quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Uma cultivar de arroz própria para cultivo em vários estados do nordeste

arroz vermelhoÉ o arroz vermelho desenvolvida, pela primeira vez, no Brasil através dos pesquisadores da Embrapa. A cultivar de arroz vermelho BRS 901, a primeira obtida a partir de cruzamento artificial no País é uma nova variedade indicada para cultivo nos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. Trata-se de uma opção para atender a nichos de mercado, podendo compor pratos típicos da Região Nordeste e receitas da alta gastronomia.
A produção de arroz vermelho no Brasil concentra-se nos estados da Paraíba, maior produtor, e Rio Grande do Norte, mas ele é encontrado como cultura de subsistência no Ceará, Pernambuco, Minas Gerais e Espírito Santo, onde ainda é cultivado utilizando-se técnicas tradicionais. A produção desse arroz no País, em anos de safras normais, sem escassez de chuvas, é de cerca de dez mil toneladas, um terço do que era produzido há 50 anos.
O arroz vermelho tem também despertado o interesse de produtores do Sul e Sudeste, que utilizam alto padrão tecnológico em suas lavouras, e também de uma parcela de consumidores dos centros urbanos que buscam novas opções gastronômicas.
As cultivares utilizadas nas lavouras de hoje foram selecionadas ao longo do tempo pelos próprios produtores e apresentam porte alto, folhas longas e são decumbentes (inclinadas). As plantas também mostram baixo potencial produtivo, alta suscetibilidade ao acamamento e baixo rendimento de grãos inteiros.
O desenvolvimento da nova cultivar visou à redução da altura da planta e ao aumento da produtividade de grãos e do porcentual de grãos inteiros após o beneficiamento. O trabalho de pesquisa começou com a caracterização e o estabelecimento de uma coleção de acessos com potencial para melhoramento genético.
“Essa é a primeira cultivar de arroz vermelho melhorada disponibilizada para pequenos agricultores nordestinos que plantam ainda as mesmas cultivares introduzidas no período da colonização. É mais produtiva e possui maior resistência ao acamamento de plantas do que as cultivares tradicionais plantadas, além de maior rendimento de grãos inteiros por ocasião do beneficiamento”, explica o pesquisador da Embrapa Meio-Norte (PI) José Almeida Pereira, que com Orlando Peixoto de Morais, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão (GO) falecido em 2017, liderou a equipe responsável pelo processo de criação e desenvolvimento da nova cultivar.
A variedade BRS 901 é indicada para cultivo nos sistemas convencional e orgânico, nas condições de várzea nordestina. Em relação à umidade, ela requer um solo encharcado e com lâmina d’água de cerca de 5 cm a 20 cm de altura, dependendo da fase de desenvolvimento das plantas.

Nas condições do Nordeste brasileiro, onde foi testada, o ciclo da cultivar é, em média, de 124 dias contados a partir da semeadura. Ou seja, de 15 a 21 dias mais tardio do que o das cultivares Vermelho Tradicional e Cáqui Vermelho, respectivamente, utilizadas como testemunhas. A BRS 901 também se destaca pela menor altura de planta em relação às duas testemunhas utilizadas nos experimentos.

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