quarta-feira, 6 de abril de 2011

Inserção produtiva das mulheres e acesso a crédito são destaques da pauta da Contag
01/04/2011 07:38
O Governo Federal recebeu nesta sexta-feira (1º) a pauta do 17º Grito da Terra, que será realizado em Brasília (DF) nos dias 17 e 18 de maio. O documento foi entregue pelo presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Broch, durante encontro com a presidenta Dilma Rousseff e os ministros do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, realizado no Palácio do Planalto. As demandas tratam de ações de combate à pobreza rural e à desigualdade de gênero, fomento à geração de renda e à sustentabilidade econômica, social e ambiental. O fortalecimento do crédito e das políticas voltadas para a autonomia produtiva das mulheres foram destaques no encontro.
O ministro Afonso Florence reforçou a importância dessas ações para promover o desenvolvimento no meio rural. “A presidenta destacou as políticas para as mulheres e em especial a construção e manutenção de creches para viabilizar a inserção produtiva e a autonomia das mulheres”. Florence anunciou ainda que o governo federal vai investir na verticalização da produção, ou seja, na industrialização dos produtos da agricultura familiar.

“A presidenta Dilma disse que não se combate a pobreza sem fortalecer as ações da agricultura familiar, assentados da reforma agrária e as mulheres no campo”, reforçou o presidente da Contag. Broch afirmou que durante o encontro foi enfatizada a inserção das mulheres camponesas no processo produtivo, a educação no campo para a juventude rural e a garantia de assistência técnica.
Florence ressaltou ainda que, por orientação da Presidenta Dilma Rousseff, ele e o ministro Gilberto Carvalho irão mediar a pauta da Contag com outros ministérios.
PARA PENSAR:
“Imbecil não tem tédio”
Stanislaw Ponte Preta

PARA REFLETIR:
“Quando a desculpa é gaguejada, é porque a explicação está errada”
Stanislaw Ponte Preta

Inverno Irregular





Contrariando as expectativas dos órgãos, o período chuvoso de 2011 continua irregular. Chove em algumas partes e outras não. Assim tem sido na zona rural de Fernando Pedroza. Mas, vamos aguardar abril, OK?

Ass. Pelo Sinal II

Na próxima semana, a Associação Pelo Sinal II, vai receber um Tanque de resfriamento de leite, através de um convénio firmado com a EMATER-RN, em 2010. A comunidade assistida, construiu um prédio com instalações adequadas, para receber o tanque com capacidade para 2.000 litros de leite. Um benefício excelente para aquela Associação comunitária pedrozense. O Conselho Municipal do FUMAC de Fernando Pedroza, deu todo apoio para que os associados possam daqui pra frente, venderem o seu leite a APASA, melhorando assim, o bem estar de cada um.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

PARA PENSAR:
“Quando afirmamos que o passado foi melhor, condenamos o futuro, sem conhecê-lo”
Francisco de Quevedo

PARA REFLETIR:
“Nem o passado existe, nem o futuro. Tudo é presente”
Gonzalo Torrente Ballester

José Alencar

PONTO FINAL
José Alencar nasceu, viveu e morreu (que Deus o tenha!), mas não viu os juros no Brasil num patamar aceitável.
Grande Brasileiro.

O Nosso Milho de Cada Dia

Governo tenta conter preço de alimentos



Por Edna Simão

Brasília (AE) - Com a disparada dos preços das commodities no mercado internacional, o governo federal mudou de estratégia e intensificou este ano a realização de leilões de alimentos. A preocupação principal é o milho, cujo valor está pressionado desde outubro do ano passado. Esse grão é utilizado como comida para animais e, portanto, influencia diretamente nos preços das carnes bovina, suína e de frango.

rodrigo senaA preocupação principal é o milho, cujo valor está pressionado desde outubro do ano passadoA preocupação principal é o milho, cujo valor está pressionado desde outubro do ano passado
O objetivo dos leilões de estoques do governo é segurar os preços, impedindo pressões adicionais na inflação. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), órgão ligado ao Ministério da Agricultura, mostram que a quantidade de toneladas de alimentos leiloados pelo governo no primeiro trimestre já ultrapassou de longe os números de 2010. Nos três primeiros meses de 2011, foram ofertados 3,713 milhões de toneladas de alimentos, e 2,112 milhões de toneladas foram negociadas, resultando em R$ 751,812 milhões.

Em relação a 2010, houve um aumento de 69% no volume de toneladas ofertadas e de 161,7% no que foi negociado. Em 2010, essas operações renderam R$ 297,283 milhões - queda de 152% na comparação apenas com o primeiro trimestre deste ano. Praticamente tudo do que foi leiloado neste ano é milho. Foram ofertado 3,695 milhões de toneladas de milho e 2,111 milhões foram negociadas, o que rendeu R$ 750,193 milhões ao governo.

Estabilidade

Segundo o superintendente de operações comerciais da Conab, João Paulo de Moraes Filho, entre 2008 e o início de 2010, os leilões do governo eram realizados, prioritariamente, para garantir o preço mínimo dos produtos ao agricultor. Porém, a partir do segundo semestre de 2010, esse comportamento mudou por causa da forte elevação dos preços das commodities no mercado externo.

