sexta-feira, 16 de abril de 2021

Criação de Galinhas Caipira: Manejo e Nutrição

 

Criação de galinha caipira: manejo e nutrição

 

A alimentação das aves representa cerca de 70% do custo da produção. Para criação de galinhas caipiras, deve-se buscar fontes alternativas de alimentos, principalmente energéticos e proteicos, como também formulações que atendam às necessidades qualitativas e econômicas de produção da galinha. Neste caso, não se deve utilizar promotores de crescimento, mesmo porque o crescimento lento, a busca de alimentos nos piquetes e o abate mais tardio serão elementos decisivos para que se obtenham as características de sabor, textura, odor e aparência desejados.  Também não há a preocupação de balanceamento de aminoácidos, principalmente na fase de terminação, pressupondo-se que uma grande variedade de alimentos será encontrada nos piquetes e que serão somados à dieta.

O desafio na criação de galinhas caipiras é tornar a produção mais eficiente com a diminuição dos custos com alimentação, sem perder as características dos seus produtos. A saída, então, seria conhecer mais o potencial nutritivo em cada situação (grãos, folhas, frutos, etc.) e processá-lo sem perdas, torná-lo disponível sempre que necessário e ofertá-lo às aves de acordo com as necessidades e peculiaridades de cada fase de criação. Com base nas observações das criações de quintal, onde as aves sobrevivem e reproduzem em níveis nutricionais que não seriam suficientes para aves de alta produtividade, é de esperar que o sistema gastrointestinal da galinha caipira tenha maior capacidade de digerir e absorver nutrientes a partir da ingestão de alimentos diversos do que teria a galinha industrial. Essa vantagem se deve à capacidade de trituração da sua moela (estômago mecânico) e à presença da flora no ceco (parte do intestino grosso), porções importantes do sistema gastrointestinal.

A grande maioria dos produtos que compõem a dieta das galinhas caipiras é de origem vegetal, portanto a qualidade desses produtos depende do ambiente de origem, como clima e solo, da planta e do processamento.

A recomendação é fornecer ração balanceada para as galinhas caipiras, mesmo se têm acesso à área externa. Uma dieta balanceada tem que possuir ingredientes que supram as necessidades estruturais, produtivas e também influenciem a capacidade de absorção de nutrientes das aves. Tal função fica a cargo dos minerais como o cálcio e fósforo (que se encontram no calcário calcítico, no fosfato bicálcico, nas farinhas de ossos calcinadas e de ostras), sódio que é encontrado no sal comum.

Os alimentos essencialmente energéticos são aqueles que apresentam, em mais de 90% da matéria seca, elementos básicos fornecedores de energia. Podem ser utilizados em pequenas proporções (açúcar, gordura de aves, gordura bovina, melaço em pó, óleo de soja degomado ou bruto) ou em proporções maiores, como no caso da raiz de mandioca integral seca.

Os alimentos energéticos (com mais de 3.000 kcal/kg do alimento) também podem ser fornecedores de proteína, por exemplo, a quirera de arroz (Oryza sativa), a cevada em grão (Hordeum vulgare), o grão de milho moído (Zea mays), o sorgo de baixo tanino (Sorghum bicolor), o trigo integral (Triticum sp.), o triticale (Tritricosecale sp.), entre outros. Alimentos são considerados proteicos quando têm mais de 16% de proteína bruta.

A fibra bruta é um elemento limitante na digestão dos alimentos, por isso seu fornecimento deve ser limitado. No caso de aves industriais, é estabelecido um limite de até 6% de fibra. Em se tratando de aves de quintal, que ingerem níveis de fibra superiores a esse, por meio de alimentos encontrados nos piquetes, ainda será necessário determinar até que nível essas aves apresentam bom desempenho. Alguns ingredientes energéticos, tais como, o farelo de arroz integral (Oryza sativa), o farelo de amendoim (Arachis hypogaea), a aveia integral moída (Avena sativa), o farelo de castanha de caju (Anacardium occidentale), a cevada em grão com casca (Hordeum vulgare), o farelo de coco (Cocos nucifera), a torta de dendê (Elaeis guineesis), o grão de guandu cozido (Cajanus cajan) e a raspa de mandioca (Manihot esculenta), apesar de terem energia metabolizável acima de 2.600 kcal/kg, têm teor de fibra bruta acima de 6% (Rostagno, 2005).

O leite desnatado em pó, a levedura seca, o glúten de milho, a soja cozida seca, a soja extrusada, alguns tipos de farelo de soja e a soja integral tostada são considerados alimentos mais completos por apresentarem elevados teores proteico (mais de 36% de proteína bruta) e energético (acima de 3.200 kcal/kg de alimento). Tais alimentos são usados como opções de ajuste nas dietas das aves.

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