domingo, 8 de maio de 2011

O Capim Elefante






1. INTRODUÇÃO:
Não pairam dúvidas de que as gramíneas constituem a mais importante
família no aspecto científico e econômico. São proeminentes no recorde
absoluto de distribuição geográfica completa e constituem uma excelente fonte
de alimentos aos herbívoros domésticos. Seus representantes dão encontrados
nas mais largas altitudes e latitudes e seu grau de distribuição nas regiões é
denso e contínuo.
As pastagens apresentam grande importância territorial no Brasil,
quando se observa que 70 % das terras do setor agropecuário, o qual constitui
30 % do território nacional, são ocupadas por pastagens (FAO, 2002) e que
cerca de 90 % dos bovinos abatidos são criados exclusivamente em pastos ou
apenas com pequena suplementação após a desmama.
Nos últimos anos a pesquisa deu grandes saltos, reiterando essa
importância das pastagens, mas o cenário nacional em nível de campo não tem
acompanhado as mudanças. Não é de hoje que os produtores baseiam-se em
critérios simplistas e empíricos para o manejo das pastagens, com concepções
tradicionalistas e extrativistas. Isso resultou na chamada busca pela forrageira
milagrosa, que produzisse bem em solos com baixa fertilidade, na seca e sem
adubação, pois após alguns anos após a implantação de uma pastagem, esta já
se encontrava em algum estágio de degradação, retratando quase 50 % das
pastagens nacionais. Essa busca pela forrageira milagrosa levou ao lançamento
de inúmeras espécies e cultivares, que passaram a ser utilizadas sem seus
devidos estudos, desfazendo de forrageiras de grande capacidade produtiva.
E neste contexto, o capim-elefante se encaixa perfeitamente, pois vêm
sendo tido como de alta produção forrageira, mas de baixa produtividade
animal. No entanto, o capim-elefante é uma das gramíneas mais difundidas e
importantes no Brasil, podendo ser utilizada de diversas formas, e alcançando
bons níveis de produção animal quando bem manejada.
Dado o exposto, objetivou-se caracterizar o capim-elefante, desde sua
origem e classificação até suas formas de utilização; apresentar as produções
obtidas, tanto de leite quanto de ganho de peso, com o uso do capim-elefante
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na alimentação animal; e demonstrar que seu uso é produtivo e
economicamente viável.
2. ORIGEM E CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA:
Segundo RODRIGUES et al. (2001), o capim-elefante é originário do
continente Africano, mais especificamente da África Tropical, entre 10ºN e 20ºS
de latitude, tendo sido descoberto em 1905 pelo coronel Napier. Espalhou-se
por toda África e foi introduzido no Brasil em 1920, vindo de Cuba. Hoje,
encontra-se difundido nas cinco regiões brasileiras.
Sua descrição original data de 1827 (TCACENCO e BOTREL, 1997),
porém sofreu modificações ao longo do tempo. Atualmente, a espécies
Pennisetum purpureum pertence à família Graminae, sub-família Panicoideae,
tribo: Paniceae, gênero: Pennisetum L. Rich e espécie: P. purpureum,
Schumacher (STEBBINS e CRAMPTON, 1961).
3. DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA:
Uma compilação de descrições do capim-elefante (ALCÂNTARA &
BUFARAH, 1983; NASCIMENTO JUNIOR, 1981; DERESZ, 1999) o descreve
como uma gramínea perene, de hábito de crescimento cespitoso, atingindo de
3 a 5 metros de altura com colmos eretos dispostos em touceira aberta ou não,
os quais são preenchidos por um parênquima suculento, chegando a 2 cm de
diâmetro, com entrenós de até 20 cm. Possui rizomas curtos, folhas com
inserções alternas, de coloração verde escura ou clara, que podem ser
pubescentes ou não, chegando a alcançar 10 cm de largura e 110 cm de
comprimento. As folhas apresentam nervura central larga e brancacenta,
bainha lanosa, invaginante, fina e estriada, lígula curta, brancacenta e ciliada.
Sua inflorescência é uma panícula primária e terminal, sedosa e contraída, ou
seja, com rácemos espiciformes em forma de espiga, podendo ser solitária ou
aparecendo em conjunto no mesmo colmo. A panícula tem, em média, 15 cm
de comprimento, formada por espiguetas envolvidas por um tufo de cerdas de
tamanhos desiguais e de coloração amarelada ou púrpura. Apresenta
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abundante lançamento de perfilhos aéreos e basilares, podendo formar densas
touceiras, apesar de não cobrirem totalmente o solo.
4. CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS:
Em 1983, ALCÂNTARA & BUFARAH, resumiu suas características
agronômicas, onde pode-se encontrar suas principais adaptações e tolerâncias.
Para complementar essa descrição, fez-se uso dos seguintes artigos:
RODRIGUES et al. (1975), JACQUES (1994) e MOSS (1964). Das características
agronômicas podemos destacar:
- Altitude – desde o nível do mar até 2.200 metros, sendo mais adaptada à
altitudes de até 1.500 metros.
- Temperatura – de 18 a 30 ºC, sendo 24 ºC uma boa temperatura. Porém é
importante a amplitude dessa temperatura. Dependendo da cultivar, pode
suportar o frio e até geadas.
- Precipitação – De 800 a 4.000 mm. Vegeta em regiões quentes e úmidas
com precipitação anual de mais de 1.000 mm, porém o mais importante é sua
distribuição ao longo do ano, por ser uma forrageira muito estacional, onde 70-
80 % de sua produção ocorre na época das águas. Possui baixa tolerância à
seca, podendo atravessar a estação seca com baixa produção se possuir raízes
profundas (bem estabelecida).
- Radiação – Difícil de se saturar, mesmo em ambientes com elevada
radiação. Possui alta eficiência fotossintética.
- Solo – adapta-se a diferentes tipos de solo, com exceção dos solos mal
drenados, com possíveis inundações. É encontrado em barrancas de rios,
regiões úmidas e orlas de floresta. Não foram observados registros de
tolerância à salinidade.
- Topografia – pode ser cultivada em terrenos com declives de até 25 %
devido ao seu baixo controle da erosão do solo.
- Produção – relatos de produções de 300 toneladas de matéria verde por
hectare são encontrados, mas a média nacional encontra-se bem baixo desta.
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- Fertilidade – exigente em relação aos nutrientes; e não tolera baixo pH e
alumínio no solo.
- Propagação – por via vegetativa, utilizando-se colmos; poucas sementes são
viáveis, tendo um valor cultural próximo a 30 %.
- Consórcio – devido à sua agressividade é difícil consorciar-se a leguminosas,
porém, quando mantida próximo aos 60 cm, pode facilitar o estabelecimento de
leguminosas, como soja, siratro, kudzu, dentre outras.
5. GRUPOS DAS CULTIVARES:
As cultivares têm sido divididas em grupos de acordo com a época de
florescimento, pilosidade da planta, diâmetro do colmo, formato da touceira,
largura da folha, número e tipo de perfilhos (CARVALHO et al., 1972; BOGDAN,
1977; PEREIRA, 1993). PEREIRA, em 1993, considerando as principais
características com função discriminatória e importância agronômica, bem como
a constituição genética, definiu grupos com relação ao tipos básicos:
- Grupo Anão: as cultivares deste grupo são mais adaptadas para pastejo em
função do menor comprimento dos entrenós. As plantas desse grupo
apresentam porte baixo (1,5 m) e elevada relação lâmina:colmo. Um exemplo é
a cultivar Mott.
- Grupo Cameroon: apresentam plantas de porte ereto, colmos grossos,
predominância de perfilhos basilares, folhas largas, florescimento tardio (maio a
julho) ou ausente, e touceiras densas. Têm-se como exemplo as cultivares
Cameroon, Piracicaba, Vruckwona e Guaçú.
- Grupo Mercker: Caracterizado por apresentar menor porte, colmos finos,
folhas finas, menores e mais numerosas, e época de florescimento precoce
(março a abril). As cultivares Mercker, Mercker comum, Mercker Pinda fazem
parte deste grupo.
- Grupo Napier: As cultivares deste grupo apresentam variedades de plantas
com colmos grossos, folhas largas, época de florescimento intermediaria (abril a
maio) e touceiras abertas. Têm exemplares como as cultivares Napier, Mineiro
e Taiwan A-146.
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- Grupo dos Híbridos: Resultantes do cruamento entre espécies de
Pennisetum, principalmente P. purpureum e P. americanum.
A identificação das cultivares é importante, pois permite uma
recomendação mais próxima da correta, para o manejo e sistema de utilização.
