sábado, 15 de julho de 2023

 

Nova cultivar de morangueiro permite plantio antecipado e produção por até sete meses

  • Edital para multiplicadores interessados está disponível aqui.
  • Lançamento oficial será feito em setembro, durante a Expointer, em Esteio (RS).
  • Disponibilização da BRS DC25 (Fênix) contribui para maior autonomia aos produtores e ao País quanto ao acesso a mudas.
  • Nacionalização da produção de mudas impacta na redução dos custos com aquisição de mudas e garante que as divisas geradas pelo setor fiquem no País.
  • Frutas da BRS DC25 (Fênix) têm sabor mais doce, atendendo à preferência dos consumidores brasileiros. Também possuem maior firmeza, o que garante melhor durabilidade durante o transporte e mais tempo de prateleira.
  • Precocidade do início da produção da variedade permite intervalo menor entre plantio e início da colheita, garantindo produção ininterrupta por até sete meses.

 


A Embrapa Clima Temperado (RS) desenvolveu uma cultivar nacional de morangueiro que se destaca pela precocidade do início da produção dos frutos, o que permite intervalo menor entre plantio e início da colheita, aumentando a janela de produção por até sete meses (de junho a dezembro) e estendendo a oferta de frutas de qualidade. Para o produtor, isso maximiza o retorno econômico pela obtenção de preços mais elevados em período anterior às principais cultivares disponíveis no mercado. O desenvolvimento da cultivar contou com a participação da Embrapa Hortaliças (DF), Embrapa Meio Ambiente (SP) e Embrapa Uva e Vinho (RS).

Foi aberto edital em 22/06/2023 para laboratórios e viveiristas interessados em multiplicar esta nova variedade de morangueiro, a BRS DC25 (Fênix), com lançamento em setembro.

O material se destaca pelo equilíbrio entre açúcar e acidez, o que resulta em frutas de sabor mais doce, atendendo à preferência nacional. Os frutos apresentam boa firmeza, o que garante maior resistência ao transporte e ótima durabilidade pós-colheita, com mais tempo de prateleira.

Foto: Paulo Lanzetta

 

A Fênix é recomendada para as regiões Sul e Sudeste do Brasil, sendo adequada aos sistemas de produção convencional e orgânico. A variedade tende a manter boa produtividade de frutas grandes, com estabilidade de tamanho ao longo da safra. O potencial produtivo pode chegar a 1,2 quilo por planta, dependendo das condições de cultivo.

As frutas são grandes, com peso médio de 23 gramas, e de cor vermelha intensa, com predominância do formato cônico, típico do morango. A nova variedade é destinada ao consumo in natura, mas também pode ser utilizada na indústria de frutas congeladas.

 

Mais autonomia ao setor produtivo

A disponibilização da BRS DC25 (Fênix) atende a uma demanda do setor produtivo, o qual reivindicava autonomia no acesso a novas cultivares. Os materiais atualmente utilizados pelos produtores são, majoritariamente (95%), de genética norte-americana. Parte das mudas é produzida no Chile e Argentina (30%), principalmente, o que aumenta os custos de produção e o valor da comercialização de morangos no Brasil. A outra parte é produzida por viveiristas nacionais, também com cultivares majoritariamente norte-americanas (70%).

O desenvolvimento de variedades brasileiras, aliado a um sistema de produção de mudas adequado, diminui essa dependência de cultivares estrangeiras e dá mais independência de escolha para o produtor. A ampliação da nacionalização da produção de mudas pode impactar na redução dos custos com aquisição de mudas e garantir que as divisas geradas pelo setor, como os royalties das variedades e o lucro da produção de mudas, fiquem no País.

Avaliações nas principais regiões produtoras

Para validação dos materiais mais promissores, seleções são anualmente testadas em diferentes sistemas produtivos utilizados no País. As avaliações da BRS DC25 (Fênix) foram realizadas em 18 Unidades de Observação (UO), em produtores parceiros em municípios dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Distrito Federal. O objetivo foi avaliar o comportamento e a adaptação da cultivar a diferentes regiões do Brasil.

