sábado, 10 de setembro de 2011

Sobre a Febre Aftosa


Febre Aftosa

ETIOLOGIA
Classificação do agente etiológico
Vírus da família Picornaviridae, gênero Aphthovirus.
Sete sorotipos imunologicamente distintos: A, O, C, SAT1, SAT2, SAT3, Asia1
Resistência a agentes físicos e químicos
Temperatura: 
Preservado por refrigeração e congelamento e progressivamente inativado por temperaturas superiores a 50°C
pH: 
Inativado a pH <6,0 ou >9,0
Desinfetantes: 
Inativado por hidróxido de sódio (2%), carbonato de sódio (4%), e ácido cítrico (0,2%). Resistente aos iodóforos, aos compostos quaternários de amônio, hipoclorito e fenol, especialmente na presença de matéria orgânica
Sobrevivência: 
Sobrevive nos gânglios linfáticos e na medula óssea com pH neutro, mas se destrói nos músculos a pH <6,0, ou seja depois do rigor mortis. Pode persistir em forragem contaminada e no meio ambiente até um mês, dependendo da temperatura e do pH
EPIDEMIOLOGIA
• Uma das enfermidades animais mais contagiosas, que causa importantes perdas econômicas
• Baixa taxa de mortalidade em animais adultos, mas é freqüente uma alta mortalidade nos jovens devido à miocardite
Espécies Susceptíveis
• Bovídeos (bovinos, búfalos, yaks, ovinos, caprinos) suínos, todos os ruminantes selvagens e suídeos. Os camelídeos (camelos, dromedários, lhamas, vicunhas) apresentam baixa suscetibilidade.
Transmissão
• Contato direto ou indireto (infecção por gotículas)
• Vetores animados (humanos, etc.)
•  Objetos (veículos, artefatos)
• Virus aerotransportado, especialmente em zonas temperadas (até 60 km sobre a terra e 300 km sobre o mar)
Fontes de virus
• Animais em período de incubação e clinicamente afetados
• Ar expirado, saliva, fezes e urina; leite e sêmen (até 4 dias antes dos sintomas clínicos)
• Carne e produtos derivados em que o pH se manteve acima de 6,0
• Portadores: em particular os bovinos e o búfalo aquático; animais convalescentes e vacinados expostos (o vírus persiste na orofaringe até 30 meses nos bovinos ou mais tempo no búfalo, 9 meses nos ovinos). O búfalo do Cabo africano é o principal hospedeiro de manutenção de sorotipos SAT
Distribuição geográfica
A febre aftosa é endêmica em partes da Ásia, África, do Oriente Médio e América do Sul (focos esporádicos em zonas livres da doença)
Para mais informações sobre a distribuição geográfica ver os últimos números de Sanidad Animal Mundial y el Boletím da OIE.
DIAGNÓSTICO
O período de incubação é de 2-14 dias
Diagnóstico clínico
Bovinos
• Pirexia, anorexia, calafrios, redução da produção de leite durante 2-3 dias, além de:
 - estalar de lábios, ranger de dentes, baba, coceira, sapatear ou escoicear: causados pelas vesículas (aftas) nas membranas das mucosas bucais e nasais e/ ou entre as unhas e a faixa coronária
 - depois de 24 horas: ruptura das vesículas, que leva a erosões
 - também podem aparecer vesículas nas glândulas mamárias
• A recuperação pode se fazer em um prazo de 8-15 dias
• Complicações: erosões da língua, infecção secundária das lesões, deformação dos cascos, mastite e diminuição permanente da produção de leite, miocardite, aborto, morte de animais jovens, perda de peso permanente, perda do controle térmico
Ovinos e caprinos
• As lesões são menos pronunciadas. As lesões nos pés podem passar despercebidas. Lesões nas almofadas dentárias dos ovinos. A agalaxia é característica em ovinos e caprinos leiteiros. Morte dos animais jovens
Suínos
• Podem desenvolver graves lesões nos pés, sobretudo quando se encontram em locais de concreto. É freqüente uma alta mortalidade nos leitões.
Lesões
• Vesículas ou ampolas na língua, almofadas dentárias, gengivas, bochechas, parte dura e mole do palato, lábios, narinas, focinho, faixas coronárias, tetos, úbere, focinho dos suídeos, córion dos esporões e espaços interdigitais
• Lesões post-mortem nos pilares do rúmen, no miocárdio, particularmente nos animais jovens (coração tigrado)
Diagnóstico diferencial
Clinicamente indistinguível:
• Estomatite vesicular
• Enfermidade vesicular do suíno
• Exantema vesicular do suíno
Outros diagnósticos diferenciais:
• Peste bovina
• Doença das mucosas
• Rinotraqueíte infecciosa bovina
• Língua azul
• Mamilite bovina
• Estomatite vesicular bovina
• Diarréia viral bovina
Diagnóstico de laboratório
Identificação do agente
• ELISA
• Prova de Fixação do Complemento
• Isolamento do vírus: inoculação de células primárias da tireóide de bovinos e células primárias renais de suínos, bezerros e cordeiros; inoculação de linhas celulares BHK-21 e IB-RS-2; inoculação em camundongos
Provas sorológicas
  • ELISA
               Prova de neutralização viral
(provas prescritas no Manual)

Amostras
• 1 g de tecido de uma vesícula intacta ou recentemente aberta. Colocar as amostras epiteliais em um meio de transporte que mantenha um pH de 7,2-7,4 e conservá-las frias.
• Líquido esofagofaríngeo coletado mediante uma sonda esofágica
Congelar as amostras da sonda esofágica abaixo de -40°C imediatamente depois de sua colheita
NB!!
Requerem-se precauções especiais ao enviar material perecível presumivelmente infectado por febre aftosa dentro dos países e entre eles.
PREVENÇÃO E PROFILAXIA
Profilaxia sanitária
• Proteção de zonas livres mediante controle e vigilância dos deslocamentos de animais nas fronteiras
• Vacina com vírus inativados que contém um adjuvante
• Sacrifício de animais infectados, recuperados e de animais susceptíveis que entraram em contato com indivíduos infectados
• Desinfecção dos locais e de todo o material infectado (artefatos, veículos, roupas, etc.)
• Destruição dos cadáveres, dos resíduos e dos produtos de animais susceptíveis na zona infectada
• Medidas de quarentena
Fonte: OIE

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