6. ESCOLHA DA ESPÉCIE E CULTIVAR:
A escolha da espécie forrageira é um fator altamente importante, que
determinará a produtividade e longevidade da pastagem, juntamente com o
manejo adotado (ALCÂNTARA & BUFARAH, 1983).
O solo constitui uma das partes determinantes do bom desenvolvimento
de uma forrageira. Suas propriedades tanto químicas quanto físicas influem
decisivamente no estabelecimento das pastagens. Assim, a fertilidade do solo
destaca-se quando a meta é ter altas produções, não esquecendo que uma
exploração racional é essencial para obter este resultado. As características
físicas do solo, como a textura, a estrutura e sua profundidade, desempenham
papel limitante na seleção das espécies. O capim-elefante exige solos mais
profundos e friáveis, com possibilidade de mecanização, além de práticas de
reposição de nutrientes, para que seu estabelecimento e produção não sejam
comprometidos.
Um fator que nunca deve ser esquecido é o clima da região, pois não
pode ser modificado. O capim-elefante tolera climas adversos, todavia, cada
cultivar tem suas adaptações e tolerâncias, onde se adequam mais a cada
condição em particular.
Finalmente, e não menos importante que os demais fatores na escolha,
está o propósito a que ela se destinará na propriedade, como capineira,
ensilagem, pastejo, temporárias... A atividade a ser exercida, como extração de
carne, leite ou lã, e o hábito de pastejo das espécies a serem utilizadas, por
exemplo, diferencia a espécie ou a cultivar mais indicada. Como foi visto acima,
algumas cultivares são mais aptas ao pastejo, enquanto outras são mais aptas
ao corte.
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É importante ressaltar que o nível tecnológico do produtor e sua
disponibilidade econômica são fatores limitantes para o uso desta espécie, que
requer alta fertilidade, solos mecanizáveis e um manejo mais rigoroso, com
possibilidade de suplementação nas estações secas do ano.
7. PLANTIO:
Para o estabelecimento tanto de capineiras como de pastagens de
capim-elefante é necessário que o produtor adote práticas de manejo
adequadas. Por meio do conhecimento das práticas de estabelecimento e
manejo desta espécie, pode-se obter um incremento na produção, carne e, ou,
leite, por animal e por área. Para tanto, alguns cuidados no estabelecimento da
forragem devem ser observados para que se possa conseguir elevados
rendimentos.
- Escolha da área:
De acordo com DERESZ et al. (1994), o capim-elefante é uma planta
extremamente sensível ao encharcamento do solo. Desta forma, as áreas da
propriedade sujeitas a inundações ou elevação do lençol freático devem ser
evitadas. Além disso, áreas com declive acima de 25 a 30% não devem ser
utilizadas, pois são de difícil mecanização, além do hábito de crescimento do
capim-elefante que é cespitoso, e no início do estabelecimento pode deixar o
solo descoberto, sujeito à erosão.
Assim, as áreas mais indicadas ao cultivo do capim-elefante são aquelas
relacionadas aos terraços e meia-encosta, áreas estas não sujeitas às
inundações. Essas áreas, além de não apresentarem impedimento à
mecanização, são também as que apresentam os solos de fertilidade natural
mais elevada.
No caso específico da formação de capineiras, deve-se atentar para a
localização, com proximidade ao curral ou estábulo, tendo em vista facilitar os
transporte da forragem colhida (GOMIDE, 1997).
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- Preparo do solo:
Responsável por grande parte o sucesso do empreendimento, o preparo
do solo está intimamente relacionado às condições climáticas e de solo. Este,
deve ser feito de forma que possa propiciar uma boa condição para a brotação
das mudas ou germinação das sementes.
Para tanto é necessário que o solo seja muito bem trabalhado,
utilizando-se de máquinas adequadas para reduzir ou eliminar as
irregularidades do terreno onde possa acumular água, e quebrar os torrões de
terra (ALCÂNTARA & BUFARAH, 1983).
Uma das finalidades do preparo do solo é o despraguejamento total,
para que o estabelecimento e longevidade da pastagem não seja comprometida
com a concorrência por água, luz e nutrientes. Merece destaque o
estabelecimento de pastagens de capim-elefante em áreas onde antes eram
cultivadas com braquiárias. Segundo observações feitas em nível de fazendas, o
custo de manutenção destas pastagens é bastante aumentado, em função das
constantes capinas e, ou, aplicações de herbicidas que se fazem necessário.