“Agora, o objetivo é dar estabilidade aos preços. Os estoques do governo são justamente para isso”, disse o superintendente. “Não posso manter os preços artificialmente baixos. Mas posso vender uma quantidade para manter a estabilidade.”

A política de intervenção no mercado para evitar disparada dos preços é elaborada pelos técnicos do Ministério da Agricultura e da Conab com base no comportamento do mercado. Normalmente, os produtos são vendidos em locais onde ocorreu perda de safra ou atraso na colheita por questões climáticas.

Para o analista de milho da Celeres Consultoria, Anderson Galvão, os leilões de venda de milho têm pouca influência para segurar os preços. Isso porque existe uma percepção do produtor de que o governo não tem estoques suficientes para conseguir evitar a disparada dos preços. “A Conab tem estoques suficientes para atender a demanda, mas não para derrubar os preços.”

Arroz. Se por um lado o governo vende milho, por outro está comprando arroz. Os preços caíram consideravelmente e, para garantir uma renda mínima ao produtor, a Conab está comprando para estocar. “O objetivo é não deixar o produtor desestimulado”, afirmou o superintendente da Conab.

domingo, 3 de abril de 2011

Fortaleza do Umbu

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Umbu (Arquivo Slow Food)Sobre o Umbu 

Também conhecida como imbú, esta fruta é nativa do nordeste do Brasil e é típica da caatinga, o sertão desta região semi-árida. O nome vem de uma palavra do idioma dos índios Tupi Guarani, ymb-u, que significa "árvore que dá de beber".

Esta árvore, com sua folhagem em forma de guarda-chuva, tem um sistema especial de raízes que formam grandes tubérculos capazes de armazenar até 3.000 litros de água durante a estação das chuvas, de modo que pode resistir a longos períodos de seca. Um importante recurso numa das áreas mais pobres e mais secas do Brasil, onde a agricultura, baseada no milho, no feijão e na mandioca, sofre períodos cíclicos de seca.
As frutas da árvore são redondas e de tamanhos variados (de uma cereja ao de um limão), têm casca verde ou amarela, é macia e tem polpa suculenta, aromática e agridoce. Elas são colhidas manualmente e podem ser comidas cruas ou transformadas em conservas. Tradicionalmente elas são cozidas até que a casca se separe da polpa. Depois se escorre a calda, acrescenta-se açúcar de cana e o cozimento continua até que se forme uma gelatina (geléia). Outra forma de preparo é separar a polpa das sementes e acrescentar açúcar, depois cozinhar-se por um longo tempo, até que se torne um doce creme denso ligeiramente amargo.
O umbu também pode ser usado para fazer suco de fruta, vinagre (obtido cozinhando-se as frutas quando estão um pouco passadas), marmelada (obtida a partir de tiras de polpa secas ao sol) e, com a adição de açúcar, uma compota (umbu em calda). A polpa da fruta fresca ou o vinagre, são usados com leite e açúcar para fazer a tradicional umbuzada, que às vezes é comida ao invés da refeição da noite.

Ações da Fortaleza

A Cooperativa Coopercuc tem 59 membros-produtores que recolhem o umbu das comunidades locais e o transformam em produtos de alta qualidade. Graças à Fundação Slow Food para Biodiversidade e à ONG Horizon 3000, nos primeiros meses de 2006, foram construídas mini-fábricas para completar os primeiros estágios de processamento, e depois a fruta semi-processada é entregue à cooperativa. Desde que a Fortaleza participou do Salone del Gusto em Turim em 2004, do Hall of Taste e do Aux Origines du Goût, organizado em Montpellier pela Slow Food França, em 2005, potes de umbu começaram a viajar pelo mundo. 

Área de Produção

Municípios de Uauá, Curaçá e Canudos, Bahia, nordeste do Brasil
Território Sertão do São Francisco  

