quarta-feira, 12 de abril de 2017

Cosalfa recomenda retirada do sorotipo C da vacinação contra a aftosa

Sanidade

Na 44ª reunião da entidade, realizada em Pirenópolis (GO), foi divulgado estudo mostrando que o último foco com esse sorotipo nas Américas ocorreu em 2004

Guilherme Marques, diretor do Mapa, foi eleito presidente da Cosalfa
Guilherme Marques, diretor do Mapa, foi eleito presidente da Cosalfa

Estudo do Centro Americano de Febre Aftosa que concluiu pela inexistência do vírus da febre aftosa tipo C na Sul América determinou recomendação da Cosalfa suspender a vacinação com esse sorotipo na região. A decisão foi tomada no encerramento da 44ª reunião ordinária da Comissão Sul-Americana para a Luta contra a Febre Aftosa  (Cosalfa), que aconteceu na última semana, em Pirenópolis.
De acordo com o estudo o último foco de febre aftosa com o sorotipo C nas Américas data de 2004. “Por essa razão, bem como em função de estudo que o Brasil tem, tomamos a decisão de, no futuro, retirar o vírus C de toda vacina produzida no país”, disse o diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Guilherme Marques, eleito presidente da Cosalfa durante o evento.
Banco de vacinas
Outra decisão importante tomada por representantes dos 13 países (Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname, Venezuela e Uruguai), que intregram a comissão foi criar o Banco Regional de Antígenos de Febre Aftosa (Banvaco), banco de vacinas com o objetivo de ter estoque estratégico para eventuais e futuras intervenções na região como um todo. “Para fazer frente a desafios futuros que possam ocorrer, inclusive por questões de bioterrorismo”, explicou Marques.
Plano brasileiro
O Brasil apresentou proposta de retirada da vacina de febre aftosa e de manter-se livre da doença, “O país tem um plano estratégico em uma década com ações gradativas a serem tomadas com vistas a alcançar esse status”, disse o diretor do Mapa.
“Esperamos que, no próximo ano, Roraima, Amazonas e Amapá sejam considerados livres da aftosa pela OIE (Organização Mundial de Saúde Animal), o que concluiria uma etapa de erradicação da febre no país. Ou seja, em maio do ano que vem, nosso projeto é que todo o Brasil seja reconhecido como livre de febre aftosa”, comentou.
Acordo com a Venezuela
Um termo de entendimento mútuo assinado com a Venezuela, no evento, contribui para alcançar essa meta. Foi considerada relevante a participação de delegação do país vizinho, que não vinha tomando parte em reuniões anteriores. Agora, houve, inclusive, a presença de representantes do setor produtivo, tornando possível o acordo para ações conjuntas na fronteira.
O termo prevê atuação de ambos os lados, permitindo que profissionais brasileiros auxiliem autoridades venezuelanas na vacinação do seu rebanho, bem como no atendimento de eventuais suspeitas da doença. “Isso é muito importante porque Roraima, que faz divisa, do lado brasileiro, com o país, já reúne condições plenas para o reconhecimento como livre da febre”, comentou Guilherme Marques. “Estamos andando a passos largos, dando um exemplo para a região, para todo o continente, para avançar como área livre sem vacinação no futuro”.
Rebanho das Américas
Temos como afirmar com base em todas as evidências, bem como os reconhecimentos já ofertados pela Organização Mundial de Saúde Animal, que praticamente todo o rebanho nas Américas já é reconhecido como livre de febre aftosa com ou sem vacinação, restando a Venezuela avançar nesse reconhecimento. O rebanho da América do Sul é da ordem de 350 milhões de cabeças de bovinos. Só o Brasil detém quase 220 milhões. E a Venezuela tem em torno de 15 milhões de animais aproximadamente.
No caso brasileiro, faltam somente Roraima, Amapá e Amazonas que detêm aproximadamente 2 milhões de animais para o reconhecimento. “Mas temos condições plenas de avançarmos. Obviamente que aguardamos das autoridades do Amazonas e do Amapá a melhoria em alguns pontos que foram observados, que são necessários corrigir.
“Na Venezuela o processo de erradicação é inicial, o que tende a levar ainda alguns anos de árduo trabalho. E, por essa razão, o governo brasileiro e os demais países, demostraram solidariedade para contribuir e colaborar com o enfrentamento da doença naquele país”, afirmou o presidente da Cosalfa.

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