terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

O glitter realmente faz mal ao meio ambiente?


O glitter faz parte do dia a dia de muita gente, principalmente quando chega o Carnaval: homens e mulheres abusam da utilização das maquiagens no rosto e no corpo e as ruas ficam brilhantes, cheias de glitter.
Essas pequenas partículas brilhantes realmente fazem parte da folia, mas do ponto de vista ambiental, elas são verdadeiras vilãs.

Composição química do glitter

O glitter é formado por pedaços de plásticos copolímeros, folhas de alumínio, dióxidos de titânio, óxidos de ferro, oxicloretos de bismuto ou outros materiais pintados em metálico, cores neon e cores iridescentes para refletirem a luz em um espectro de espumantes. Nada disso pode ser reciclado e, como há muitos químicos envolvidos, o tempo de decomposição é grande.
Como eles têm menos de 5 milímetros, são pequenos demais para serem filtrados no sistema de tratamento de esgoto e acabam parando nos rios e mares, podendo ser ingeridas pela fauna marinha.
Esses pedacinhos de plástico têm capacidade de, no oceano, absorverem produtos tóxicos, como pesticidas, metais pesados e outros tipos de poluentes orgânicos persistentes, o que faz com que os danos à saúde da biodiversidade sejam muito maiores.
Pesquisas recentes mostraram que os microplásticos perturbam o início da cadeia de alimentação aquática, como os plânctons e também afetam ostras e mexilhões. Os microplásticos ingeridos por esses organismos podem afetar seu crescimento e atrapalhar sua alimentação como um todo e, consequentemente, impactar toda a cadeia de alimentação. Plânctons, por exemplo, são um alimento dos peixes, que, por sua vez, alimentam os humanos.
Não há estudos sobre o glitter nesse contexto, especificamente, porque não é fácil identificar a origem de um microplástico. Mas o material é contabilizado entre os microplásticos que poluem o oceano – são entre 15 e 51 trilhões de partículas.
Parte dos microplásticos são os microbeads, ou grânulos, como os presentes em pastas de dentes e esfoliantes.

Microbeads

Os microbeads são produtos não biodegradáveis e levam milhares de anos para serem degradados na natureza. São partículas minúsculas, pedaços de plástico do tamanho de grãos de sal que absorvem toxinas, tais como o óleo de motor e inseticidas, à medida que correm rio abaixo e em direção ao Oceano. Essas esferas contendo toxinas absorvidas são consumidas por organismos marinhos como mariscos, caranguejos, peixes e, posteriormente, são consumidas por nós humanos.
Em substituição ao microbeads temos os esfoliantes naturais, que são produtos biodegradáveis e não agridem a natureza, assim como não são nocivos à saúde. Diversos cosméticos já dispõem de formulações com este tipo de alternativa, que podem ser desde sementes de plantas trituras, como o maracujá, linhaça, café, amêndoas moídas, como também açúcar, sal, farelo de arroz, amêndoas moídas, sementes de painço, farinha de aveia, assim como folhas desidratadas e trituradas que podem ser utilizados como esfoliantes alternativos.

Alternativas naturais

Uma alternativa natural para ficar brilhando é utilizar o pó de mica. A mica é um tipo de rocha que inclui diversos minerais proximamente relacionados. Ela ocorre naturalmente no Brasil e é atóxica. Depois do uso, não há problema em voltar para o ambiente, de onde ela veio.
Você também pode produzir em casa o seu próprio glitter. É possível fazer glitter ecológico com gelatina vegetal, feita com alga ágar. Essa gelatina não precisa ir à geladeira para ficar firme e também não derrete em temperatura ambiente, como acontece com a animal (que é a gelatina mais comum usada para sobremesas). A receita leva apenas uma colher de sopa de gelatina vegetal em pó e meia xícara de água de beterraba gelada.
Também são alternativas ecológicas:
  • Sal com corante alimentício;
  • Pó de mica;
  • Açúcar com corante alimentício;
  • Pó de pimentão (páprica);
  • Gelatina com corante alimentício;
  • Pó de urucum (colorau);
  • Glitter de confeiteiro;
  • Filtro solar colorido;
  • Produtos de maquiagem.

Como o glitter é produzido?

O glitter de plástico como o conhecemos é produzido a partir de placas de PET ou PVC que são metalizadas com alumínio e, depois, tingidas com cores diferentes.
Depois desse processo, as placas de plásticos são revestidas novamente com uma camada transparente para tentar segurar sua cor e dar consistência ao alumínio.
Essas placas são então cortadas em pequenas partículas e passam por uma máquina que tem um cilindro com 60 dentes rotativos de corte e uma faca, uma espécie de combinação entre um triturador de galhos e um triturador de papel.
O formato das partículas que causa menos desperdício é o hexágono. Por causa disso, este é justamente o formato em que a maior parte das partículas de glitter são trituradas. E isso também faz com que as diferentes partículas de glitter nunca caiam no mesmo ângulo. Quando não estão uniformes, brilham mais, porque há mais chances de receberem luz em diferentes partes.

Considerações finais

Microplásticos não existem apenas no glitter. Tudo que é plástico um dia será microplástico. E outros produtos como cosméticos e esfoliantes também podem conter plástico em tamanho reduzido, já no formato microplástico. Por isso, sempre confira o rótulos. Se encontrar os nomes polyethylene ou polypropylene no seu esfoliante, por exemplo, você já sabe: contém microplástico!
Não tenha medo de banir também esse item da sua lista de compras. Também há outras maneiras de cuidar da saúde e da beleza sem utilizar glitter e microplástico.
Evite também garrafinhas plásticas, canudinhos e outros itens supérfluos que podem se degradar em microplásticos no oceano ou prejudicar animais de outras formas, como causando asfixia. E lembre-se: reutilize, descarte corretamente e envie para a reciclagem os itens consumidos. Confira quais são os postos de coleta mais próximos de você.

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