Desta forma, ao se estabelecer pastagens de capim-elefante, em áreas antes
cultivadas com braquiárias, recomenda-se trabalhar a área pelo menos por dois
anos, utilizando-se culturas anuais, com a finalidade de reduzir a população de
sementes no solo e, com isto, reduzir o custo de manutenção destas pastagens
(MARTINS e FONSECA, 1994).
Desta forma, dependendo do tipo de solo, uma aração seguida de uma
gradagem são suficientes. Em situações em que há necessidade de se fazerem
duas arações, recomenda-se que a primeira seja rasa, com a finalidade de
eliminar restos culturais, enquanto que a segunda deve ser feita entre 20 e
30cm (RODRIGUES e REIS, 1993).
- Época adequada:
O plantio na época adequada é de vital importância para sua utilização
eficaz e rápida. Para a região sudeste do Brasil, ALCÂNTARA & BUFARAH, em
1983, recomendaram que o período de plantio para as espécies de forrageiras
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tropicais deveria ser o período em que se tivessem temperaturas elevadas e
chuvas em maior quantidade, onde as gramíneas, quando em exclusividade,
devem ser semeadas ou plantadas em setembro ou outubro. Mais
especificamente para o capim-elefante, EVANGELISTA & LIMA, em 2002,
recomendam o verão, especificamente o início do período chuvoso.
- Quantidade de mudas:
Segundo ALCÂNTARA & BUFARAH (1983), 1 hectare de mudas forma 10
hectares de pasto, e EVANGELISTA & LIMA (2002) complementam que isto
equivale a 4 toneladas de mudas. No entanto essa quantidade irá variar em
função não só da cultivar escolhida, mas do método de plantio, dos
espaçamentos utilizados e com o tipo de muda. Assim, de um modo geral, 5 a 6
toneladas de mudas são necessárias para a formação de 1 ha de pastagem de
capim-elefante, para um espaçamento de 50 a 70cm entre sulcos. Donde
conclui-se que 1 ha de viveiro bem estabelecido é suficiente para o
estabelecimento de 6 a 8 ha.
- Qualidade das mudas:
Os colmos devem ter mais de 100 dias de idade, com gemas laterais
protuberantes, porém sem qualquer início de brotação (MARTINS et al., 1998;
EVANGELISTA & LIMA, 2002). Sendo que as melhores mudas são obtidas dos
2/3 inferiores do colmo. Ao contrário do que muitos acreditam as mudas velhas
não são boas para o plantio. Porém elas podem ser utilizadas, mas neste caso
deve-se utilizar um maior número de mudas por sulco. Mudas muito novas
também não são recomendadas, pois apresentam reduzido número de gemas
em condições de emitir rebrotação.
As mudas não precisam ser desfolhadas para serem colocadas no sulco,
e podem ser armazenadas, à sombra, por períodos de até 25 dias, sem
comprometer a brotação, desde que não se façam montes (EVANGELISTA &
LIMA, 2002).
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- Método de plantio e espaçamentos:
O método de plantio determina tanto o preço da implantação (mão-deobra,
quantidade de mudas e maquinários) como a população e disposição das
plantas no local, o que afeta diretamente a época e rendimento do primeiro uso
da pastagem ou capineira após o plantio.
Sulcos: Os colmos devem ser colocados em sulcos de 10-15 cm de
profundidade, na posição pé com ponta (ALCÂNTARA & BUFARAH, 1983). Estes
autores citaram que ocorre uma melhor brotação quando os colmos são
cortados em pedaços de 2 a 3 gemas (no próprio sulco), enquanto que
EVANGELISTA & LIMA (2002) indicam frações contendo de 3 a 5 gemas para
um maior perfilhamento, no entanto, há uma grande variação de
recomendações encontradas na literatura brasileira, desde não cortar os
colmos, passando pela colocação de dois colmos invertidos juntos e pela
colocação da ponta de um colmo ultrapassando o pé do próximo, até o corte
dos colmos e colocação de palhada por cima.