Frutos do Sertão

Aspectos gerais:
O umbuzeiro ou imbuzeiro (Brazilian plum para povos de língua inglesa) - Spondias tuberosa, L., Dicotyledoneae, Anacardiaceae - é originário dos chapadões semi-áridos do Nordeste brasileiro; nas regiões do Agreste (Piauí), Cariris (Paraíba), Caatinga (Pernambuco e Bahia) RN, sertão e agreste, a planta encontrou boas condições para seu desenvolvimento encontrando-se, em maior número, nos Cariris Velhos. E encontrado vegetando desde o Piauí à Bahia e até norte de Minas Gerais.
No Brasil colonial era chamado de ambu, imbu, ombu, corrutelas da palavra tupi-guarani "y-mb-u", que significava "árvore-que-dá-de-beber". Pela importância de suas raízes foi chamada "árvore sagrada do Sertão" por Euclídes da Cunha.
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Descrição da planta:
Árvore de pequeno porte em torno de 6 m. de altura, de tronco curto, esparramada, copa em forma de guarda-chuva com diâmetro de 10 m. a 15 m. projetando sombra densa sobre o solo, vida longa (100 anos), é planta xerófila.
Suas raízes superficiais (exploram 1 m. de profundidade) possuem um órgão (estrutura) -túbera ou batata - conhecida como xilopódio que é constituído de tecido lacunoso que armazena água, mucilagem, glicose, tanino, amido, ácidos, entre outras.
O caule, com casca cor cinza, tem ramos novos lisos e ramos velhos com ritidomas (casca externa morta que se destaca); as folhas são verdes, alternas, compostas, imparipenadas, as flores são brancas, perfumadas, melíficas, agrupadas em panícula de 10-15 cm de comprimento.
Fruto - umbu ou imbu é uma drupa, com diâmetro médio 3,0 cm, peso entre 10-20 gramas, forma arredondada a ovalada, é constituído por casca (22%), polpa (68%) e caroço (10%). Sua polpa é quase aquosa quando madura. Semente arredondada a ovalada, peso de 1 a 2,0 gramas e 1,2 a 2,4 cm de diâmetro, quando despolpada.
100 gramas de polpa do fruto contem, 44 calorias, 0,6 g. de proteína, 20 mg. de cálcio,14 mg de fósforo, 2 mg de ferro, 30 mmg. de vitamina A, 33 mg. de vitamina C, 0,04 mg. de vitamina B1 e 0,04 mg. de vitamina B1. O fruto é muito perecível.
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Fisiologia do umbuzeiro:
- O umbuzeiro perde totalmente as folhas durante a época seca e reveste-se de folhas após as primeiras chuvas.
- A floração, pode iniciar-se após as primeiras chuvas independentemente da planta estar ou não enfolhada; a abertura das flores dá-se entre 0 hora e quatro horas (com pico as 2 horas). 60 dias após a abertura da flor o fruto estará maduro.
- A frutificação inicia-se em período chuvoso e permanece por 60 dias.
- A sobrevivência do umbuzeiro, através de tantos períodos secos, deve-se à existência dos xilopódios que armazenam reservas que nutrem a planta em períodos críticos de água.
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Utilidades do umbuzeiro:
Vários órgãos da planta são úteis ao homem e aos animais à saber:
Raiz: batata ou túbera ou xilopódio é sumarenta, de sabor doce, agradável e comestível; sacia a fome do sertanejo na época seca. Também é conhecida pelos nomes de batata-do-umbu, cafofa e cunca; criminosamente é arrancada e transformada em doce - doce-de-cafofa.

