quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Sete bilhões de Pessoas-Revista o Berro

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Sete bilhões de pessoas não são o problema

- 13/12/2011

O mundo divulgou, assustado, que o a população havia atingido 7 bilhões de pessoas. O susto foi grande, pois o planeta levou 4 bilhões de anos para chegar ao primeiro bilhão de humanos e, depois, gastou 123 anos para chegar a 2 bilhões. Agora, conseguiu crescer mais 1 bilhão em apenas 11 anos! Já há gente falando em 10, ou 15 bilhões de pessoas e perguntando: “como vamos alimentar tanta gente”?
A conta aritmética, porém, é outra. Os 7 bilhões de pessoas não poluem, nem devastam o planeta. Apenas 7% dos habitantes, cerca de 500 milhões de pessoas, lançam 50% do carbono na atmosfera. Ou seja, 500 milhões estragam tanto quanto os outros 6,5 bilhões! Estes 500 milhões querem ter vários automóveis, casas, piscina, ar-condicionado, geladeiras, alimentos industrializados, etc. e são os grandes vilões da história. A empresa britânica Trucost divulgou um relatório mostrando que apenas 3.000 empresas causam 2,15 trilhões de dólares em danos ambientais. Os 7 bilhões, portanto, não são o problema.
Enquanto isso, as televisões são pagas para dizer que é o excesso de pes­soas! Mentira! O problema não é o aumento de pessoas, mas sim a melhoria de vida das pessoas que, naturalmente, ficam viciadas no progresso e querem cada vez mais. Ninguém quer voltar à geladeira antiga, aos fornos antigos, casas antigas sem ar-condicionado, sem ventiladores, sem piscinas.
As fábricas querem crescer cada vez mais, a Internet e a televisão introduzem cada vez mais pessoas no rol dos felizardos gastadores. Uma pessoa de luxo mediano gasta mais que 100 pessoas comuns, em média, e um rico, de verdade, gasta mais que 100.000 pessoas comuns. Essa é a questão real que deveria ser divulgada, mas não é.
O problema está na concentração da riqueza para atender poucos habitantes do planeta, enquanto a maioria restante leva uma vida comum. A pregação gongórica de sociólogos, economistas e certas autoridades é para forçar uma “redução da natalidade”, quando na realidade deveria buscar uma “redução da desigualdade”. Já está provado: ao melhorar de vida, as famílias desejam menos filhos! Até os mais pobres! A melhoria de vida, então, com “dignidade e justiça”, é o caminho mais indicado para todos.
Os governos, ao prestigiarem o desenvolvimento urbano, concentrando pessoas para manipular o consumo, cometeram o crime de concentrar a riqueza nas mãos de poucos. Embora o discurso seja de desconcentração da riqueza, o que se vê, sempre, é o oposto, formando ilhas de privilegiados: cidades, regiões e países. Os mais ricos dominam os mais pobres, em todos os aspectos, geralmente a partir dos benefícios de políticas públicas. Ou seja, o imposto arrecadado de todos acaba privilegiando poucos ricos.

 

Se houvesse coerência no discurso governamental, então os produtos rurais - principalmente os alimentícios - seriam praticamente isentos de tributação, pois eles garantem empregos para pessoas simples e uma consequente melhoria de vida, sem concentração de renda. A política, no entanto, sempre forçou o êxodo rural, e assim continua sendo. O resultado é que o Brasil está com apenas 19% de pessoas no campo e caminha para 5%. O discurso, portanto, precisaria ser modificado.

u Cabras e ovelhas - O setor dos pequenos ruminantes é um bom exemplo. São milhares de propriedades que poderiam gerar empregos e uma vida digna e justa, no Nordeste. Outras milhares no Rio Grande do Sul e centenas de milhares por todo país, mas essa realidade ainda não mereceu o olhar dos economistas de plantão no Governo, que enaltecem apenas as atividades concentradoras de renda.
Nesta edição há um estudo abrangente sobre o Semiárido que poderia mudar sua realidade atual para muito melhor, bastando assumir sua grande potencialidade: cabras e ovelhas, as quais poderiam ser o fundamento para a geração de outras fontes de rendimento local. O mesmo vale para o Rio Grande do Sul e outras regiões. Ou seja, produtos sem o glamour da mídia, como caprinos e ovinos, mas que levam dignidade a milhões de pessoas e que as mantêm no campo seriam uma boa diretriz. Se os governos assumissem a realidade das pessoas simples, nos locais simples onde vivem, não haveria susto com a notícia de 7 bilhões de pessoas no planeta.
Afinal, o Brasil tem capacidade de ampliar a produção rural, podendo triplicar a produção agrícola e dobrar a produção pecuária até 2050, sem derrubar uma única árvore, bastando utilizar inovações tecnológicas, segundo estudos da CNA. Afinal, todo homem simples quer uma geladeira para preservar o seu feijão, valendo R$ 300, mas não uma que chega a R$ 2.000 por conta de dispositivos sofisticados. Primeiro: fazer o dever de casa, garantindo acesso a produtos baratos e funcionais.
Prestigie-se o homem simples do campo, prestigie-se o seu produto, e deixe a população aumentar, com certeza de felicidade para todos. É preciso orientar as políticas públicas para o setor rural que enche a barriga das pessoas, garante saúde e bem-estar, sem poluir o planeta.
Um bom começo de mostrar essa nova boa intenção governamental seria prestigiar a vocação do sertanejo nordestino: cabras e ovelhas para um radiante futuro regional.

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