O espaçamento utilizado no estabelecimento do capim-elefante é, em
última análise, aquele que promove maior ou menor densidade de touceiras,
aliado a um bom preparo de solo, uma boa muda e uma boa adubação. Em
relação ao espaçamento que deve ser utilizado, também há uma grande
variação, onde em trabalhos mais antigos maiores espaçamentos entre linhas
são recomendados, como 1,2 metros. Em trabalhos mais recentes, como
GOMIDE (1997) e MARTINS et al. (1998), é fácil encontrar valores de 0,5 a 1,0
metros entre linhas. No entanto, em 1996, MACHADO e colaboradores
publicaram um artigo no qual trabalharam todas as combinações dos seguintes
espaçamentos: 0,25, 0,50, 0,75 e 1,00 metros entre linhas e entre plantas. E
estes autores demonstraram que 0,25 x 0,25 (Figura 1) foi o melhor
espaçamento em termos de produção no primeiro corte, teor de proteína bruta,
população de plantas e fechamento do dossel.
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Figura 1 - Relação entre a produção total de matéria seca e os espaçamentos
das plantas dentro das linhas (B) e entre linhas (A) (MACHADO et al.,
1996).
Covas: Distâncias de 50 x 50cm ou 50 x 100 cm entre covas eram mais
utilizadas na década de 50-60. Hoje em dia, recomendações de espaçamentos
de 0,5 a 0,8 metro entre covas e 0,8 a 1,0 metro entre fileiras (GOMIDE, 1997).
No artigo publicado por CARVALHO e MOZZER, em 1971, comparando
alguns métodos de plantio, pode-se observar que os plantios realizados com a
estaca inteira, com ou sem a palhada de cobertura, foram superiores aos outros
métodos de plantio, porém somente foi observado este fato no primeiro
experimento (Tabela 1).
Tabela 1 – Comparação de métodos de plantio nas primeiras produções de
forragem de capim-elefante.
MV (t/ha)
Método de plantio
1º corte1 2º corte1 1º corte2 2º corte2
Cova, 2 estacas (3 gemas cada) 33,0 34,5 30,6 4,3
Sulco, estacas com 3 gemas 58,8 34,5 23,4 4,9
Sulco, estaca invertida + palha cobrindo 61,3 46,0 28,0 5,2
Sulco, estaca invertida sem palha 77,2 40,6 30,1 4,7
1- corte relativos ao 1º experimento; 2- cortes de um 2º experimento.
Fonte: CARVALHO e MOZZER, 1971.
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Cada caso é um caso e deve ser tratado como tal. Assim, a escolha do
método e do espaçamento dependerá de fatores como quantidade de mudas
disponíveis, necessidade de um 1º uso precoce, declividade, do tipo de uso,
dentre outros. No sistema em que se utiliza o capim-elefante sob pastejo, é
importante que se obtenha uma cobertura vegetal intensa, o mais rapidamente
possível, após o plantio. Assim, recomendam-se menores espaçamentos entre
sulcos de plantio. Espaçamentos maiores favorecem o aparecimento de plantas
invasoras, devido à demora na cobertura do solo.
- Adubação de estabelecimento:
Com relação à adubação, é fato reconhecido que o capim-elefante é uma
planta que apresenta elevado potencial de produção de fitomassa, e por esta
razão, extrai quantidades apreciáveis de nutrientes do solo. Assim, o capimelefante,
como planta exigente, requer solos com boa fertilidade para expressar
o seu elevado potencial de produção. O ideal é se basear na análise de solo
para que se possa realizar uma fertilização correta em função dos teores dos
nutrientes no solo e da produção esperada.
A necessidade de calagem pode ser calculada por diversas formas
quando se tem a análise do solo, enfocando a retirada do alumínio, a saturação
por bases, ou os dois. O importante, segundo MONTEIRO (1994), é preconizar
um valor de bases trocáveis de 60 %, no mínimo, para o bom estabelecimento.
A calagem deve ser feita junto ao preparo do solo, com a antecedência de no
mínimo 30 dias do plantio quando o solo estiver úmido e de até 90 dias quando
o solo estiver seco, para que haja tempo do calcário reagir com o solo.