A água da batata é utilizada em medicina caseira como vermífugo e antidiarreica. Ainda, da raiz seca, extrai-se farinha comestível.
Folhas: verdes e frescas, são consumidas por animais domésticos (bovinos, caprinos, ovinos) e por animais silvestres (veados, cagados, outros); ainda frescas ou refogadas compõem saladas utilizadas na alimentação do homem.
Fruto: o umbu ou imbu é sumarento, agridoce e quando maduro, sua polpa é quase liquida. E consumido ao natural fresco - chupado quando maduro ou comido quando "de vez" - ou ao natural sob forma de refrescos, sucos, sorvete, misturado a bebida (em batidas) ou misturado ao leite (em umbuzadas). Industrializado o fruto apresenta-se sob forma de sucos engarrafados, de doces, de geléias, de vinho, de vinagre, de acetona, de concentrado para sorvete, polpa para sucos, ameixa (fruto seco ao sol). O fruto fresco ainda é forragem para animais. A industrialização caseira do umbu sugere os seguintes produtos:
- Fruto maduro: polpa para suco integral, casca para obtenção de pasta, casca desidratadas ( ao sol ou forno) e moídas para preparo de refrescos, xarope.
- Fruto "de vez" (inchado) ou verde: umbuzadas, pasta concentrada, compota.
- Fruto verde (figa): umbuzeitona, doce de umbu.
- Casca do caule: remédio
- Folhas: salada da folha verde e salada refogada da folha.
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Necessidades da planta:
O umbuzeiro cresce em estado nativo, nas caatingas elevadas de ar seco, de dias ensolarados, e noites frescas. Requer clima quente, temperatura entre 12ºC e 38ºC, umidade relativa do ar entre 30% e 90%, insolação com 2.000-3.000 horas/luz/ano e 400 mm a 800 mm de chuva (entre novembro e fevereiro), podendo viver em locais com chuvas de 1.600 mm/ano. Vegeta bem em solos não úmidos, profundos, bem drenados, que podem ser arenosos e silico-argilosos. Evitar plantio em solos que estejam sujeitos ao encharcamento.
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Propagação / obtenção de mudas:
A propagação do umbuzeiro pode ser feita através da semente, de estacas de ramo ou de enxertia. Para a obtenção de pomares uniformes e com indivíduos com características de plantas com produção e qualidade do fruto sugere-se a obtenção via enxertia. Produção de mudas via sementes: as sementes devem ser provenientes de frutos de plantas vigorosas, sadias e de boa produção; os caroços devem ser originários de frutos com casca lisa, forma arredondada e sadios. O caroço (semente) se possível despolpado, deve ter de 2,0 a 2,4 cm de diâmetro; para quebrar a dormência da semente deve-se efetuar um corte em bisel na parte distal do caroço (oposta ao pedúnculo do fruto) para facilitar a emergência da plantinha. O recipiente a receber a semente pode ser saco de polietileno ou outro com dimensão de 40 cm x 25 cm, que possa receber 5 Kg de mistura de barro com esterco de curral curtido na proporção 3:1. Três a quatro caroços são colocados no recipiente a 3-4 cm de profundidade; a germinação dá-se entre 12 e 90 dias (de ordinário em 40 dias), podendo-se obter até 70% de germinação. Efetuar desbaste com plantinhas com 5 cm de altura. Muda apta ao campo com 25-30 cm de altura.
Produção de mudas via estacas de ramos: estacas do interior da copa da planta, são colhidas entre os meses de maio e agosto; devem ter 3,5 de diâmetro e comprimento entre 25 cm e 40 cm. As estacas são postas a enraizar (brotar) em leitos de areia fina ou limo, enterradas em 2/3 do seu comprimento, em posição inclinada; a estaca também pode ser enterrada no local definitivo de plantio.
Produção de mudas via enxertia: método em experimentação/observação; trabalhos do IPA (Pernambuco) asseguram êxito no obtenção da muda por enxertia via método janela aberta; a Embrapa/CPATSA obteve 75% de "pega" em enxertos de garfos de umbuzeiro sobre cajazeira (Spondias lutea). Não há registros de frutificação/produção de frutos dos enxertos.
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Plantio:
O espaçamento: sugere-se 10m x 10 m (100 plantas/ha) 12 m x 12 m (69 plantas/ha) e até 16m x 16m (39 plantas/ha em terrenos férteis). As covas devem ter dimensões de 40 cm x 40 cm x 40 cm ou 50 cm x 50 cm x 50 cm segundo textura do terreno. Ao abrir a cova separar terra dos primeiros 15-20 cm; sugere-se adubação de cova com 20 litros de esterco de curral curtido, 300 gramas de superfosfato simples e 100 gramas de cloreto de potássio misturados a terra de superfície e colocadas no fundo da cova 30 dias antes do plantio. No plantio retirar recipiente que envolve o torrão da muda e irrigar a cova com 20 litros de água. O plantio deverá ser feito no início das chuvas.
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Tratos culturais:
Manter o umbuzeiro livre da concorrência de ervas nos primeiros 5 anos; efetuar capina em coroamento em torno da planta e roçagem em ruas e entre plantas nas chuvas. Podar galhos secos, doentes e mal-colocados (que se dirijam de fora para dentro da copa) antes do início da estação chuvosa.
Sugere-se adubar em cobertura com leve incorporação, 30 dias após plantio, a 20 cm do pé da planta, com 50 g de uréia e 30 g de cloreto de potássio; no final das chuvas aplicar a mesma dose. No 2º ano adubar em cobertura com incorporação no início das chuvas, com 60 g de uréia, 200 g de superfosfato simples e 40 g de cloreto de potássio, por planta.
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Pragas e doenças:
Pragas: a cachonilha escama-farinha (Pinnaspis sp) ataca ramos finos e frutos; cupim (Cryptotermes sp) escava galerias no caule; lagarta-de-fogo (Megalopyge lanata Stoll) e patriota (Diabrotica speciosa, Germ, 1824) atacam as folhas e abelha-erapuá (Trigona spinipes, Fabr.1973) ataca os frutos. Ainda cita-se ataque de mosca branca (Aleurodicus) e mané-magro (Stiphid).
Para controle químico das pragas indica-se produtos a base de malatiom (Malatol 50 E) óleo mineral, triclorfom (Dipterex 50) e carbaryl (Carvim 85 M, Sevin 80).
Doenças: as doenças afetam os frutos do umbuzeiro; os agentes são fungos causadores da verrugose-dos-frutos (Elsinoe sp) e septoriose (Septoria sp).
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Colheita / Rendimentos:
O pé franco do umbuzeiro inicia produção a partir do 8º ano de vida. A maturação do fruto é observada quando a cor da sua casca passa do verde ao amarelo. Maduro o fruto cai ao chão, sem danificar-se; deve-se preferir frutos arredondados e com casca lisa. Para consumo imediato o fruto é colhido maduro; para transportar colher o fruto "de vez".
Cada planta pode produzir 300 Kg de frutos/safra (15.000 frutos). Um hectare com 100 plantas, produziria 30 toneladas. O umbu é considerado produto vegetal de extração (não cultivado), coletado em árvores que crescem espontaneamente. Em 1988 a produção brasileira foi de 19.027t. (Bahia - 16.926t).
As regiões econômicas do Baixo Médio São Francisco, Nordeste e Sudoeste são importantes produtoras de umbu na Bahia.
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Frutos do Sertão II

