sexta-feira, 6 de dezembro de 2019



O que vai mover o agro em 2020?

Evento com a presença de lideranças do setor apresentou as possibilidades para o agronegócio brasileiro
     
O ano de 2019 começou com incertezas no agronegócio. O Brasil estava começando novas gestões nos governos federal, estadual e com grande renovação na Câmara e no Senado, além de seguir lutando contra a crise econômica. O setor que responde por 25% do PIB nacional viu uma safra recorde de soja e algodão de um lado e produtores de arroz e leite em crise do outro. Neste ano nunca se falou tanto em sustentabilidade, desmatamento, terra. De um lado o meio ambiente e de outro a exigência de maior produtividade para suprir a demanda mundial, cada vez mais crescente. Nunca se falou tanto em defensivos agrícolas. Com um novo comando no Ministério da Agricultura o índice de liberação de novas moléculas também foi recorde e polêmico, reacendendo o debate do uso indiscriminado de agrotóxicos na agricultura. Nunca se falou tanto em informar o agro para o urbano para tentar evitar as fake news. 2019 também foi o ano da agricultura 4.0, tecnologica e dinâmica com seus drones, aplicativos, softwares que resultaram em produção de menor custo. A sanidade também esteve no foco. Com o avanço da Peste Suína Africana na Ásia, mercados de proteína e lácteos se abriram, com habilitação de frigoríficos e estabelecimentos para exportar, especialmente para a China. Esta potência, inclusive, também esteve em foco na guerra comercial com os Estados Unidos.

Mas e de 2020 o que esperar? Foi esse o tema que autoridades, especialistas de diversas áreas, entidades e empresas do agronegócio discutiram no AgroCenário 2020 – “Cultivando o progresso da agricultura brasileira”, em Brasília, no último dia 4 de dezembro.  A segunda edição, promovida em uma parceria da Aprosoja Brasil e da Corteva Agriscience, abordou economia, política e tecnologias para produção sustentável e, ao mesmo tempo, como esses assuntos vão impactar o ano que vem.
No cenário político medidas importantes como a Reforma Tributária, Lei Kandir, a ampliação do crédito rural, os impactos do acordo Mercosul-União Européia, assinado este ano e medidas que facilitem a logística. O deputado federal Alceu Moreira, presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), defendeu a assistência técnica no campo, a extensão rural e a pesquisa como prioridades e citou a necessidade de mais investimentos na Embrapa e na defesa sanitária brasileira. “Hoje seriam necessários pelo menos 40 cães para inspeção mas temos só dois. A Peste Suína pode entrar a qualquer momento. Como fica isso? Outra agenda é a questão dos defensivos. Se tem uma biotecnologia nova e ela pode substituir um defensivo e baratear custo de produção tem que ser prioridade”, completou.

A tributação do setor também esteve em discussão no painel sobre economia. Entidades defendam que o agro não sofra com mais essa medida. Além disso foram discutidas possibilidades para a volatilidade do câmbio que tem impacto em insumos e commodities como a soja. O presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Pereira, defendeu melhores condições para a competitividade. “Mesmo com dificuldades econômicas, logísticas e críticas constantes produzimos com eficiência em apenas 4% do território nacional. Essa é a capacidade de agricultores empreendedores que buscaram tecnologia e pesquisa e aplicaram na propriedade, com coragem para produzir preservando 66% do total. Segurem-se, produtores, porque no mundo não há agro como o nosso”, afirma.
A tecnologia também esteve em pauta mostrando como as ferramentas avançam pela agricultura e pecuária trazendo resultados de produtividade. Para o presidente da Corteva Agriscience, Roberto Hun, este é um caminho sem volta. “À medida que a tecnologia avança vamos atingindo novos patamares e estamos prontos para fazer com que o produtor consiga tirar o máximo disso”, ressalta. Neste aspecto o maior desafio ainda é fazer com que o pequeno produtor tenha acesso da mesma forma como o grande. Para a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, esse é o grande gargalo. “Não adianta termos tecnologia de primeira se grande parte dos produtores brasileiros é pequena. A média é de 6 módulos. Esse produtor não tem acesso mas essa terra toda poderia estar produzindo o triplo do que está produzindo. Para isso é preciso renda”, enfatizou.  O Diretor de Marketing da Corteva Agriscience, Douglas Ribeiro, acredita que “o produtor não é pequeno porque não consegue acessar. Ele também não está conseguindo aplicar aquilo que tem acesso. Falta essa qualificação. O produtor tem na essência a produtividade e o Brasil vai encontrar formas de superar as barreiras”, diz. 

Nenhum comentário: