domingo, 16 de outubro de 2011

A Riqueza que vem(arroz) da terra



Pouco conhecido do público, muitas vezes confundido com a variedade integral, o arroz vermelho produzido no interior do Rio Grande do Norte vem ganhando seu lugar aos poucos no mercado e se destacando. Um projeto iniciado em 2007 pelo Sebrae-RN está ajudando a desenvolver a cultura no Vale do Apodi e em Felipe Guerra, beneficiando cerca de 500 famílias. Os coordenadores da iniciativa aguardam agora a definição do zoneamento (estudo que norteia os rumos de uma cultura) para começar a pleitear junto aos bancos o financiamento dos agricultores e ampliar a atuação do trabalho.


Arroz vermelho, considerado a base dos pratos da culinária regional, vem sofrendo incremento em sua produção no Vale do Apodi Foto:sebrae/DN/D.A Press
O arroz vermelho (Oryza sativa L.) é considerado um dos principais alimentos da dieta nordestina, sendo a base de diversos pratos da culinária regional. Segundo dados do Sebrae, as pesquisas quanto ao valor nutricional estão no início, mas dados preliminares apontam para uma superioridade nutricional de ferro e zinco em relação ao arroz branco e integral.

Gestor dos projetos de Apicultura e Rizicultura do Sebrae, Lecy Gadelha, conta que, há quatro anos, o Projeto de Fortalecimento da Cultura do Arroz chegou ao município de Apodi. Foram realizadas oficinas de Gestão Orientada para o Resultado (Geor) e, desde o início, as orientações oferecidas tiveram ótima aceitação. A equipe também tomou conhecimento da produção realizada em Caraúbas e em Felipe Guerra. O projeto também foi levado a esta última cidade tendo a mesma receptividade. Foram oferecidos treinamentos e cursos de cooperativismo, curso de gestão ambiental, custo de produção, curso de como produzir arroz orgânico e qualidade total rural.

O objetivo foi melhorar as condições de produção e comercialização e, com isso, aumentar a renda dos trabalhadores. Um dos grandes problemas encontrados é que os rizicultores não realizam negócios em conjunto, por não estarem organizados em uma associação. Com isso, toda a produção é vendida a atravessadores, o que dificulta a elevação do preço de venda. "O projeto pretende juntar esses produtores e fazer a comercialização em conjunto. Mas para isso precisamos ter o zoneamento, abrindo assim os financiamentos para os produtores como forma de desenvolver a rizicultura do vale do Apodi", explica Gadelha. Para tanto, foi enviada uma carta ao Ministério da Agricultura com um histórico da cultura do arroz e reforçando a potencialidade da mesma para que o zoneamento seja elaborado. O apoio do Sebrae Nacional também foi solicitado para pleitear agilidade nessa resposta.Atualmente, a produção média no Vale do Apodi é de 4,4 mil toneladas, totalizando R$ 2,8 milhões. São plantados 1,3 mil hectares com um rendimento médio de 7,4 toneladas por hectare.

Frutos
Os resultados do trabalho já começam a aparecer. Após receberem orientações sobre o manejo, os produtores eliminaram os adubos químicos e agrotóxicos da produção. Com o apoio do Sebrae, eles pleitearam e conseguiram a certificação orgânica para o arroz vermelho potiguar. A vantagem do "selo" é agregar valor ao grão - que aumenta de 20% a 30% seu valor de venda - além de baratear o custo final do trabalho.

Agricultor em Felipe Guerra, Rildo Góis, presidente da Associação Rural de Desenvolvimento Sustentável da Lagoa do Saco, explica o arroz orgânico é produzido no município há aproximadamente dois anos, mas a cultura do arroz vermelho existe há mais de 10 anos. A retirada dos produtos químicos da produção ajudaram a trazer benefícios para a rizicultura, mas também à própria saúde dos trabalhadores. "A gente não vê mais nas reuniões agricultores reclamando de dor de cabeça por causa da pulverização do veneno", exemplifica.

Ele conta que levaram à Conab a proposta de distribuir o produto e pretendem começar a comercializá-lo para os supermercados. "Queremos levar o arroz vermelho para grandes empresas já que é um produto cada vez mais procurado, principalmente por ser orgânico".Outro produtor beneficiado é José Maria do Rosário, conhecido como "Chicola", do Vale do Apodi. Ele conta que o cultivo é feito há mais de 100 anos no Sítio Merencio, às margens da Lagoa do Apodi. "Como não tinha um outro ramo de atividade e o arroz era a melhor opção de subsistência para a agricultura familiar, como filho de produtor rural e plantador de arroz, me interessei por essa cultura, e por melhorias para os agricultores que praticam a rizicultura como meio de sobrevivência".

Chicola lembra que o arroz vermelho se destaca quanto a suas resistência a pragas, doenças e por ter grande valor nutritivo. Diante das vantagens, os agricultores já têm uma marca própria para o grão: o arroz Pody. Planos de marketing para o produto estão sendo executados pela Incubadora do Agronegócio de Mossoró (Iagram). "Sendo uma das principais fontes renda para cerca de 300 famílias do vale do Apodi, o arroz vermelho é responsável pela melhoria da qualidade de vida dos produtores e o aumento da renda do município".

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