Umbu
Nome científico : Spondias tuberosa Arruda
O umbuzeiro foi batizado por Euclides da Cunha em, Os Sertões, como uma árvore sagrada da caatinga. Graciliano Ramos também o descreve em Infância e Gilberto Freyre disseminou a receita de um doce de calda preparado com umbu verde. Árvore com até 6 m de altura de copa ampla em forma de guarda-chuva com diâmetro de 10 a 15 m projetando sombra densa sobre o solo.
O umbuzeiro perde totalmente as folhas durante a época seca e reveste-se de folhas após as primeiras chuvas.
Flores brancas, aromáticas e melíferas. A floração, pode iniciar-se após as primeiras chuvas independentemente da planta estar ou não enfolhada; a abertura das flores dá-se entre 0 hora e quatro horas (com pico as 2 horas).
Frutos tipo drupa de forma arredondada, de 2 a 4 cm de comprimento, casca amarelo-esverdeada com um caroço. Polpa comestível branca, mole, suculenta e de sabor agridoce. 60 dias após a abertura da flor o fruto estará maduro.
Frutificação no verão. O umbu é utilizado na fabricação de polpa, suco, sorvete, doce, geléia e uma grande variedade de produtos. Industrializado o fruto apresenta-se sob forma de sucos engarrafados, de doces, de geléias, de vinho, de vinagre, de acetona, de concentrado para sorvete, polpa para sucos.
O umbu possui metade de vitamina C do suco de laranja. A resistência à seca é a principal característica do umbuzeiro, uma planta originária do semi-árido nordestino. É na raiz que se encontra o cheropódio, uma espécie de batata que armazena água utilizada pela planta nos períodos mais secos. Um umbuzeiro adulto vive em média 100 anos e pode até armazenar dois mil litros de água em suas raízes.
Seu nome em tupi-guarani é "y-mb-u", que significava "árvore que dá de beber"

