Saiba como obter capital de giro rural para sua fazenda
Capital de giro rural: como é calculado, quais são os tipos, elementos que o compõem, como fazer financiamento rural e mais!
O capital de giro rural é necessário para custear as diversas atividades da fazenda. Isso vale para desde as mais simples às mais complexas, para as quais nem sempre há dinheiro.
Diversos bancos oferecem capital de giro rural, que pode ser investido em implantação e ampliação da produção, beneficiamento, industrialização e serviços rurais, etc. Por isso, ele é de grande relevância para a gestão da sua empresa rural.
Saiba neste artigo como obter recursos para o capital de giro, quais são os tipos e onde usar esse dinheiro. Boa leitura!
O que é capital de giro?
O capital de giro de uma empresa rural é um recurso financeiro que custeia atividades agrícolas. Ele é o dinheiro necessário para custear atividades relacionadas a insumos, salários e manutenções de máquinas, implementos, além da manutenção e investimentos na atividade rural.
Ele pode ser aplicado de várias formas em sua fazenda, sobretudo em despesas de curto prazo. Além disso, o capital de giro também funciona como uma reserva de dinheiro que será utilizada para suprir necessidades financeiras que aparecem ao longo da atividade agrícola.
O capital de giro é calculado da seguinte maneira: a soma das contas a receber, menos as contas a pagar.
- Capital de giro = (contas a receber + estoque disponível na propriedade) – (soma das contas a pagar + impostos e despesas de um período ou safra).
Por meio dessa conta simples, você consegue saber se sua empresa rural está com a situação financeira confortável. Quanto maior for o resultado positivo da conta acima, melhor.
Onde usar o capital de giro
O dinheiro do capital de giro pode ser aplicado em:
- despesas de rotina: peças ou consertos de equipamentos, compra de ferramentas, maquinários de pequeno e grande porte, contas de energia;
- manutenção de atividades realizadas em campo, no escritório ou na sede da fazenda ou agroindústria;
- geração de fluxo de caixa e balanceamento do ativo e do passivo financeiro;
- compra de insumos (corretivos de solo, adubos, fertilizantes, agrotóxicos);
- pagamento de fornecedores, impostos, salários de colaboradores e outras despesas.
Muitas dessas despesas podem ser custeadas por meio do dinheiro do crédito rural. Esse é o exemplo do crédito de custeio, que pode ser utilizado na agricultura e na pecuária.
O capital de giro rural serve também como complemento de recursos para ser utilizado nas despesas da fazenda com certa limitação de uso por conta das regras do MCR (Manual de Crédito Rural).
Como gerir o capital de giro
Obter o capital de giro rural é essencial para a sua fazenda, mas ele também precisa ser bem gerido para que o gasto não saia do controle.
Veja abaixo algumas dicas de gestão eficiente do capital de giro:
- Já que você está com o dinheiro, o ideal é fazer compras à vista, que geralmente saem mais em conta que a prazo. Lembre-se de pegar a nota fiscal ou recibo da compra;
- No acompanhamento do fluxo de caixa, é essencial também que você verifique o aumento do preço dos produtos ou serviços, de modo que estabeleça, com base nisso, uma maior margem de lucro na venda da sua produção;
- Tenha cuidado também com o excesso de empréstimos e financiamentos. Além de ter mais trabalho para gerir todos eles, você precisa honrar cada um e se atrasar as parcelas ainda paga com juros maiores se fosse pago em dia;
- Evite gastos excessivos e reduza seu custo de produção: você não vai deixar de investir onde precisa, mas sim no que realmente é necessário.
Como se planejar para manter o capital de giro
O planejamento de como será investido o seu capital de giro deve seguir como é feito com o crédito rural. Nele, o projeto precisa ser seguido conforme foi apresentado ao banco.
No capital de giro, esse planejamento exige mais disciplina da sua parte porque o único fiscal que averigua se o dinheiro está sendo aplicado conforme o programado é você.
No planejamento, devem constar ampliação do capital de giro por meio da margem de lucro e o que pode ser feito por meio do aumento da produtividade. Essa ampliação também pode acontecer através da melhoria na qualidade do seu produto e da busca por novos mercados.
Com isso, você tem muito mais possibilidade de criar até o seu próprio capital de giro para a próxima safra, sem precisar depender de financiamentos para isso.
Quais são os tipos de capital de giro na agricultura?
Existem quatro categorias de capital de giro:
- capital de giro líquido;
- capital de giro negativo;
- capital de giro próprio;
- e capital de giro associado a investimentos.
Veja abaixo mais detalhes sobre cada um deles.
