Cruzamento de cabras nativas com reprodutores puros dá mais valor ao rebanho
O nordeste tem o correspondente a 93% dos rebanhos caprinos no país, cerca de 8,8 milhões de cabeças. A atividade é importante fator de valorização do pequeno produtor rural pois oferece mais renda e mais emprego no semiárido nacional. Segundo dados da Embrapa Caprinos e Ovinos, em Sobral, no Ceará, a produção de caprinos em sua maioria, é constituída por animais Sem Raça Definida (SRD), que adquiriram rusticidade e adaptabilidade ao longo do tempo, porém, perderam a produtividade quando comparados aos animais exóticos introduzidos no país por criadores de caprinos.Por isso, os pesquisadores da Embrapa defendem a importância das cabras mestiças para produção de carne ou leite no semiárido nordestino. É o caso do pesquisador da Embrapa Caprinos, Raimundo Nonato Lobo, que revela que o rebanho nativo ou SRD pode ser usado em cruzamentos com raças importadas de linhagem mais pura.
Como resultado, nascem animais meio sangue, rústicos e que não apresentam problemas de adaptação à região. Além disso, são mais produtivos do que aqueles de raça mais pura. Para a produção de carne, por exemplo, o criador pode cruzar fêmeas SRD com machos de raças de origem européia ou africana e obter um animal mestiço mais vigoroso, com maior produtividade e qualidade de carne. Esse tipo de cruzamento tem por finalidade a produção industrial, ou seja, os animais não podem ser usados como reprodutores, somente para o abate.
Já o cruzamento de caprinos para a produção de leite exige mais cuidados por parte do produtor. Primeiro, o produtor deve escolher fêmeas nativas ou SRD que tenham uma produção razoável de leite. Depois, ele deve acasalar essas fêmeas com reprodutores, por exemplo, das raças Saanen, Pardo Alpina, Toggemburg e Anglo-nubiana, linhagem leiteira. Os animais meio sangue, nascidos desses cruzamentos possuem maior especialidade produtiva, ainda com certa rusticidade e adaptabilidade ao meio ambiente hostil do semiarido nordestino.
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