Notícias do PRODECENTRO

BOM EXEMPLO.
No Assentamento Americana, no município de Grão Mogol, região norte de Minas Gerais, há de tudo um pouco - hortaliças, legumes, frutas, frutos típicos do bioma cerrado que cobre a região, criação de animais. De acordo com o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAANM), que presta assessoria aos assentados desde o início da ocupação da área, tecnicamente o que está sendo desenvolvido na região é o que se chama de sistemas agroflorestais e silvipastoris - ou seja, a conciliação de atividades agrícolas com a criação de animais e o extrativismo, de forma a garantir a preservação do bioma cerrado e também a produção de alimentos saudáveis. A situação dos moradores do assentamento Americana, onde, segundo eles próprios, "há de tudo um pouco", é um exemplo de como a agricultura familiar, sobretudo a prática agroecológica, podem garantir a segurança e a soberania alimentar.
Mas o que significa segurança alimentar? De acordo com o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), órgão consultivo ligado à Presidência da República, a concretização da segurança alimentar "consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis". Outra característica da produção em Americana que garante a segurança alimentar da população é que, além da diversidade de produtos e da convivência com o meio ambiente, os agricultores praticam a agroecologia - um conjunto de princípios que balizam a agricultura, entre eles a não utilização de agrotóxicos. A EPSJV participou da visita ao assentamento Americana durante a programação da Oficina Territorial de Diálogos e Convergências do Norte de Minas, que reuniu experiências dos agricultores familiares locais como etapa preparatória a um encontro nacional.
Na mesa dos brasileiros: resultados da agricultura familiar
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), é a agricultura familiar a grande responsável pela alimentação da população brasileira, garantindo em torno de 70% do que é consumido. "É a agricultura familiar que produz feijão, arroz, leite, verdura, é a produção diversificada que consumimos todos os dias. Tem uma importância muito forte para a segurança alimentar e também para a soberania alimentar", afirma o secretário nacional de agricultura familiar do MDA Laudemir Muller. Ele diz que a produção da agricultura familiar tem crescido muito, acompanhando o consumo de alimentos, que também aumentou. Laudemir explica que a soberania alimentar também é garantida com este modelo de agricultura. "É a agricultura familiar que preserva as tradições, que tem uma produção diversificada, que mantêm a tradição das sementes. Então, na escolha do que nós comemos, a agricultura familiar é o grande bastião dessa diversidade, seja dos povos da floresta, do cerrado, dos grupos de mulheres", comenta.
Entretanto, dados do próprio Consea mostram que o agronegócio cresce mais do que a agricultura familiar e, de acordo os participantes da Oficina Territorial de Diálogos e Convergências do Norte de Minas, este modelo de produção tem ameaçado a segurança e a soberania alimentar do país por vários motivos. Entre os problemas do agronegócio estão a concentração de terras e, consequentemente, a diminuição das áreas destinadas à agricultura familiar; a baixa diversidade de produção, pois há regiões inteiras com apenas uma espécie plantada - como as monoculturas de eucalipto, cana de açúcar e soja; e a utilização de tecnologias como a dos agrotóxicos e transgênicos, que apresentam um risco para a saúde.
Um relatório do Consea lançado no final de 2010, que avalia, desde a Constituição de 1988 até a atualidade, a segurança alimentar e nutricional e o direito humano à alimentação adequada no Brasil, apresenta dados que confirmam este problema. De acordo com o estudo, o ritmo de crescimento da produção agrícola destinada à exportação é muito maior do que para o consumo interno. "A área plantada dos grandes monocultivos avançou consideravelmente em relação à área ocupada pelas culturas de menor porte, mais comumente direcionadas ao abastecimento interno. Apenas quatro culturas de larga escala (milho, soja, cana e algodão) ocupavam, em 1990, quase o dobro da área total ocupada por outros 21 cultivos. Entre 1990 e 2009, a distância entre a área plantada dos monocultivos e estas mesmas 21 culturas aumentou 125%, sendo que a área plantada destas últimas retrocedeu em relação a 1990. A monocultura cresceu não só pela expansão da fronteira agrícola, mas também pela incorporação de áreas destinadas a outros cultivos", diz o documento.
O relatório também faz um alerta sobre o uso de agrotóxicos. "O pacote tecnológico aplicado nas monoculturas em franca expansão levou o Brasil a ser o maior mercado de agrotóxicos do mundo. Entre as culturas que mais os utilizam estão a soja, o milho, a cana, o algodão e os citros. Entre 2000 e 2007, a importação de agrotóxicos aumentou 207%. O Brasil concentra 84% das vendas de agrotóxicos da América Latina e existem 107 empresas com permissão para utilizar insumos banidos em diversos países. Os registros das intoxicações aumentaram na mesma proporção em que cresceram as vendas dos pesticidas no período 1992-2000. Mais de 50% dos produtores rurais que manuseiam estes produtos apresentam algum sinal de intoxicação", denuncia o Consea.
Para a presidente do Conselho Federal de Nutricionistas, Rosane Nascimento, não é necessário que o Brasil lance mão de práticas baseadas no uso de agrotóxicos e mudanças genéticas para alimentar a população. "Estamos cansados de saber que o Brasil produz alimento mais do que suficiente para alimentar a sua população e este tipo de artifício não é necessário. A lógica dessa utilização é a do capital em detrimento do respeito ao cidadão e do direito que ele tem de se alimentar com qualidade", protesta. Ela explica por que os transgênicos ameaçam a soberania alimentar. "O alimento transgênico foi modificado na sua genética e gerou uma dependência de um produto para ser produzido, então não é soberano porque irá depender de uma indústria de sementes para produzir aquele alimento, quando na verdade ele deve ser crioulo, natural daquela região, daquela localidade, respeitar os princípios da soberania", afirma.
Enquanto o MDA aposta na agricultura familiar e procura desenvolver políticas públicas para fortalecer esta atividade, segundo afirma o próprio ministério, outro ministério - o da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), aposta no agronegócio. O MAPA confirma, por meio da assessoria de imprensa, o alto desempenho da agricultura para exportação no Brasil. "O Brasil alcançou recorde nas exportações brasileiras do agronegócio nos últimos 12 meses. O número chegou a US$ 78,439 bilhões, um valor 19,8% acima do exportado no mesmo período do ano passado (US$ 65,460 bilhões)", afirma o ministério. Segundo dados do MAPA, em janeiro de 2011, a exportação de carnes foi a mais lucrativa, seguida pelos produtos do complexo sucroalcooleiro (açúcar e álcool), produtos florestais (que incluem borracha, celulose e madeira), café e o complexo soja (farelo, óleo e grãos).
Questionado sobre o uso abusivo de agrotóxicos na agricultura brasileira, o MAPA responde: "O que podemos dizer é que, em 2010, os fiscais federais agropecuários do Ministério da Agricultura analisaram 650 marcas de agrotóxicos, em 197 indústrias do país. Do total, 74 produtos apresentaram irregularidades, o que representou 428,9 toneladas apreendidas. O resultado aponta que 88,6% dos agrotóxicos estavam dentro dos padrões". E continua: "O papel do Ministério da Agricultura é assegurar que os agrotóxicos sejam produzidos por empresas registradas e entrem no mercado da forma que consta no registro. Fazemos a fiscalização para verificar, desde a qualidade química do produto até o processo de fabricação e rotulagem".
Já o MDA alerta que a monocultura de uma forma exagerada, com grandes proporções, pode trazer problemas. "O ministério tem trabalhado para apoiar e viabilizar, com políticas públicas, este modelo de agricultura familiar, que é um modelo diversificado. Nós não achamos interessante a monocultura, seja a grande monocultura ou a pequena monocultura. Para a nós a diversidade é muito importante. Para nós, o modelo mais adequado e mais necessário para o país é o da agricultura familiar", reforça Laudemir Muller. O secretário destaca também que é um entusiasta da agroecologia. "Nós sabemos que, infelizmente, o país está com este título (de maior consumidor de agrotóxicos do mundo), e isso é uma das conseqüências da expansão da monocultura em nosso país. É preciso apoiar firmemente quem quer produzir de uma forma agroecológica", diz

Notícias do PRODECENTRO II

OBSERVEM O TEMA.

