quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Empresa argentina visita obtentores no Brasil 
O Brasil é referência no desenvolvimento da cultura do trigo. Esta é a percepção das empresas de melhoramento que visitam o País em busca do acesso ao germoplasma brasileiro. Técnicos da argentina “Criadero Klein”, liderados pelo melhorista sênior da empresa, Néstor G. Machado, visitaram a Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS), além de outros obtentores na Região Sul, em busca de potenciais parceiros para o intercâmbio de material genético, em reconhecimento da importância do germoplasma brasileiro e, mais especificamente, do trabalho da Embrapa na criação de cultivares de trigo.

O desenvolvimento de plantas é um processo complicado, que pode levar décadas até chegar à cultivar com as características desejadas. Contudo, na avaliação do pesquisador André Comeau, da Agriculture and Agri-Food Canada, que acompanha a evolução do trigo brasileiro há mais de 40 anos, um dos motivos da “vantagem brasileira” é o ambiente adverso ao cereal num país de clima tropical: “Os estresses do ambiente geram modificações na estrutura genética das plantas e afetam diretamente a atividade das enzimas que atuam sobre o DNA. O processo acaba gerando uma maior variabilidade genética, permitindo selecionar as plantas mais resistentes em campo”, explica Comeau.

É essa variabilidade genética do trigo brasileiro que trouxe o grupo argentino ao Brasil. Primeira empresa de melhoramento da América Latina, desde 1919 dedicada exclusivamente ao trigo, de forma ininterrupta, a “Criadero Klein” já atua também no Uruguai e busca parcerias na Bolívia, China e Estados Unidos, além do Brasil.

As cultivares do grupo Klein possuem boa resistência à Ferrugem da Folha, mas a epidemia de Giberela, que assolou as lavouras argentinas na última safra, determinou a visita aos campos de trigo no Sul do Brasil, onde o problema é recorrente e ainda desafia a pesquisa. “Os materiais brasileiros têm maior tolerância à Giberela e à Germinação na Espiga, problemas associados ao clima adverso das últimas safras na Argentina”, explica o técnico Néstor Machado. A expectativa do técnico é viabilizar o intercâmbio de recursos genéticos brasileiros para os programas de melhoramento que a empresa desenvolve nos países vizinhos.

Hoje, o Brasil não produz mais que 50% de sua necessidade de trigo, sendo o maior importador de trigo da Argentina. Historicamente, o país vizinho é responsável por 80% das importações brasileiras do cereal e a “Criadero Klein” é detentora de, aproximadamente, 30% do mercado de sementes de trigo da Argentina. Tradicionalmente, as cultivares ‘Klein’ são de definida qualidade de uso final e elevado rendimento associado a bons níveis e tolerância, graças à sua genética de adaptação. Desta forma, incorporar a genética da “Criadero Klein” ao programa de melhoramento de trigo da Embrapa é de indiscutível importância, considerando que o progresso de um programa de criação de cultivares será maior tanto quanto maior a variabilidade genética disponível e a freqüência de genótipos superiores existentes.

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