segunda-feira, 30 de maio de 2022

 

Preocupações globais com o clima na Terra

É inegável que, apesar das críticas que recebe mundo afora, o Brasil tem implementado medidas que apontam para a sustentabilidade ambiental, como o plantio direto na palha, a integração lavoura-pecuária-floresta, o manejo integrado de pragas, os programas de microbacias, a produção e uso de bioinsumos, entre outros, em contraste com as práticas dos anos 60 a 80, período durante o qual se privilegiou o aumento da produção, via expansão da área, com pouca preocupação com a dimensão ambiental.


Amélio Dall’Agnol, pesquisador da Embrapa Soja

Produzir alimentos, sem comprometer os recursos naturais provedores da sobrevivência das gerações futuras, é mandatório. Os consumidores mundo afora o exigem. Os eventos climáticos extremos, cada vez mais frequentes no Planeta Terra por causa do excessivo aquecimento da atmosfera, indicam a importância que precisa ser atribuída ao ambiente terrestre, sinalizando que no futuro, a geopolítica enfatizará a dimensão ambiental em suas relações multilaterais. Até o momento, levando-se em conta o faturamento, um quinto das principais empresas globais, em 15 dos principais setores da economia, estão comprometidas em reduzir as emissões dos gases de efeito estufa (GEE) pela metade, ainda nesta década.

Brasil tem implementado medidas de sustentabilidade ambiental, como ILPF

O pacto celebrado recentemente por mais de 200 países na COP26 (Glasgow, Escócia), confirma o compromisso dessas nações de reduzir em 1,5ºC a temperatura da superfície terrestre, acelerando a implementação dos objetivos estabelecidos pelo Acordo de Paris, em 2015. Para que tal redução ocorra, a COP26 encorajou os participantes a acelerarem a transição de uso de combustíveis fósseis para fontes de energia que emitem quantidades menores de CO2, o gás que mais promove o aquecimento da atmosfera; não devido ao seu poder de contaminação atmosférica por unidade de produto, mas pela grande quantidade emitida.

O Brasil assumiu quatro compromissos na COP26: 1º) corte de 50% na emissão de CO2 até 2030; 2º) economia carbono zero até 2050; 3º) zero desmatamento ilegal até 2030; e 4º) redução de 30% na emissão de metano, até 2030. O metano é um gás produzido principalmente no rúmen dos bovinos, mas também na decomposição da matéria orgânica em pântanos e lixões, entre outros. É o segundo gás que mais promove o aquecimento da atmosfera. Só não é pior do que o CO2, porque este é produzido em muito maior quantidade. Apenas para ilustrar, 1 kg de metano causa 86 vezes mais efeito estufa do que 1 kg de CO2.

É inegável que, apesar das críticas que recebe mundo afora, o Brasil tem implementado medidas que apontam para a sustentabilidade ambiental, como o plantio direto na palha, a integração lavoura-pecuária-floresta, o manejo integrado de pragas, os programas de microbacias, a produção e uso de bioinsumos, entre outros, em contraste com as práticas dos anos 60 a 80, período durante o qual se privilegiou o aumento da produção, via expansão da área, com pouca preocupação com a dimensão ambiental.

À raiz dos eventos climáticos devastadores (Petrópolis-RJ e Franco da Rocha-SP, por exemplo), governos e integrantes de organizações da sociedade civil aportaram em Glasgow, Escócia, determinados a exigir dos governos, ainda nesta década, a redução drástica das emissões de GEE. Muito se fez, ou está sendo feito, para reduzir as emissões de CO2 na atmosfera via promoção de mudanças na matriz energética global – excessivamente dependente do uso de combustíveis fósseis – para fontes renováveis de energia (hidroeletricidade, energia solar e eólica, assim como biocombustíveis).

Em 2010, a eletricidade proveniente de fontes eólicas e solares no mundo era de apenas 1,7%, evoluindo para os atuais quase 10%. Cresceu, mas não está sendo suficiente para evitar que o Planeta ultrapasse o limite de 1,5°C de aquecimento estabelecido no Acordo de Paris, em 2015. Para evitar a violação desse limite, as emissões precisam ser reduzidas pela metade até 2030 e atingir o zero líquido por volta de 2050. Chega de blábláblá. A Terra está a exigir mais compromisso da sociedade para sustentar-se, um compromisso que precisa ser levado a sério por todos.


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