Os custos econômicos e sociais do desperdício

Por Dal Marcondes*

30/03/2011 – Quando a colônia brasileira começou a ser ocupada em 1500, e os europeus começaram a fundar cidades, pequenas fontes de água bastavam para abastecer uns poucos cidadãos e animais. Ficar perto de grandes rios não era parte dos planos de José de Anchieta e Manoel da Nóbrega. O Colégio dos Jesuítas fincou pé num outeiro, lugar apropriado para se defender dos possíveis ataques de índios, mas com muito pouca água. Contudo, dessa vila nasceu São Paulo, metrópole de quase 20 milhões de habitantes que precisam de cerca de 80 litros de água tratada por pessoa, ao dia, para suas necessidades domésticas. Um volume que já não consegue mais ser atendido pelos mananciais próximos, que, pelos critérios da ONU, têm sete vezes menos a capacidade necessária à população que atendem. É preciso ir buscar o líquido cada vez mais longe e tratar águas cada vez mais poluídas, a fim de torná-las próprias para o consumo.
Um levantamento recém-divulgado pela Agência Nacional de Água (ANA) aponta que o problema do abastecimento é generalizado pelo País. Dos 5.565 municípios brasileiros, mais da metade terão problemas de abastecimento até 2015. E para tentar adiar o problema por ao menos uma década será preciso desembolsar 22 bilhões de reais em obras de infraestrutura, construção de sistemas de distribuição, novas estações de tratamento e manutenção de redes muito antigas, que perdem mais de 30% da água tratada antes de chegar à casa dos clientes. E nesse valor não estão incluídos os recursos necessários para resolver o problema do saneamento básico, com a construção de sistemas de coleta de esgoto e estações de tratamento, de forma a proteger os mananciais onde se faz a captação para consumo humano. Para isso, segundo a ANA, serão necessários outros 47,8 bilhões de reais.
Os investimentos não são necessários apenas porque 13% dos brasileiros não têm um banheiro em casa, ou porque mais de 700 mil pessoas entopem os serviços de saúde a cada ano em virtude de doenças provocadas pelo contato com água contaminada por esgotos, ou ainda porque sete crianças morrem por dia vítimas de diarreia, engrossando a estatística de mortes por problemas gastrointestinais (em 2009, elas somaram 2.101 casos). Acredita-se que mais da metade poderiam ter retornado com saúde para suas famílias, ou mesmo nem ter ficado doentes, caso o Brasil estivesse entre as nações que oferecem saneamento básico universal à população.
Para tornar a situação ainda mais dramática, um pesquisador da Universidade do México, Christopher Eppig, concluiu: crianças que enfrentam doenças, principalmente ligadas a diarreia e desidratação, podem ser afetadas em seu desenvolvimento intelectual. Segundo ele, a explicação é simples. Alguns parasitas alimentam-se de partes do corpo humano e a reposição desse dano tem alto custo energético. “Em um recém-nascido, 87% das calorias absorvidas na alimentação vão para o cérebro, porcentagem que cai para 23% na fase adulta. Daí a preocupação em se saber se doenças que “roubam” energia das crianças podem afetar seu desenvolvimento intelectual.”
Especialistas apontam que a questão da água, ao menos no caso brasileiro, está mais ligada a problemas relacionados à gestão do que à escassez propriamente dita. Com 12% da água doce superficial do planeta, grande parte dela na Bacia Amazônica, o País deveria estar tranquilo em relação ao futuro do abastecimento. Mas a distribuição da água pelo território é desigual, principalmente quando comparada à concentração da população. A Região Norte tem 68% da água e apenas 7% da população. O Nordeste e o Sudeste concentram 72% dos habitantes e menos de 10% da água. O cientista José Galizia Tundisi, autor do livro “Água no Século XXI” e especialista nas dinâmicas de rios, lagos e outros mananciais, acredita que uma das primeiras providências a serem tomadas para melhorar a gestão dos recursos hídricos é “realizar a avaliação econômica dos serviços prestados pelos recursos dos ecossistemas aquáticos”. Para ele, instituir um valor para esses serviços é a base para uma governança adequada, essencial para o controle de clima, o abastecimento e a produção de energia e alimentos, entre outras atividades humanas.
Muitas empresas compreenderam o desafio e estão adiantadas na gestão dos usos de água em seus processos produtivos. A indústria de celulose, por exemplo, reduziu em quase 50% suas necessidades de água por tonelada de produto desde a década de 1970. Segundo a associação do setor, a média era de 100 metros cúbicos de água por tonelada de celulose e caiu para apenas 47 metros cúbicos atualmente. Outros setores seguiram a mesma linha, não apenas ao reduzir a quantidade de água necessária por unidade de produto, mas ao implantar sistemas de tratamento de águas industriais que permitem fechar o ciclo entre o uso e o reuso, como é o caso da germânica Basf em suas unidades do ABC Paulista e Guaratinguetá. Nos últimos dez anos, a companhia conseguiu reduzir em 78% o consumo de água por tonelada produzida e em 62% a geração de efluentes de seus processos industriais. São exemplos que poderiam ser difundidos por diferentes setores, pois a água é um insumo fundamental à agricultura e à indústria. Sua gestão não tem relação apenas com o bem-estar da população, mas com a saúde da economia.
