sábado, 12 de junho de 2021

 

Rede de inovação para o Agro cresce no interior do Nordeste

Em março de 2020, o recém-criado Núcleo Local de Inovação e Tecnológica (NLIT) da Embrapa Semiárido (Petrolina-PE) foi procurado por dois profissionais, um agrônomo e outro da área de TI, que buscavam apoio para fomentar um ambiente de inovação no eixo agreste/sertão pernambucano. Três meses após esse contato surgia o ‘Garoa Habitat de Inovação’ e o desafio de ideação ‘Garoa no Campo’, que resultou em 32 soluções para as cadeias produtivas do sertão, um programa de imersão de startups (Garoa #Imersão) e a semente que fez crescer um ecossistema de inovação no Semiárido.

Em 2021, como reflexo dessa experiência, o Garoa - Habitat de Inovação lançou o desafio ‘Agrodan Tech’ com a fazenda Agrodan, uma das principais produtoras de manga do Vale São Francisco. O desafio atraiu oolhares de mais de 100 agritechs de todo o Brasil para a fruticultura do Vale, mostrando as oportunidades promissoras da região relativas à inovação aberta, um dos modelos destaque da atuação da Empresa Brasileira de pesquisa Agropecuária nos últimos cinco anos.

As estratégias da Embrapa para gerar tecnologias mais alinhadas às demandas do setor produtivo regional vem caminhando junto ao fortalecimento das redes de inovações locais. O modelo segue a lógica do ganha-ganha, em que a Instituição avança nas suas pesquisas, promove um ambiente propício ao surgimento de agritechs e possibilita às empresas parceiras obterem um produto, processo ou serviço direcionado a um problema específico do setor.

Nesse modelo, os pequenos, médios e grandes empresários e produtores rurais conseguem participar ativamente do processo de desenvolvimento tecnológico. Hoje, mais de 20 unidades da Embrapa estão em conexão com ecossistema de inovações em todo o Brasil, e agora também ampliando a sinergia com o ambiente de inovação no Semiárido, uma região até então pouco valorizada no quesito formação e suporte a startups, apesar de ser um dos principais centros agrícolas do país. Para se ter uma ideia, 87% da exportação de manga em 2020 veio do Vale do São Francisco.

                           

                            Fotos aéreas do polo de irrigação do Submédio do Vale do rio São Francisco

Rede de parceria para inovação

De acordo com a supervisora do Núcleo de Inovação da Embrapa Semiárido, Daniela Campeche, a Embrapa tem contribuído intensamente para mudar essa realidade. Em pouco mais de um ano a Unidade do Semiárido promoveu diversas ações no lócus pernambucano e já amplia o foco e a parceria com o Garoa Habitat para todo o Nordeste com o lançamento recente do Garoa Incubação Agro #Nordeste. A Embrapa Semiárido também vem dando suporte a Maratona “Startup Way Agritech”, iniciativa do Sebrae-PE voltada a estudantes universitários.

O Centro de Pesquisa integra ainda a Rede de Ecossistemas de Inovação de Pernambuco (REPE), estruturada pela Secretaria de Ciências, Tecnologia e Inovação do Estado de Pernambuco e o projeto Plataforma AgritechNE, do Polo TIC Mangue Digital/Rota TIC do MDR, que consiste em uma plataforma integrada para estimular a formação e desenvolvimento de agritechs.

Campeche explica que promover essa colaboração entre instituições é, na verdade, o fator primordial para o sucesso dos programas de inovação em andamento.

“Além do respaldo técnico e da imagem positiva da Embrapa junto ao agro, estamos formando essa rede de apoio sólida entre instituições como o Sebrae, universidades, empresas, setor governamental e startups, pois só assim se fortalece um ecossistema de inovação”, diz a gestora.

 

Pesquisa conectada

Todas essas ações refletem diretamente no ambiente de pesquisa. No programa ‘Garoa no Campo’, por exemplo, cinco Unidades da Embrapa deram suporte às startups nas cadeias da fruticultura, bovinocultura, avicultura, caprinovinocultura e horticultura.

A ideia foi proporcionar um contato mais efetivo dos pesquisadores com esse ambiente de inovação, a dinâmica dos eventos e mentorias, viabilizando também a possibilidade de desenvolver projetos em cocriação e codesenvolvimento com as agritechs.

Para o pesquisador Carlos Alberto Tuão Gava, presidente do Comitê Técnico Interno da Embrapa Semiárido e que esteve à frente de algumas mentorias, o ecossistema de inovação para o agro no interior do Nordeste está ganhando impulso e a Embrapa é uma parte importante desse processo.

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