Capital de giro líquido
O capital de giro líquido é a quantia que sobra após subtrair o passivo circulante (obrigações a serem pagas no período de um ano) do ativo circulante (bem ou direito que pode ser convertido em dinheiro em curto prazo).
Capital de giro negativo
O capital de giro negativo ocorre quando o valor das dívidas em determinado período é maior do que os valores disponíveis em caixa e os bens de capital.
O capital de giro negativo deve ser temporário e de curto prazo. Caso contrário, resulta em desorganização do andamento das atividades, impossibilitando a realização das mesmas.
Para ele ser saneado logo, é preciso ter uma arrecadação futura de curto prazo.
Capital de giro próprio
O capital de giro próprio é o mais apropriado para se ter. Uma empresa rural com capital de giro próprio é aquela que segue um nível de excelência em gestão.
Com isso, a empresa rural não necessita pegar dinheiro emprestado para ter capital de giro: a cada safra, ela já separa um valor determinado para isso, conforme o planejamento.
Capital de giro associado a investimentos
O capital de giro associado a investimentos é aquele utilizado na cobertura de despesas com os variados investimentos necessários para a fazenda. Um exemplo é a compra de maquinários, ampliação de galpões ou da estrutura de beneficiamento da agroindústria.
Quais elementos compõem o capital de giro?
Diversos elementos compõem o capital de giro rural. A finalidade desses elementos é possibilitar que sua fazenda continue realizando as atividades normalmente.
Assim, podemos citar como elementos do capital de giro rural:
- valores de dinheiro em caixa;
- valores a receber de contratos;
- bens de capital (móveis e imóveis);
Geralmente, o capital de giro rural é composto por 50% dos ativos da empresa agrícola.
Como financiar capital de giro para produtor rural
O financiamento rural de capital de giro pode ser feito por meio de instituições financeiras, como bancos oficiais, a exemplo do Banco do Brasil, BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e Banco da Amazônia.
Veja detalhes de cada uma dessas instituições a seguir:
BB Agro
No Banco do Brasil, o capital de giro rural funciona por meio do BB Giro Agro, crédito rotativo de capital de giro para a atividade agropecuária.
Com o BB Giro Agro, é possível adquirir bens ou insumos utilizados na atividade rural. Isso tanto na fase de produção, comercialização, beneficiamento ou industrialização.
Podem ter acesso ao BB Giro Agro produtores rurais pessoa física, exceto inscritos no Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).
As taxas de juros aplicadas são as do mercado, com prazo de pagamento para 360 dias e possibilidade de renovação automática do crédito.
Capital de giro rural no BNDES
No BNDES, o capital de giro rural está disponível por meio do Pronaf Cotas-Partes.
Esse tipo de financiamento rural destina-se à integralização de cotas-partes por beneficiários do Pronaf associados a cooperativas de produção rural. Também é destinado à ampliação pela cooperativa em capital de giro, custeio, investimento ou saneamento financeiro.
Para solicitar, é preciso ter a Declaração de Aptidão ao Pronaf ativa e ser associado a cooperativas de produção agropecuária com no mínimo 60% dos sócios beneficiários do Pronaf. Também é preciso ter patrimônio líquido mínimo de R$ 25 mil e mínimo de 1 ano de funcionamento.
O interessado deve procurar uma instituição financeira credenciada pelo Banco Central do Brasil para emitir esse tipo de empréstimo. A taxa de juros é de 4,5% ao ano, com prazo de até 6 anos.
Giro Produtor Rural no Banco da Amazônia
O Giro Produto Rural no Banco da Amazônia é para aquisição de bens, matérias-primas, insumos e produtos, com prazo de pagamento em até 2 anos.
O bando dispensa garantias nas operações de até R$ 100 mil, com “taxas de juros atrativas”. Pessoas físicas e jurídicas correntistas do banco podem ter acesso ao Giro Produtor Rural.
Conclusão
Ter um capital de giro rural é essencial para manter a regularidade das atividades da sua empresa agrícola e possibilitar uma gestão correta da propriedade rural.
Há vários meios de obter o capital de giro rural, conforme mostramos acima. Empresas particulares, como as agfintechs (startups do agronegócio que atuam com crédito rural) também são uma boa opção para obter os recursos.
Procure se informar o máximo possível sobre o capital de giro rural, e assim fazer negócios seguros. Assim você terá o seu próprio capital de giro, fruto dos lucros com a sua atividade.
Como você controla o capital de giro rural da sua empresa? Você conta com ajuda de contadores ou faz esse controle por conta própria? Deixe seu comentário!
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