Quase tudo que é produzido no País tem sua cota de água embutida. Os especialistas denominam de “água virtual”. Como exemplo, para se produzir 1 quilo de arroz são necessários 3 mil litros de água, e 1 quilo de carne bovina precisa de 15,5 mil litros. Uma simples xícara de café não gasta menos do que 140 litros de água. Não é que essa água desapareça depois de servido o cafezinho, mas para se chegar aos produtos tão necessários nas mesas das pessoas é preciso que ela esteja não apenas disponível, mas limpa, isenta de contaminações por esgotos ou produtos químicos. E há mais. Para um automóvel chegar à garagem dos brasileiros, o consumo de recursos hídricos chega a 150 mil litros. Ou seja, a economia precisa, e muito, de água de boa qualidade. Isso sem mencionar o fato de que 18% das faltas de trabalhadores ao serviço poderiam ser evitadas com uma gestão mais eficaz dos recursos hídricos.
Segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabela Teixeira, o estudo lançado pela ANA é um primeiro passo para um importante debate sobre como o estresse hídrico dos mananciais afeta o abastecimento das principais regiões metropolitanas e piora a situação da água em todos os municípios brasileiros. Para ela, é necessário encarar o fato de que a segurança no abastecimento de água é estratégica e que o recurso é escasso. “Precisamos investir na infraestrutura, mas também mudar a forma de usar esse recurso e coibir os desperdícios”, disse na terça-feira 22, escolhido para ser o Dia Mundial da Água. Segundo a ministra, os investimentos necessários para minimizar os problemas com água, estimados pela ANA em 22 bilhões de reais, já estão sendo feitos em diversas esferas de governo, nas obras do PAC, do governo federal, e por estados e municípios. Ela lembra, porém, que existem fatores que dependem de mudanças de comportamento da sociedade. “Há um grande desperdício de água pelas populações e empresas que têm acesso ao recurso e não o tratam como um bem escasso.”
A questão da gestão dos recursos hídricos passou por uma grande transformação no Brasil no fim do século passado, quando as empresas estaduais de água e saneamento perderam o monopólio do mercado. Muitas foram municipalizadas e outras privatizadas, além de terem continuado a existir companhias estaduais, como o caso da Sabesp, em São Paulo, uma referência para o setor. A Sabesp é a única empresa de saneamento a fazer parte do Índice Dow Jones Sustainability, e do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&F-Bovespa, a Bolsa de Valores de São Paulo. Mas o período de mudanças no País não foi tranquilo nem a gestão privada se mostrou um bom negócio em todos os casos. A cidade de Manaus, por exemplo, foi a primeira capital a privatizar os serviços. O abastecimento não deveria, aliás, ser problema para um município que tem quase 10% da água doce do planeta a escorrer à sua porta pelos rios Negro, Solimões e Amazonas. Mas não é bem assim. Em 2000, a gestão foi transferida para a francesa Suez, a mesma que, por sua administração desastrada, quase provocou um golpe de Estado na Bolívia.
Para os franceses, parecia fácil. Havia muita água disponível e uma população de quase 2 milhões de habitantes que deveria pagar por ela. Tradicionalmente, o serviço público de água da cidade era muito ruim, portanto, “bastaria oferecer um bom serviço” para a conta fechar. Ledo engano. Como o serviço público nunca funcionou, a elite urbana da cidade nunca dependeu dele. A maior parte das casas e condomínios abastados tem seu abastecimento garantido por poços artesianos, um serviço que, depois de implementado, é de graça, sem conta mensal. A empresa francesa ficou apenas com a gestão do consumo da população pobre e com a obrigação de recolher o esgoto da cidade, pelo qual também não se pagava, uma vez que a taxa de esgoto está embutida na conta de água. Em 2007, a Suez saiu da sociedade com o grupo brasileiro Solvi e a Águas do Amazonas continua privatizada, mas agora sob a gestão de um grupo nacional que teve de renegociar as condições do contrato de concessão com a prefeitura.
Outro mau exemplo foi a municipalização da empresa de água em Guarulhos, uma das maiores cidades da região metropolitana da São Paulo. Apesar de ter uma rede de esgotos que abrange a maior parte do município, a companhia não trata um litro sequer do esgoto coletado. É de lá que vem a poluição que transformou o rio Tietê em um canal fétido e putrefato.
O esgoto não tratado tem impacto sobre outro setor estratégico da economia, o turismo. Principalmente no Nordeste, a presença de “línguas negras” a cruzar praias que deveriam ser refúgios ambientais assusta os operadores turísticos e preocupa o setor hoteleiro. Mas mesmo regiões do “Sul Maravilha”, como Santa Catarina, muito buscada por turistas sul-americanos, padece da falta de infraestrutura. Florianópolis tem apenas 67% de acesso à rede de esgotos, enquanto o badalado município de Canavieiras tem pouco mais de 40% do esgoto coletado. As duas cidades têm as melhores redes estaduais. A quinta colocada não chega a tratar 3% dos dejetos.

Nos próximos anos, o Brasil vai receber grandes eventos internacionais, a começar pela Cúpula das Nações Unidas Rio+20, que reunirá chefes de Estado e de governo para debater os avanços e as crises ambientais do planeta. Em seguida virão a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Um dos indicadores fundamentais de desenvolvimento é o acesso à água de boa qualidade e a coleta e tratamento universal de esgotos, setores em que o País ainda tem muito a caminhar. Dados de 2007 do IBGE mostravam que 90% dos domicílios têm acesso a redes de água tratada. Na área rural, o número não passa de 50%, enquanto no caso da coleta e tratamento de esgotos os dados são completamente díspares. Vão de 40% a 77% de esgotos coletados. Mas apenas 36% passam efetivamente por uma estação de tratamento antes de serem devolvidos aos cursos d’água.