sábado, 5 de março de 2011

ENTRAVES E DESENTRAVES



De repente, a produção pode entravar na porteira, por forças que chegam do lado de fora. O que pode ser feito pelo produtor e pelas entidades regionais?


A questão não é apenas produzir. É preciso produzir - e bem! - para atender a um mercado que será cada vez mais exigente. Assim, o papel mais importante é promover a "Cadeia Produtiva", ou seja, promover as atividades dentro dos currais e também as que atuam fora das porteiras. O mercado está longe das porteiras, mas não é um bicho-papão. Pelo contrário, ele segue regras bem definidas, mesmo que sejam desconhecidas pelos produtores que ficam dentro da porteira. A atividade, para ter sucesso, precisa ter equilíbrio entre as atividades dentro e fora da porteira. A falta de equilíbrio é um dos entraves que aflige toda atividade em início de vida. O que tem faltado, então, é um esforço abrangente para organizar a atividade, de forma a atender a todos os interessados, ao mesmo tempo.
Como começar essa organização? É preciso responder às perguntas básicas, que - geralmente - são as seguintes: O que fazer? Por que fazer? Como fazer? Quando fazer? Quem deve fazer? Com que fazer? Traduzindo para o trabalho diário, as perguntas seriam: Produzir o quê? Há mercado para ser atendido? Há infraestrutura suficiente para atender o mercado? Quais os melhores momentos de produção? Quais são os produtores capacitados para produzir com eficiência? Quais são os recursos disponíveis, tanto em termos de crédito ou insumos, como de recursos genéticos?
Cada Associação regional pode começar seu planejamento, pois cada região, ou cada situação, ou cada momento, ou cada mercado, pode exigir um planejamento específico. Assim, não existe uma receita milagrosa para atender todos os casos. O jeito é começar sempre respondendo às perguntas básicas, antes de arregaçar as mangas. A precipitação leva ao prejuízo, quase sempre! Afinal, existe uma pecuária adequada a cada região e cada situação.
Uma boa maneira de começar é procurar ao SEBRAE, ou ao BNB, ou Emater, ou Federações e Secretarias de Governo, ou ainda outros organismos, um roteiro de como estudar e consolidar a Cadeia Produtiva em questão.

 

Tecnologias simples para melhorar o desempenho das propriedades.

É hora de mudar as discussões dentro das Associações, que - normalmente - dão muito destaque ao "BEL" (Bicho + Exposição + Leilão) e passar para assuntos que levem "todos os associados" a ganhar mais dinheiro com a atividade. Esta é a finalidade principal de qualquer Associação.
O "BEL" é apenas uma finalidade "promocional" que, normalmente, é financiada pelos associados mais ricos. A Associação precisa enxergar mais longe, precisa olhar o mercado de consumo de carne, de leite, de peles e não apenas o mercado de animais premiados.
O mercado do "BEL" caminha sozinho: não precisa de muito esforço. Já a montagem de uma Cadeia Produtiva ­exige muito trabalho e a união de várias entidades e organismos para poder chegar ao sucesso que interessa a todo ­criador (grande ou pequeno), às indústrias, aos frigoríficos, aos exportadores, etc.
O "BEL" tem vida curta, pois interessa - sempre - a uma minoria que ocupa a parte superior da pirâmide do criatório. De que adianta estimular o surgimento de Campeões e animais caríssimos em leilões, se os frigoríficos estão vazios? Se a carne consumida vem de outro país? Se o produtor comum não consegue introduzir tecnologia primária em sua propriedade, por ser cara demais? Se não existe Crédito para a atividade, de forma generalizada?
O "BEL" é importante, mas o restante da pirâmide da criação de caprinos e ovinos também é. As Associações podem mudar o cenário, rapidamente, estimulando a produção, o consumo, a distribuição e a exportação. É só começar a pensar em Cadeia Produtiva, que é o grande entrave.

Planejando e organizando a cadeia produtiva

A melhor maneira de organizar a base da cadeia produtiva é responder, primeiramente, às perguntas:
- O que fazer?
- Por que fazer?
- Como fazer?
Sugestões resumidas de respostas estão na Tabela 1.
Nenhuma atividade caminha sozinha, no início. É preciso uma orientação, para ganhar tempo. O que pode ser feito em 10 anos, pode levar 50, se não ­houver uma orientação precisa por parte de órgãos governamentais e órgãos de ­classe.
A Tabela 2 mostra o planejamento de atividades de apoio; o que precisa ser feito e como.
Todo esforço pode terminar em fracasso se, de repente, a atividade for bombardeada por algum problema sanitário. Já houve exemplos na bovinocultura, na suinocultura e na avicultura. Não é preciso que tais episódios repitam-se também na caprino-ovinocultura. Basta haver uma regulamentação clara, objetiva e abrangente, acessível a todos os produtores no campo. A Tabela 3 mostra o que fazer, porque e como.

 

 


 


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