sábado, 1 de janeiro de 2011

Algodão Mocó

Representações de entidades organizam oficina em defesa do algodão mocó para o semiárido



Representações de entidades de agricultores associados a pesquisadores da Embrapa Algodão e Embrapa Transferência de Tecnologias, escritório de Campina Grande estiveram reunidos durante o dia 13 e 14 de dezembro, em Lagoa Seca, numa oficina de argumentação em defesa do algodão mocó como alternativa sustentável para a região semiárida brasileira.
Domingo Rural deste domingo(26/12) evidenciou o trabalho iniciado que objetiva construir, de forma coletiva, um projeto interinstitucional de Pesquisa e Desenvolvimento para o Algodão mocó em consórcios agroecológicos e durante os dois dias os participantes organizaram relatos sobre a cultura em toda a região a exemplo do processo de cultivo na comunidade Salgado de Casserengue, Curimataú paraibano; discussão da estratégia de elaboração do projeto envolvendo todas as parceiras dentre outros temas.
Nair Helena Castro Arriel é pesquisadora da Embrapa Algodão e, durante entrevista, falou sobre o objetivo da reunião e da construção do projeto de resgate do Algodão Mocó. “O objetivo principal dessa oficina aqui é a construção coletiva de um projeto com algodão mocó em sistemas agroecológicos, agora, porque algodão Mocó? Nós pesquisadores, técnicos da Embrapa que estamos trabalhando sempre com agricultores familiares temos observado que o algodão mocó está aí e vai estar sempre tolerando a falta de água, a falta de insumos e está sempre ali e sendo utilizado não só para o consumo em atividades como o pavio, algodão mesmo, alimentação e porque não o algodão mocó”, comenta a pesquisadora em parte de sua entrevista em Domingo Rural.
Wagner dos santos Lima, é licenciado em Ciências Agrárias pela UFPB, é estagiário da AS-PTA em parceria com a Embrapa Tabuleiros Costeiros, reside em Casserengue e, como participante no projeto, falou sobre o trabalho que será desenvolvido a partir de resgate de práticas das famílias de agricultores durante anos em toda a região. “Meu tio Paulo que faleceu a 30 dias atrás ele conservou 150 plantas de algodão mocó, não substituiu suas plantas de algodão mocó por algodão herbáceo e com isso a Embrapa como unidade de validação r transferência de tecnologia na comunidade próxima a essas unidades de algodão mocó deu parecer para a gente eliminar as plantas de algodão mocó pra não fazer contaminação, e o agricultor responsável pelas plantas do algodão mocó não aceitou essa estratégia de podar ou eliminar as plantas e disse a frase: cuide do seu que eu cuido do meu. E aí a gente viu na prática nessa safra 2010, a gente viveu a experiência aqui no território da Borborema onde seu muitos problemas com a falta de chuvas, ou seja, com a seca e o algodão herbáceo não vigorou, não produziu bem em toda a região, e o algodão mocó ao lado esquecido, adormecido principalmente, não no caso dos agricultores, mas no caso das instituições de pesquisas e extensão produzir bem ali com a pouca qualidade de chuva que houve, então foi uma forma de representar e mostrar o seu potencial para a agricultura, para o semiárido como ele já tinha mostrado nas décadas de 70 e 80 e por aí vai”.
João Macedo é agrônomo da AS-PTA, é parte no projeto do algodão Mocó e, em entrevista, garantiu que o projeto tem mesmo a participação da agricultora familiar através de suas representações defensoras de tecnologias que garantam autonomia as famílias agricultoras de toda a região. “Sim, com certeza, porque o algodão mocó a gente vê que é uma cultura que historicamente fez parte da vida do sertanejo, Caririzeiro, do curimatauzeiro, e essa cultura ela é parte de um modo de vida desse povo porque além de ser cultura de rende que dava a camisa, que vestia o agricultura e que ajudava também a comprar os mantimentos pra si preparar melhor pra enfrentar o próximo inverno, ela também tinha uma importância muito grande para a alimentação dos animais e é de muita resistência pra a seca e com isso dura dez, 15 anos dependendo do zelo da capoeira como o agricultor fazia e é uma cultura que não depende de produtos químicos para produzir, nem de adubos, nem de venenos e ta dada aí as condições do semiárido pra resistir”, explica Macedo lembrando não ser cultura de alto-produção e produtividade, mas que associada as diversas outras culturas da agricultura familiar poderá trazer grandes contribuições econômicas, ambientais e econômicas.
Lenildo Dias de Morais é gerente da Embrapa Transferência de Tecnologias escritório de Campina Grande, diz que é entusiasta da idéia e acredita que o projeto tende a ter avanços participativos que farão com que ministérios do Governo Federal fortaleçam a retomada de uma cultura que tem identidade com os produtores de toda a região. “Nós estamos nessa primeira fase formatando as idéias, são várias idéias, nós não estamos aqui fazer um projeto que já nasça morto, a gente quer construir o projeto, então por isso que neste momento a gente não está nem tratando essa questão do financiamento de projeto obviamente que no futuro terá e precisa ter. Agora nesse momento a idéia nossa é a gente discutir os parâmetros, discutir como nós vamos fazer esse projeto, aonde, quando e como, porque prá nós o fundamental é que a gente entenda a história do mocó, entenda, do ponto de vista político, a sua importância no passado, do ponto de vista da ciência quais os avanços que tiveram, porque que ele praticamente foi extinto hoje, e daí poder entender essa dinâmica para a gente poder elaborar um projeto que seja sustentável em todas as linhas e que ele tenha continuidade pra não ser apenas um desses projetos que a gente escuta por aí que não dura um ano dois anos já morre. Esse não, esse é um projeto que a gente espera que seja duradouro porque está nas mãos de pessoas comprometidas com a sustentabilidade ambiental, social, econômica, política e ética do Estado da Paraíba”.
Fonte: Stúdio Rural / Programa Domingo Rural


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