Embrapa e empresa Helix apresentam milho transgênico totalmente desenvolvido no Brasil
Lançamento comercial da tecnologia ainda depende de regulamentação
Globo Rural
A Embrapa e a Helix, empresa do grupo Agroceres, apresentaram ao mercado as cultivares com o primeiro evento de milho transgênico desenvolvido totalmente no Brasil.
A tecnologia BTMAX promete alta eficácia contra as pragas lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) e broca-da-cana (Diatraea saccharalis). O evento BTMAX foi obtido com a adição de um gene da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt) e é resultado de parceria público-privada 100% nacional entre a Embrapa e a Helix.
O transgênico foi aprovado por unanimidade pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) em junho de 2022 e, na semana passada, foram apresentadas em Patos de Minas (MG), as primeiras cultivares melhoradas com a tecnologia.
Os processos para a liberação comercial em outros países já foram iniciados pela Helix. No Brasil, a data para o início da comercialização ainda não foi definida.
Desempenho nas plantas
Com resultados em laboratório e de campo, “o BTMAX foi tão eficiente quanto a melhor tecnologia existente no mercado e não apresentou nenhum dano em folhas ou no cartucho da planta, mesmo em regiões com alta pressão da lagarta-do-cartucho, como foi o caso de Rondonópolis, no estado de Mato Grosso, que talvez tenha sido o mais impactante para a tomada de decisão da equipe”, explica Cesar Moisés Camilo, pesquisador da Helix.
Urbano Ribeiral Júnior, diretor financeiro do grupo Agroceres, destaca o ineditismo da tecnologia. “É um processo feito de forma extenuante pelas empresas concorrentes e você precisa identificar algo inédito, que os outros ainda não tenham feito”, diz.
“Com a aprovação unânime do evento pela CTNBio, referência mundial em excelência técnica, em junho deste ano, o processo de desregulamentação foi iniciado em outros países. Ainda não temos uma previsão para lançamento comercial da tecnologia, que depende muito da parte regulatória. Está aprovada no Brasil, mas como está na cadeia de exportação, ainda precisamos de mais aprovações”, adianta o executivo.
Mais respostas
Newton Portilho Carneiro, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo e líder do projeto desenvolvido em parceria com a Helix, destaca o trabalho desenvolvido pelo pesquisador Fernando Hercos Valicente, também da Embrapa Milho e Sorgo.
“O trabalho do colega pesquisador foi fundamental para identificarmos esse gene. Desde a década de 1990, Valicente vem fazendo coletas de Bts que apresentam enorme biodiversidade de genes para controle de uma série de insetos. Hoje, essa coleção ultrapassa 4.600 cepas e é talvez a maior coleção de Bts coletados em solos tropicais da América do Sul. Se essas cepas, em média, têm de dois a três genes, imaginem a tremenda possibilidade quanto à nossa busca nesse banco para encontrarmos coisas novas”, menciona.
O especialista também adianta que a equipe trabalha em um cenário de possibilidades, a partir do acervo depositado no banco de microrganismos da Embrapa, de encontrar novas cepas e construções promissoras de Bt. “Temos plantas no campo já em fase de testes com outros genes tão eficientes quanto o que está sendo apresentado. Isso abre uma porta muito grande para as inúmeras possibilidades que temos”, diz.
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