terça-feira, 26 de novembro de 2019

  DESENVOLVIMENTO >> Pesquisa realizada pela UFERSA comprova viabilidade da produção de sorgo em ambientes com alta salinidade


Experimento ocupa uma área de 0,5 hectare no município de Upanema (RN) com as variedades Sudanense e Sacarino Forrageiro/Foto: Eduardo Mendonça
O sorgo, uma cultura voltada principalmente para a alimentação de animais, pode ser cultivado em ambientes com alta salinidade. Isso é o que aponta os dados preliminares de uma pesquisa que vem sendo realizada na Universidade Federal Rural do Semi-Árido ao comprovar a viabilidade de produção em grande escala no semiárido, região que possui água salobra em abundância. O trabalho denominado ‘Cultivo de sorgo submetido à irrigação deficitária e com águas de elevada concentração salina durante período seco e chuvoso no semiárido nordestino’ é coordenada pelo pesquisador da Ufersa, o engenheiro agrônomo José Francismar de Medeiros, sendo parte do Projeto Manejo do Sistema solo-água-planta em área do semiárido nordestino brasileiro,  aprovado pelo Edital Bolsa de Produtividade, do CNPq.
Francismar Medeiros, pesquisdor da Ufersa/Foto: Eduardo Mendonça
Segundo Francismar Medeiros o sorgo é reconhecido por sua tolerância moderada ao estresse salino, se tornando, portanto, uma alternativa para o cultivo em ambientes que apresentam deficiência hídrica. “A pesquisa tem a sua importância no sentido de trazer novas cultivares para a região ao constatarmos que podemos cultivar a planta utilizando a água salobra e em menor quantidade, ou seja, produzir sorgo com um manejo de irrigação usando menos água sem haver perda significativa de produção” afirma o agrônomo.
O experimento ocupa uma área de 0,5 hectare no município de Upanema (RN) com as variedades Sudanense e Sacarino Forrageiro (SF15), ambas,desenvolvidas pelo Instituto de Pesquisa Agropecuária de Pernambuco.  “O trabalho é voltado para trazer soluções para os agricultores que ainda têm resistência para o plantio do sorgo e que continuam insistindo na cultura do milho para forragem” frisa. Francismar lembra que as condições climáticas do nordeste não favorecem ao cultivo do milho, diferente do sorgo que é uma cultura bastante adaptada as condições do semiárido.
Outras vantagens são apontadas pelo pesquisador como, por exemplo, o sorgo sudão que tem precocidade elevada podendo ser colhido para alimentar os animais com 45 dias e, o sorgo sacarino forrageiro que apresenta alto teor de açúcar e de produtividade de massa, alcançando entre 60 a 80 toneladas por hectares.
Resultados preliminares mostram que as plantas têm tolerado a ambientes de alta salinidade/Foto: Eduardo Mendonça
Os resultados preliminares mostram que as plantas têm tolerado a ambientes de alta salinidade de até 4 gramas por litro de sais na irrigação, ou seja, o mesmo teor encontrado na água de rejeito de salinizadores sem que ocorra perda na produtividade da planta. A pesquisa avalia a produção, a qualidade, o crescimento, a rebrota, bem como as variáveis fisiológicas e bioquímicas das duas variedades de sorgo em diferentes lâminas de irrigação e de concentrações de sais na água de irrigação. O trabalho envolve três pesquisas de mestrado e uma de doutorado nos Programas de Pós-Graduação em Manejo de Solo e Água e, Fitotecnia da Ufersa.
 O pesquisador garante que o sorgo é uma planta que para a forragem é a melhor entre as diversas espécies disponíveis. “Com 300 milímetros de chuva o produtor consegue colher entre 20 a 25 toneladas por hectares, enquanto que com o milho, na mesma condição hídrica, não produziria nada” exemplificou. Ainda segundo Francismar Medeiros plantado em grande escala o sorgo pode ser utilizado para a produção de álcool e açúcar, como também para fazer silagem. “O desafio da pesquisa é contribuir para a solução de escassez de água e para o desenvolvimento de sistemas sustentáveis de produção com água salinas para a produção de forragem e outras culturas alimentares” pontua o pesquisador.


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