sábado, 30 de maio de 2020

Agropecuária é único setor da economia com crescimento na pandemia, diz IBGE

Resultado positivo foi puxado pelo bom desempenho da safra, como a da soja, no primeiro trimestre do ano
A agropecuária apresentou crescimento de 0,6% no primeiro trimestre de 2020 em comparação ao quarto trimestre de 2019, conforme dados divulgados nesta sexta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do país. O setor foi o único da atividade econômica nacional a crescer no período analisado.
Em relação a igual período do ano anterior, no caso primeiro trimestre, a agropecuária teve crescimento de 1,9%. “Este resultado pode ser explicado, principalmente, pelo desempenho de alguns produtos da lavoura com safra relevante no primeiro trimestre, como a soja, e pela produtividade, visível na estimativa de variação da quantidade produzida vis-à-vis a área plantada”, diz o IBGE. O PIB do país teve contração de 1,5% nos primeiros três meses do ano no comparativo com o quarto trimestre do ano passado.
A ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) tem destacado as ações adotadas pelo Mapa e demais órgãos do governo federal para garantir o abastecimento interno de alimentos, as exportações dos produtos agropecuários e o funcionamento sem interrupção da cadeia produtiva do agro durante a pandemia.
“Temos tido sucesso com isso porque, além da grande safra que foi colhida neste verão, temos tido a logística absolutamente normalizada. Portanto, além do abastecimento dos 212 milhões de brasileiros, também temos conseguido cumprir a nossa missão de provedores de alimentos do mundo”, disse a ministra, ao participar de balanço das ações de combate aos impactos do coronavírus no dia 26 deste mês, no Palácio do Planalto.
O Governo Federal tem atuado ainda na abertura de mercados para os produtos do agro brasileiro. Desde janeiro de 2019, foram mais de 60 mercados abertos para os mais diversos produtos, como castanha-de-baru para Coreia do Sul, melão para China (primeira fruta brasileira para o país asiático), gergelim para a Índia, castanha-do-Brasil (conhecida também por castanha-do-Pará) para Arábia Saudita e material genético. As exportações do agronegócio atingiram valor recorde em abril, ultrapassando pela primeira vez a barreira de US$ 10 bilhões no mês.
Soja e arroz
O crescimento registrado pela agropecuária pode ser atribuído a vários fatores. "O primeiro é o desempenho das lavouras e da pecuária, que têm obtido crescimento excepcional neste ano. O IBGE destaca o desempenho da produção de soja e do arroz, que têm apresentado elevado crescimento da produção. A produtividade foi também um fator relevante nesses resultados. Os resultados da Balança Comercial, publicados pelo Mapa, em maio, mostraram que as vendas externas da agropecuária tiveram um crescimento de 17,5% pela média diária nos quatro primeiros meses do ano, comparando com igual período do ano anterior. Esse foi outro fator que impulsionou o crescimento", analisa José Garcia Gasques, coordenador geral de Avaliação de Políticas da Informação do Mapa.
De acordo com coordenador, o crescimento do PIB agropecuário refletiu-se também sobre o saldo líquido de empregos formais gerados neste ano. As estatísticas do Caged mostram que houve um saldo (admissões menos desligamentos) de 10.032 contratações.
Alta em 2020
Apesar da pandemia do novo coronavírus, o PIB do setor agropecuário brasileiro deve ter alta de 2,5% em 2020. A previsão é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base em dados do IBGE. Levando em conta a safra de grãos estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a taxa deve chegar a 2,3%. Mesmo em um cenário com maior risco de impacto da Covid-19 na demanda por produtos agropecuários, os pesquisadores projetam aumento, em ritmo menor, de 1,3%.
Para a safra 2019/20, a estimativa para a produção de grãos é de 250,9 milhões de toneladas, volume 3,6% (8,8 milhões de toneladas) superior ao colhido em 2018/19, de acordo com o 8º Levantamento da Safra 2019/20 divulgado no último dia 12, pela Conab.
Imagem: Divulgação
DESEMPENHO POSITIVO

