segunda-feira, 14 de março de 2011

O ALGODÃO NA NUTRIÇÃO DE BOVINOS
O algodoeiro é cultivado para produção de fibra e a torta, resultante da semente,
após a extração do óleo, representa mundialmente a segunda mais importante fonte ou
suplemento protéico disponível para a alimentação animal, ultrapassada apenas pela soja
(3). De todos os subprodutos de algodão, os farelos da torta, são os mais conhecidos e
utilizados. Resultam da remoção do óleo, que pode ser feita tanto pelo esmagamento
mecânico do caroço como através do uso de solventes.
A produção brasileira de algodão vem apresentando grandes oscilações ao longo
dos anos, ainda que a produtividade tenha apresentado tendência crescente. Na região
produtora de algodão arbóreo, a praga do bicudo teve efeitos mais acentuados,
acelerando a substituição desta espécie pelo algodão herbáceo (9).
Os farelos, como fonte protéica, apresentam teores de proteína bruta (PB) de
34,3 a 48,9% e, como fonte de energia, teores de energia digestível (ED) de 3,22 a 3,44
Mcal/kg. Os caroços de algodão, além de teores de PB de 22 a 25% e de FDN entre 37 e
44%, possuem de 4,12 a 5,30 Mcal/kg de ED. São também importantes fontes de fibra,
com teores de fibra bruta (FB) de 17,2 a 28%. A casca do caroço de algodão e os restos
de culturas, utilizados como fontes de fibra, apresentam teores de FB de 42,9 a 50,0%.
Como fontes de macrominerais, ressaltem-se os teores de fósforo (P), acima de 1% nos
farelos, de cálcio (Ca), que chegam a 0,24% nos farelos e caroços e de enxofre (S),
atingindo 0,43% no farelo proveniente da extração mecânica do óleo (15).
Apesar da reconhecida qualidade dos subprodutos resultantes da indústria
algodoeira, como alimento para bovinos, permanecem os problemas resultantes da
presença do gossipol nestes derivados. Além disso, métodos modernos de extração de
óleo têm aumentado a concentração deste composto fenólico nos subprodutos, ao mesmo
tempo em que as vacas de alta produção tendem a aumentar a ingestão de alimentos e,
conseqüentemente, de gossipol. Nestas condições, o limite máximo de ingestão de
gossipol de 24 g/dia (8,10) pode ser excedido, com possíveis conseqüências adversas.
Reações fisiológicas diversas podem ocorrer, dependendo do estágio produtivo e
nutricional do animal. A molécula de gossipol não é metabolizada pelas bactérias do
rúmen nem pelo animal (1). Ela se une às proteínas que contém aminoácidos livres,
impedindo seu metabolismo (14). As ligações com proteínas (12), bem como altos níveis
de ferro na dieta podem inativar os pontos de ligação do gossipol, diminuindo sua
toxicidade. A peletização também resulta em diminuição de sua atividade (4). Os
subprodutos do algodão, principalmente aqueles nos quais o gossipol ainda não foi
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inativado, não são recomendados para bezerros, devido à alta suscetibilidade dos
monogástricos (5). Os teores de gossipol do algodão diferem com as variedades e os
locais de plantio. As tortas apresentam valores em gossipol de 0,5 a 0,2%.
Bovinos alimentados com Caroço de Algodão mostram resultados diferentes
daqueles apresentados por animais recebendo os seus componentes, gordura, farelo e
casca, separadamente. Uma das razões pode ser a liberação lenta da gordura no rúmen e
mesmo alguma gordura que não é liberada no rúmen e atinja o intestino, o que pode
explicar o aumento da produção e da gordura do leite observado em vacas recebendo
caroço de algodão (16).
O aumento da demanda por energia, observado em vacas de alta produção, tem
realçado a importância do caroço de algodão como suplemento energético. Devido ao
teor de gordura, é considerado um alimento de alta energia, especialmente na
alimentação de vacas, em início de lactação, expostas a ambientes de altas temperaturas
e umidade, quando estão em balanço energético negativo. Nestas condições, a
suplementação com caroço de algodão resulta em aumento da produção (2).e do teor de
gordura do leite (6, 17). Por outro lado, quando a fibra da ração é de qualidade inferior
ou em quantidade insuficiente, pode ocorrer uma queda no teor de proteína do leite de
vacas recebendo caroço de algodão (19). O efeito do caroço do algodão pode ser
negativo quando a forragem for apenas silagem de milho (11). No entanto, este efeito
pode ser corrigido pelo fornecimento de feno de alfafa nas quantidades de 25 a 50% da
MS da ração (18).
Alguns tratamentos têm sido desenvolvidos visando melhorar a qualidade do
caroço de algodão e, principalmente, aumentar a quantidade de proteína e gordura que
ultrapassem o rúmen sem serem degradas. A extrusão diminui a solubilidade do
nitrogênio e a quantidade de proteína degradada no rúmen, porém não afeta a produção
de leite (13). A tostagem do caroço de algodão não mostra efeito que a justifique (7).
Fontes
1. ABOU-DONIA, M., 1976. Physiologiacal effetcts and metabolism of gossypol. Residue Rev., 61: 125.
2. ANDERSON, M.J.; ADAMS, D.C.; LAMB, R.C.; WALTERS, J.L., 1979. Feeding whole cottonseed to
lactating dairy cows. J. Dairy Sci., 62: 1098.
3. ANDRIGUETTO, J.M.; et al, 1988. Nutrição Animal, As Bases e os Fundamentos da Nutrição Animal –
Os Alimentos; volume 1; 4ª Edição. Editora Nobel;
4. BARRAZA, M.L.; COPPOCK, C.E.; BROOKS, K.N.; WILKS, D.L.; SAUNDERS, R.G.; LATIMER Jr., G.W.,
1991. Iron sulfate and feed pelleting to detoxify free gossypol in cottonseed diets for dairy cattle. J.
Dairy Sci., 74: 3457.
5. COPPOCK, C.E.; LANHAM, J.K.; HORNER, J.L., 1987. A review of the nutritive value and utilization of
whole cottonseed, cottonseed meal, and associated by-products by dairy cattle. Anim. Feed. Sci.
Techonol., 18: 89.
6. DePETERS, E.J.; TAYLOR, S.J.; FRANKE, A.A.; GUIRRE, A.A., 1985. Effects of feeding whole cottonseed
on compositions of milk. J. Dairy Sci., 68: 897.
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7.

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