quinta-feira, 23 de junho de 2022

 

Você sabia que existe a Soja preta para plantio e consumo humano

   

Todos conhecem a soja comum, cujos grãos têm cor bege. Mas, na verdade, existem tipos de soja de cores e formas variadas e, também, com características bem específicas. A informação é dos especialistas Décio Luiz Gazzoni e Miguel Alves Pereira Jr. Em 2019 a Embrapa, em parceria com a EPAMIG e a Fundação Triângulo, lançou uma cultivar de soja preta conhecida pelo nome BRSMG 715A. O objetivo primordial do desenvolvimento dessa cultivar foi o de oferecer uma alternativa para ampliar a adoção da soja na alimentação humana, mantendo o seu potencial produtivo na lavoura.

São diversas características que diferenciam a soja preta das cultivares comerciais, além da cor. A primeira delas é o teor mais elevado de proteína, o que a torna mais nutritiva. A segunda é a maior facilidade de cozimento. A terceira é o sabor agradável, de acordo com os testes efetuados. A quarta é a maior proporção de ácidos graxos monoinsaturados, o que lhes confere maior estabilidade oxidativa. E a quinta é ser rica em antocianinas (que conferem a cor preta), as quais são antioxidantes naturais. O fato de essa cultivar haver sido desenvolvida com coloração preta não foi por acaso, vez que a estratégia subjacente é utiliza-la como sucedâneo parcial ou total do feijão preto na brasileiríssima feijoada.

No primeiro ano de cultivo o objetivo foi produzir sementes para as novas safras, enquanto se perscrutava o mercado. O mais promissor até agora é o do Oriente, em especial da Coreia do Sul, que tem demonstrado interesse, por conta de hábitos milenares dos povos asiáticos no uso de soja na produção de alimentos, aliado às características de alimento funcional dessa cultivar de soja.

O consumo de soja preta é comum na Ásia, onde é consumida como alimento saudável e usada na medicina popular há séculos, sendo rica em proteínas, lipídios, minerais e isoflavonas. No entanto, o que a diferencia são os pigmentos pretos no tegumento da semente, constituídos por polifenóis como antocianidinas e flavonoides, que contribuem para a capacidade antioxidante da soja preta.

Um estudo demonstrou que o consumo de soja preta (35% da dieta), por 10 semanas, em ratas ovariectomizadas, aumentou a atividade antioxidante, inibindo o estresse oxidativo e melhorando os perfis lipídicos, resultando na redução dos fatores de risco associados às doenças cardiovasculares (DCV). Esse artigo pode ser acessado em http://bitly.ws/qz8z. Outro estudo com cobaiais demonstrou que a administração oral de extrato de soja preta em ratos, a 50 e 100 mg/kg de peso corporal, durante 14 dias, reduziu o risco de DCV ao melhorar a circulação sanguínea através da inibição da agregação plaquetária e de formação de trombos.

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