sábado, 20 de novembro de 2021

 

Pesquisadores brasileiros mostram em Portugal as tecnologias conservacionistas para poupar terra e melhorar o meio ambiente

   

As tecnologias conservacionistas foram apresentadas no Seminário Agronegócio Sustentável no Brasil e Mostra da Economia Criativa da Amazônia, debatido em Lisboa, Portugal. O presidente da Embrapa, Celso Moretti, mostrou os resultados de tecnologias conservacionistas com efeito poupa-terra em painel que discutiu o agronegócio sustentável. As tecnologias conservacionistas e com efeito poupa-terra desenvolvidas pela Embrapa foram destaques no Seminário realizado semana passada, no formato híbrido, uma iniciativa da APEX com apoio institucional do Senado Federal e da Câmara dos Deputados.

O evento incluiu quatro ciclos de palestras, onde especialistas debateram o agronegócio sustentável no Brasil, a relação do comércio exterior com a segurança alimentar, o financiamento do desenvolvimento sustentável e a economia criativa na Amazônia. O presidente Celso Moretti participou do painel que discutiu o agronegócio sustentável, junto com o governador do Estado do Pará, Helder Barbalho; o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais e ex-secretário de Política Agrícola do Mapa, André Nassar; e o presidente do Sebrae Nacional, Carlos Melles.

Moretti falou sobre os três pilares da pesquisa pública que contribuíram para o desenvolvimento da agricultura tropical brasileira. “A pesquisa pública abriu caminho para um setor privado ágil, punjante e empreendedor”, afirmou. Ele lembrou que nos últimos 50 anos, a Pesquisa, o Desenvolvimento e a Inovação (PDI) na agricultura brasileira removeram limitações importantes e permitiram que o Brasil saísse da condição de importador de alimentos para exportador e responsável por alimentar atualmente mais de 800 milhões de pessoas no mundo.

Entre os três pilares estão a transformação dos solos ácidos e pobres em solo fértil, a tropicalização de variedades e animais e o desenvolvimento de uma plataforma de produção sustentável.

Como exemplo do potencial agrícola nacional, a partir da tropicalização de variedades e animais, citou o que hoje representa a cultura do milho, distribuída em todo território nacional, e o que pode vir a ser o trigo tropical, desenvolvido por pesquisadores. “O mundo não acredita que seríamos capazes de fazer isso, mas a Embrapa, junto com parceiros, está tropicalizando o trigo. Um produtor de Cristalina (GO) colheu há exatos 48 dias 9,6 mil quilos de trigo por hectare. Foi recorde mundial. O Brasil ainda importa trigo, é a única commodity que ainda importamos, mas com investimento, políticas públicas adequadas vamos nos tornar autossuficientes.

Com relação ao terceiro pilar, o desenvolvimento de uma plataforma de produção sustentável, Moretti reafirmou a importância do Sistema Plantio Direto, da Fixação Biológica do Nitrogênio e do ILPF. “O Brasil já saiu do discurso e veio para a ação na agricultura brasileira, na agricultura de baixo carbono”, disse o gestor da Embrapa. Moretti lembrou que quando se tem dados não há argumentos e mostrou a percentagem que cada país utiliza em sua conservação ambiental. “Desmatamento ilegal é um problema que precisa ser tratado, mas não é coisa de produtor rural, que respeita a legislação”, afirmou.

Ele apresentou um mapa produzido a partir de dados obtidos da Nasa, do Serviço Geológico Americano e da Google enfatizando que na Dinamarca, 76% do território é ocupado pela agricultura, enquanto que no Brasil a agricultura ocupa apenas 7,6% em produção de grãos. Sobre o plantio sobre a palha, Moretti explicou que o Brasil consegue fazer até três safras por ano, com possibilidade de uma quarta safra que vem sendo chamada de colheita do carbono. O Brasil usa 7,6% do território para a produção de grãos e tem mais 90 milhões de hectares com algum dado de degradação que podem vir a se tornar agricultáveis. “São pastagens degradadas que podem ser convertidas para a agricultura, permitindo que se dobre a produção de alimentos, fibras e energia sem necessidade de desmatamento ilegal e respeitando o Código Florestal”, concluiu.

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