursos Hídricos do MMA, Ricardo Soavinski, afirmou na sexta-feira (26/08), ao inaugurar as instalações do dessalinizador, que a primeira fase do programa está beneficiando 1.988 famílias em dez estados: Sergipe, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia, Maranhão, Minhas Gerais, Pernambuco e Piauí.
“A meta do governo é instalar, em todo o semiárido, 1,2 mil dessalinizadores”, anunciou o secretário. Cada sistema custa em torno de R$100 mil. Ele também ressaltou que o MMA quer incluir a educação ambiental nas ações do programa e que discute o uso de energia solar, entre outras iniciativas.
O evento realizado na praça do povoado contou com as presenças do secretário de Meio Ambiente de Sergipe, Olivier Ferreira das Chagas, parceiro do programa; do coordenador Nacional do Programa Água Doce (PAD), Renato Saraiva Ferreira; e da coordenadora estadual, Patrícia Prado Cabral de Souza, entre outras autoridades.
As crianças da Escola Municipal Deputado Euvaldo Diniz, depois de muita expectativa, provaram pela primeira vez a água dessalinizada. Todas aprovaram o gosto e a aparência da água, potável e translúcida.

A diretora da escola municipal, com 220 alunos, Maria José Ilma, comemorou a chegada da água doce. “Desde o início do ano não chovia aqui, por isso, a rotina é terrível para toda a comunidade, que é obrigada a comprar a água de caminhões pipa, já que a prefeitura não consegue atender à demanda”, explicou.

O coordenador do Água Doce, Renato Saraiva Ferreira, defendeu a importância do programa, ao explicar que a água encontrada em poços, como é o caso de Aningas, tem quase a metade da salinidade da água do mar.
SEDE DO GADO
Morador do povoado Fortaleza, o próximo a ser atendido pelo programa, José Bernardo Correia falou das dificuldades, citando o sofrimento do gado. “Sem chuva e com o preço cobrado pelos carros-pipa, o jeito é oferecer a água do poço ou açude. O gado chega, cheira e vai embora. Fica até cinco dias sem beber e só então aceita a água salgada”, lamenta.
Pai de um menino de 1 ano, Gilmar Nunes contou que o povoado costuma ficar de sete a oito meses sem água a cada ano. “O calor seca o açude rapidamente, e com esta seca prolongada no Nordeste somos obrigados a pagar de R$ 50 a R$ 100, dependendo do local de onde a água é trazida pelos caminhões”, contou. Gilmar também se queixa da qualidade duvidosa da água, já que são freqüentes os casos de doenças que causam diarréia e vômito.
O acordo que cada comunidade firma com o programa Água Doce estabelece o fornecimento de 40 litros diários de água a cada família. Ao mesmo tempo, as famílias são orientadas a utilizar a água, preferencialmente, para beber, cozinhar, escovar os dentes e dar banho em recém-nascidos.
As famílias do município Aningas contribuirão com um valor de R$ 10 por mês, sendo R$ 5 para o fundo de reserva e R$ 5 para o operador do sistema. Os recursos arrecadados ficam sob a responsabilidade de três membros do grupo gestor escolhido pela comunidade. Em outras comunidades mais carentes, o programa assume os custos de manutenção.
USO SUSTENTÁVEL
O secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do MMA, Ricardo Soavinski (segundo à esquerda),  pediu à comunidade de Aningas o compromisso de cuidar do equipamento e a seguir as orientações que foram passadas a quatro pessoas do povoado. Elas ficarão responsáveis pela operação e manutenção do dessalinizador. “Precisamos ampliar os programas que promovam o uso sustentável da água”, defendeu.
Soavinski também destacou a importância do programa para a Política Nacional sobre Mudança do Clima. “Por reduzir as vulnerabilidades no que diz respeito ao acesso à água, o Programa Água Doce é considerado uma medida de adaptação às mudanças climáticas causadas pelo aquecimento da terra”, disse.
Estudos mostram, segundo citou, que a variabilidade climática na região poderá aumentar, com a ocorrência de estiagens mais severas.  

Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA): 

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