O Nordeste agoniza...
A terra é seca, mas o homem é, sobretudo, seco. Seco nas palavras,
seco no olhar enigmático, seco na esperança. De molhado mesmo só as
lágrimas que caem quando falam de perdas. Perda da lavoura, reduzida ao
pó. Perda dos animais, banidos pela falta de ração, do capim devorado
pela curtição do sol.
Em 2,2 mil km do mundo de vidas secas, o que se avista no horizonte
da maior estiagem dos últimos 50 anos são cenas dramáticas, de animais
que caem mortos nas fazendas e pelas estradas.
De gente que anda léguas e mais léguas, com lata na cabeça ou puxando
um tonel com ajuda de um jumentinho em busca de água. Água que se
evaporou pelo calorzão de 40 graus.
No sertão da maior seca entre tantas
as que se abateram em meio século, até os pássaros morrem, as abelhas
deixam de produzir mel.
Não fossem os programas sociais do Governo, como Bolsa Família, Bolsa
Estiagem, Segurança Safra e aposentadorias requeridas por uma legião de
velhinhos vencidos pelo tempo, os estragos seriam bem maiores.
E as obras da transposição do Rio São Francisco?
Há muito tempo se transformou em meio de vida para políticos e empreiteiros ladrões... Uma vergonha...
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