sábado, 14 de setembro de 2013

Seca faz nascer rios de vento no Nordeste

Rios secaram no semiárido nordestino
Rios com nome, mata ciliar, leito de areia e pedras, mas nenhuma água. Rodovias federais nas quais, na tentativa de encontrar alimento, bodes, vacas e jumentos disputam o asfalto com os caminhões.
Em direção a Fortaleza (CE), o projeto Caminhos da Safra lançou-se rumo ao sertão dos Inhamuns, histórica e lendária região cearense que, neste ano, esteve entre as mais afetadas pela seca que atingiu o semiárido nordestino -a pior dos últimos 50 anos, segundo o INPE.
Neste rumo, encontrou muitos cenários de desolação, como animais se esforçando para beber água barrenta de açudes quase secos. Pelo acostamento, dezenas de carcaças de bois que não resistiram ao agravamento da estiagem.
“Alguns produtores da região perderam 70% do rebanho”, afirma José Lúcio do Nascimento Filho, presidente do Sindicato Rural de Tauá (a 340 km de Fortaleza). “E da ajuda prometida pelo governo, como o milho para a alimentação emergencial, não chegou um grão sequer.”
A estiagem é a mais severa dos últimos 50 anos, segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). A instituição apontou o fenômeno El Niño (o aquecimento anormal das águas do pacífico) como o responsável pela situação.
“No ano passado, o El Niño se formou de maneira atípica. A formação do fenômeno, que normalmente ocorre em final de ano, desta vez foi registrado entre o final de abril e começo de maio”, disse o instituto.
O resultado pôde ser visto de perto em quase todas as pontes do caminho: tristes rios de vento.

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