Segundo EVANGELISTA & LIMA (2002), a adubação de plantio deve
suprir o fósforo e parte do potássio necessários para o ano de cultivo. O
restante do potássio e o nitrogênio total, devem ser aplicados em cobertura e
parcelados durante o ano, sendo a primeira parcela quando o capim atingir de
40 a 50 cm de altura, e a segunda, imediatamente após o primeiro corte. Ainda
neste mesmo livro, sugestões como: colocar, no sulco do plantio, de 50 a 100
kg de P2O5/ha, 50 kg de K2O/ha e 2 kg de Zn/ha, fazendo uma rápida
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incorporação do fertilizante ao solo, são encontradas. E, em áreas com
comprovada deficiência de enxofre, aplicar de 20 a 40 kg/ha quando a fonte de
fósforo não for o superfosfato simples.
O fósforo, no estabelecimento, deve ser aplicado de forma localizada, em
proximidade com as gemas dos estolões, para que resulte em maior efeito por
ser pouco móvel. Quando não se tem a análise de solo, aplicações de 100 kg de
P2O5/ha são suficientes, pois a maioria dos solos brasileiros é deficiente em
fósforo.
É importante ressaltar que a adubação fosfatada no estabelecimento da
pastagem é de fundamental importância, pois este elemento promove maior
desenvolvimento inicial das plântulas, após a germinação, crescimento de raízes
e perfilhamento das plantas (WERNER, 1986). Isso pode ser observado na
Tablela 2, de WERNER e HAAG (1972), trabalhando em vasos.
Tabela 2 – Produção da parte aérea e radicular, número de perfilhos e teor de
fósforo (% na MS) do capim-elefante sob quatro doses de fósforo
P (ppm) PA (g/vaso) R (g/vaso) Nº perf. P (%)
0 1,4 1,1 3 0,09
5 8,9 7,3 11 0,10
25 33,6 20,0 18 0,31
125 40,7 17,3 17 0,68
Fonte: WERNER e HAAG, 1972.
Em relação à aplicação de N na fase de estabelecimento da forrageira os
dados ainda são um pouco controversos. SARAIVA e CARVALHO (1991), não
observaram efeito de dose de N até 120 kg/ha, combinadas com níveis de
adubação fosfatada, sobre a produção de MS do capim-elefante cv. Mineiro
(Tabela 3).
Entretanto, na prática, tem-se sugerido, como MONTEIRO, em 1994, a
aplicação de doses relativamente baixas de N no estabelecimento da forragem,
variando de 30 a 300 (440) kg de N/ha, os quis devem ser aplicados no plantio
ou até 30 a 40 dias após o mesmo, de forma parcelada quando acima de 50 kg.
A aplicação conjunta de N e K é responsável pela alta produção de forragem.
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Assim, quando objetiva-se alto crescimento, a adubação nitrogenada deve vir
acompanhada da adubação potássica.
Tabela 3 - Produção de MS de capim-elefante, em função dos níveis de N,
durante o estabelecimento, em latossolo vermelho-amarelo,
argiloso.
N (kg/ha) MS (kg/ha)
0 9.017
30 9.347
60 8.996
120 9.343
Fonte: SARAIVA e CARVALHO, 1991.
O potássio, por si só, também não exerce grande influência no
estabelecimento da pastagem, mostrando maior eficiência no pósestabelecimento.
A recomendação comum é o uso de 80 a 100 kg de KCl/ha,
pois boa parte dos solos apresentam teores de potássio abaixo de 58 ppm
(WERNER, 1986). Entretanto quando os valores encontrados na análise de solo
forem superiores a aproximadamente 60 ppm, não é recomendada a adubação
potássica no plantio. Devido às baixas quantidades a serem aplicadas no
estabelecimento, não tem sido necessário parcelar, podendo também ser
aplicado no plantio ou 30 a 40 dias depois se for aplicar o nitrogênio.
Quando se fala em adubação com micronutrientes, é importante
salientar que nem sempre sua aplicação é essencial, podendo, em certos casos,
prejudicar o estabelecimento, pois a linha limítrofe entre os teores ideais e os
níveis tóxicos destes elementos para a planta é muito delgada. Quando
comprovada sua deficiência, têm-se observado recomendações de aplicação por
meio de FTE (Fritted Trace Elements) nas formulações BR-10 (2,5% de B; 0,1%
de Co; 1% de Cu; 4% de Fe; 4% de Mn; 0,1% de Mo; 7% de Zn) ou Br-16
(1,5% de B; 3,5% de Cu; 0,4% de Mo; 3,5% de Zn), recomendando-se de 30 a
50 kg/ha em conjunto com a adubação fosfatada (MONTEIRO, 1994; CFSEMG,
1999).

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