Investir em caprinos e ovinos é saída para os produtores nordestinos do semiárido
O Semiárido brasileiro é uma das regiões mais afetadas pelas mudanças climáticas. Investir na sustentabilidade da produção de caprinos e ovinos, mesmo com a boa adaptação, dependerá da adoção de métodos que reduzam os impactos do aquecimento global, com aproveitamento da biodiversidade e dos recursos hídricos, inclusive por conta da perspectiva de déficit hídrico progressivo na região. Esse quadro gera novas demandas para pesquisa, como o melhoramento genético de raças adaptadas, recuperação de solos degradados, melhoramento de espécies vegetais para alimentação e eficiência alimentar, áreas em que a Embrapa tem investido em pesquisas voltadas para minimizar ou se antecipar a consequências das mudanças climáticas.Segundo o médico veterinário Olivardo Facó, pesquisador da área de Melhoramento Genético Animal da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE), a melhor adaptação de caprinos e ovinos a regiões áridas ou semiáridas é um fenômeno global: “em geral, essas espécies, por terem menor porte, apresentam também menor exigência para se manter em ambientes extremos”. Facó alerta, porém, que as comparações com outras espécies não podem ser generalizadas, pois dentro mesmo de cada uma delas há especificidades. “Há bovinos muito bem adaptados ao Semiárido, como os chamados curraleiros pé-duros. Um animal como esse vai ter uma melhor adaptação do que um caprino ou ovino de origem europeia, por exemplo. Entre os pequenos ruminantes mesmo, há diferenças marcantes”, ressalta ele.
Para Facó, os fatores importantes que devem ser observados são as repercussões que as mudanças climáticas trarão para a produção pecuária. “Já se percebe um quadro de elevação da temperatura global e de instabilidades climáticas. Uma consequência disso são as secas se agravando e surgindo em regiões onde não havia esse cenário. Em uma situação como essa, a busca por espécies de animais capazes de se manter viáveis, resilientes a oscilações de temperatura será muito importante”, explica.
Segundo relato de pesquisadores da Embrapa, no município de Irauçuba, um dos mais atingidos pela desertificação no Ceará, o produtor Francisco de Assis Sousa mantém um plantel de 30 ovinos, que ele assegura ser boa aposta para o contexto local, principalmente após três anos de chuvas irregulares na Zona Norte do estado – realidade também em diversas outras regiões do Semiárido brasileiro neste período. “Aqui é melhor que bovino. O ovino produz comendo e bebendo menos. Um bovino usa mais ração que mais de cinco ovinos juntos. Onde se cria dez vacas, dá para criar 50 ovelhas”, afirma o produtor que trabalha na Fazenda Aroeira. Características como essas tornam esses animais interessantes em regiões que sofrem com clima árido. Pesquisas buscam adaptar a criação aos desafios das mudanças climáticas.
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