sábado, 20 de outubro de 2012

Pecuarista pede o retorno de perfuratrizes no campo


Criador de gado leiteiro em São José do Campestre, na microrregião da Borborema Potiguar, o médico cardiologista e empresário João Maria Marinho, já perdeu 25% de seu rebanho de fome e de sede desde o começo do ano. Hoje, com 80 cabeças, criadas em 500 hectares, Joca, como é mais conhecido, amanheceu este sábado com um ponto de interrogação na cabeça: “Onde estão as perfuratrizes do governo do Estado?”.
Conhecido em Natal e na região de São José do Campestre, município com mais de 12 mil habitantes, desde que começou a criar gado de leite, o professor Joca não atravessava dias tão difíceis. Depois de esgotar o capim de pisoteio, o estoque de palmas e de mandacaru, ele já começa a queimar facheiro para servir aos animais.
O milho da Companhia Nacional de Abastecimento é disputado pelos produtores, que tiveram suas cotas de retirada diminuídas como forma de racionar o produto que vem do Mato Grosso. A cota de Joca, por exemplo, de 67 sacos para 50 sacos. Para ter acesso a ele, o médico leva até dois dias – um para obter a guia de pagamento e outro para retirar o produto. No caso dele, o armazém da Conab mais próximo é o de Natal, a 110 quilômetros de São José do Campestre.
Com resultado disso tudo, a produção do empresário despencou de 500 litros diários para 150. Estes, ele repassa a R$ 0,85 o litro para um atravessador que, por sua vez, entrega na usinas. “E dinheiro, que é bom, demora a sair”, observa.
Hoje, o professor Joca entrou em contato com este jornal para perguntar: “Já não passou da hora do governo estadual por para funcionar as perfuratrizes que eu sei que existem e que o ex-governador Iberê Ferreira já usava?”.
Ele reconhece que a qualidade da água pode não ser das melhores nesse tipo de extração, mas  seria uma alternativa de impedir a mortandade do rebanho. “O Estado tem levantamentos geológicos para orientar as perfurações e a situação já é desesperadora demais para não se usar esse recurso”, acrescenta.
O professor Joca, embora privilegiado por manter outros negócios, é um entre centenas de produtores que todos os dias se deparam com carcaças de animais mortos em suas propriedades.
Neste sábado, este jornal não conseguiu retorno das ligações ao secretário Betinho Rosado, da Agricultura, e seu adjunto, José Simplício Holanda, para comentar a sugestão do produtor João Maria Marinho de colocar as perfuratrizes do Estado em ação. (MH)

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