O produtor de Pelotas (RS) Diego Bonemann, que cultiva morangos há mais de 40 anos, é um dos parceiros da Embrapa e já deu suporte na avaliação de mais de dez seleções avançadas do programa de melhoramento nos últimos cinco anos. Ele, inclusive, avaliou a cultivar BRS DC25 (Fênix) e aprovou. “Ela é bem firme. O sabor é muito bom também”, afirmou.

Foto: Francisco Lima

 

Seja parceiro para multiplicação e comercialização da cultivar

Podem participar apenas laboratórios e viveiristas com inscrição no Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem), do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Serão contemplados os laboratórios e viveiristas que enviarem as informações e a documentação exigidas em edital no prazo. A seleção será feita conforme ordem de recebimento, até o esgotamento dos lotes.

(Veja aqui o edital)

 

Retomada do desenvolvimento de novas variedades de morangueiro

O pesquisador da Embrapa responsável pelo trabalho de melhoramento, Sandro Bonow, explica que as novas variedades de morango a serem lançadas a partir deste ano devem ser batizadas com nomes de estrelas e constelações. A cultivar BRS DC25 (Fênix) foi nomeada a partir de uma constelação do Hemisfério Sul, mas também em alusão à ave mitológica que teria renascido das próprias cinzas.

Foto: Francisco Lima

 

O nome faz referência à retomada e renascimento do Programa de Melhoramento Genético de Morangueiro da Embrapa Clima Temperado. As primeiras pesquisas para desenvolvimento de novas variedades pela Embrapa tiveram início na década de 1950, na então Estação Experimental de Pelotas, atual Estação Experimental Cascata (EEC), com auge, até então, entre as décadas de 1960 e 1980.

Ao todo, a Embrapa havia lançado até o momento oito cultivares de morangueiro, além de recomendar quatro cultivares introduzidas de outros países para cultivo. Também publicou centenas de recomendações, ferramentas de apoio ao setor e avanços do conhecimento sobre a cultura. A maioria das variedades entregues na primeira fase do programa era voltada à indústria e apresentava maior acidez, o que vai de encontro ao interesse nacional atual quanto ao consumo de fruta fresca. Também estão, atualmente, desatualizadas para o setor produtivo.

Em 2010, um novo ciclo de trabalho teve início para retomada das pesquisas encerradas na década de 1990. O objetivo foi reverter o monopólio, no mercado nacional, das variedades desenvolvidas no exterior, dando mais autonomia à cultura no País. Mas o processo de melhoramento leva tempo. Para se obter uma nova variedade são necessários, no mínimo, sete anos entre os primeiros cruzamentos e o lançamento.

Atualmente, o objetivo do programa de melhoramento é disponibilizar ao setor produtivo, ao longo do tempo, um portfólio de cultivares adaptadas às condições climáticas e de cultivo das principais regiões produtoras do País, com equilíbrio em características como produtividade, comportamento em relação a pragas e doenças, qualidade da fruta, durabilidade no pós-colheita e, principalmente, sabor.

“Depois de 23 anos, a Embrapa volta ao mercado de cultivares de morangueiro, que é uma demanda muito forte do setor produtivo nacional, envolvendo desde laboratórios produtores de matrizes, viveiristas e produtores da fruta, com ênfase final no consumidor, fazendo com que ele tenha frutas de boa qualidade e de bom sabor para consumo”, completa Sandro.

Brasil é o principal produtor de morangos da América do Sul

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a produção do país em 2021 foi de 197 mil toneladas, em área colhida em torno de 5 mil hectares, conferindo ao país o título de maior produtor da América do Sul e o 8º maior produtor mundial. Por aqui, a produtividade ficou em torno de 38,7 toneladas por hectare.
Os maiores estados produtores são Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Espírito Santo e Santa Catarina.

Ainda segundo relatório da FAO, a produção mundial de morangos em 2021 foi de 9,1 milhão de toneladas, em área colhida em torno de 389,6 mil hectares, concentrada
principalmente no Hemisfério Norte. A produtividade média mundial foi de 23,5 toneladas/hectare. Os maiores produtores foram China, Estados Unidos, Turquia, México e Egito.

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