terça-feira, 9 de novembro de 2021

Estudo no Brasil - Doença Transmitida Pelo Bezouro do Eucalipto

 

Estudo identifica, no Brasil, doença transmitida pelo besouro do eucalipto

  

O estudo inédito confirmou a presença do microrganismo em duas espécies do besouro presentes no Brasil, G. platensis e G. pulverulentus. Pesquisadores da Unesp, Embrapa e Serviço de Investigação Agrícola, Centro Nacional de Investigação da Utilização Agrícola (USDA), relataram a ocorrência de microsporídios, agentes infecciosos conhecidos por causar microsporidiose no gorgulho do eucalipto ( Gonipterus platensis ), em plantações comerciais de eucaliptos.

Foi verificado que a prevalência da infecção natural causado pelo patógeno nos insetos coletados em 14 plantações, variou de 0 a 65%, indicando que está se espalhando pelo País. Em uma colônia do inseto mantida em condições de laboratório, foi detectada uma porcentagem de 70% de infecção.

Conforme os pesquisadores, o gorgulho do eucalipto é uma das principais pragas desta cultura no Brasil. Nativa da Austrália, o inseto possui alto potencial destrutivo, pois adultos e larvas se alimentam principalmente de folhas jovens, com distribuição nas regiões Sul e Sudeste. Em estudo realizado em Portugal, a desfolha por essa praga resultou em perdas de madeira no valor de 648 milhões de euros nos últimos vinte anos.

De acordo com Carolina Jordan da Unesp, “infecções por microsporídios já foram documentadas em outros gorgulhos, bem como em outros besouros, sendo esse patógeno fúngico comum e com grande potencial de infecção em diversas espécies de besouros”.

Indivíduos adultos do gorgulho do eucalipto coletados em três estados brasileiros, SP, PR e RS, foram diagnosticados com uma doença microsporidiose associada à presença do patógeno nos insetos. O microsporídio é um parasita intracelular obrigatório e, por isso, necessita do seu hospedeiro vivo para se multiplicar e completar seu ciclo.

“Em geral, o papel dos microsporídios como patógenos de insetos exige que consideremos seus efeitos ecológicos ao desenvolver um programa de controle biológico de pragas”, explica o analista da Embrapa Meio Ambiente Gabriel Mascarin. Esse grupo de patógenos pode causar uma doença crônica, que é debilitante para o hospedeiro. Além disso, a transmissão dos microsporídios ocorre por um ou mais meios, incluindo a ingestão de esporos presentes no ambiente, e a transmissão vertical dos pais para um prole, o que facilita sua multiplicação e persistência na população do hospedeiro.

Em sintese, enfatiza Jordan, a pesquisa aponta para uma provável espécie nova desse patógeno, subsidiando novos estudos sobre sua biologia e distribuição, bem como identificando seu potencial como fator positivo ou negativo em programas de proteção florestal contra Gonipterus spp . em plantações de eucalipto no Brasil. Aliado a isso, são adicionados mais estudos para determinar o potencial deste microsporídio no desenho de programas de controle biológico conservacionista ou aumentativo desta praga invasora.

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