recursos produtivos, tornar viável e agilizar a sua adoção por um número maior de comunidades e por famílias de agricultores, individualmente.
Nos atuais sistemas, a produção agrícola a partir do aproveitamento de efluentes da dessalinização de águas subterrâneas é possível com o poço de vazão mínima de 3000 m3 por hora. Assim se abastece dois viveiros de 330m³, para criação de peixes Tilápia Tailandesa, e um reservatório da mesma dimensão, para irrigar 1 ha de erva sal, uma planta de boa qualidade forrageira.
Alternativas
Com os resultados que estão sendo obtidos nos 12 planos de ação do projeto “Ações de Pesquisa, Desenvolvimento e Transferência de Tecnologias de Convivência com o Semiáriado para o Fortalecimento das Unidades Produtivas do Programa Água Doce”, iniciado em 2010, os pesquisadores já percebem possibilidades mais baratas de implantação do
sistema em comunidades do Semiárido.
Para baratear o cultivo de peixes e beneficiar localidades onde a oferta de água subterrânea é menor que os 3000 m3 , a pesquisadora Luciana
Seki Dias, da Universidade Federal de São Carlos, estuda o crescimento de tilápias em viveiros que comportam até 16 mil litros de água (16 m3 ). Assim, ao invés de tanques com grandes dimensões, pode-se trabalhar com esses menores, que uma família poderia instalar dois, outra família poderia ter três viveiros e produzirem os seus próprios peixes, explica Dias.
A diversificação de cultivo de peixes em Unidades do Programa Água Doce, também pode ser uma boa estratégia para flexibilizar o modelo de produção agropecuário biossalino. Para tanto, Daniela Campeche, pesquisadora da Embrapa Semiárido, vai acompanhar o desenvolvimento das espécies tambaqui, carpa comum e curimatã nos viveiros com efluentes de dessalinzadores.
“A importância da diversificação de espécies para cultivo em água salobra está em oferecer uma maior oportunidade de escolhas para as comunidades, uma vez que o cultivo de uma única espécie pode gerar
problemas como a falta de alevinos no mercado e a preferência diversificada por parte dos consumidores”, justifica Daniela.
Inovações
Outra inovação em estudo no projeto da Embrapa é a
eficiência de biofiltros para serem usados na renovação da água utilizada na piscicultura. Atualmente, nos tanques de 330 m3 , o manejo do efluente para manter os níveis de oxigênio necessários aos peixes
requer que 9.900 litros – 10% do total – sejam trocados todos os dias.
Os biofiltros são compostos por pequenas caixas d´água de 500 litros preenchidas com britas e algumas plantas. “Com esses filtros as comunidades vão poder economizar a água do poço artesiano”, prevê o
pesquisador Luiz Carlos Hermes, da Embrapa Meio Ambiente.
Hermes também explica que mais espécies forrageiras estão submetidas ao cultivo nas mesmas condições que a erva sal, sob irrigação do efluente
com elevados teores de sais. Com o projeto estão em fase de avaliação o desempenho de palma, guandu, glirícidia, leucena e melancia de cavalo.
Além da produção de matéria seca, os pesquisadores medem também a capacidade dessas espécies de absorver o sódio que o efluente descarrega
no solo ao ser usado na irrigação das plantas. No caso da erva sal, além da produtividade que podem alcançar até 15 t/ha, ela ainda é capaz de retirar, em média, 10% de sódio do solo. E esses números ainda podem
melhorar.
Um método simples e barato, usado de forma experimental, aumentou a biomassa da planta e sua capacidade de absorver sais. Trata-se do gesso
agrícola, que o biólogo Eduardo Vasconcellos aplicou em um hectare com erva sal. Resultado: a planta ganhou 33,4% a mais de biomassa, e retirou
34,86% de sal do solo. Vasconcellos integra equipe que realiza pesquisas e ações de transferência de tecnologias do modelo agropecuário biossalino.
Em 2012, mais duas comunidades receberão o sistema de produção. O sucesso alcançado pela tecnologia tem despertado o interesse de diferentes instituições. O professor Mbhuti Hlope, da North-West University, vai testá-la na África do Sul. Gestores do Nordeste e Minas
Gerais, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, construíram Planos Estaduais para implantar o modelo produtivo para um maior número de comunidades. Somente de equipamentos dessalinizadores serão
instalados 1200, durante os próximos três anos.
O BNDES é a instituição que tem apoiado as pesquisas e ações de transferência de tecnologias destinadas ao fortalecimento do Programa Água Doce. “O apoio a estes trabalhos é de fundamentação importância
para reduzir as desigualdades sociais e regionais, que é um dos objetivos da nossa instituição”, ressalta Mateus Ramos, do Departamento de Economia Solidária do Banco.
Contatos:
Luis Carlos Hermes – pesquisador;
hermes@cnpma.embrapa.br hermes@cnpma.embrapa.br
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