Agro se descolou da crise, diz CNA

Bom desempenho na produção de soja e arroz puxaram o crescimento de 1,9% da agropecuária
O resultado divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira (29.05), mostrou que o bom desempenho na produção de soja e arroz puxaram o crescimento de 1,9% da agropecuária no primeiro trimestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Ainda de acordo com os dados divulgados,  o setor foi o único com desempenho positivo nos primeiros 3 meses deste ano, ao contrário da economia brasileira, que caiu 0,3% no primeiro trimestre frente ao mesmo período de 2019, reflexo dos impactos da pandemia do coronavírus.
Na comparação com o trimestre anterior (4º tri de 2019), o agro também apresentou expansão, de 0,6%. “Momentaneamente, o setor se descolou da crise, mas não vai passar incólume e deve sofrer impactos da pandemia”, explica o coordenador do Núcleo Econômico da CNA, Renato Conchon.
Para o segundo trimestre, disse o coordenador, espera-se também um bom resultado para o agro. Com o atraso da colheita de milho em algumas regiões do País, espera-se que parte da estimativa de produção seja refletida no resultado do próximo trimestre. Conchon traçou também boas perspectivas para a produção de cana e café.
Com informações da CNA.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Barragem Armando Ribeiro Gonçalves ultrapassa os 60% da sua capacidade máxima


Nas últimas 24 horas [de quarta para quinta-feira] o nível de água da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves foi elevado em 15 centímetros. Isso representa um reforço de 19 milhões 669 mil 178 metros cúbicos de água. Para sangrar faltam ainda 05 metros e 95 centímetros. O volume atual do maior reservatório hídrico artificial do Rio Grande do Norte é de 1 bilhão 436 milhões 355 mil 882 metros cúbicos. Isso representa 60,53% da sua capacidade máxima que é de cerca de 2,4 bilhões de metros cúbicos.

A informação é parte do Boletim Informativo Diário do Dnocs divulgado neste dia 28 de maio. Desde o mês de fevereiro o seu nível subiu 09 metros e 23 centímetros. (Assú Todo Dia)

Pandemia acelera adoção de tecnologias digitais no agro

Internet - Para a especialista, avanço da Agricultura Digital pós-pandemia depende de políticas públicas.
Para a especialista, avanço da Agricultura Digital pós-pandemia depende de políticas públicas.
Em live sobre Agricultura Digital, realizada nesta quarta-feira (27), durante o primeiro dia da Feira Agrotecnológica do Tocantins (Agrotins), Silvia Massruhá, chefe geral da Embrapa Informática Agropecuária, falou sobre a origem do conceito Agricultura 4.0 e sobre o papel da pesquisa agropecuária e das políticas públicas nesse novo estágio tecnológico da agricultura. A pesquisadora contou como e por quê, em poucos meses, o futuro da lavoura de dados avançou sobre a lavoura de produtos.
A especialista em computação explicou que o conceito de Agricultura 4.0 é uma referência à revolução ocorrida na indústria automobilística alemã, com base no conteúdo digital, na tecnologia de ponta e na conectividade, que influenciou outros setores da economia como o agronegócio. Na Embrapa Informática Agropecuária, a atuação para melhoria de produtividade e a redução de custos em todas as etapas de produção se dá a partir de quatro eixos: bioinformática e biologia computacional, modelagem agroambiental e geotecnologia, computação científica e automação e engenharia da informação, indicou.
Segundo a pesquisadora, para além da agricultura de precisão, a agricultura digital estende a ideia de conectar máquinas para o tratamento dos diferentes tipos de dados (colhidos de sensores, colheitadeiras, imagens de satélite e drones) para auxiliar a tomada de decisão de produtores de pequeno médio e grande porte.
“A bioinformática está cada vez mais presente em todas as etapas, desde a pré-produção, na produção e também nas etapas de comercialização, armazenamento, distribuição e logística, como forma de agregar mais valor à cadeia produtiva”, apontou. Massruhá citou o Tambaplus, sistema apresentado na Agrotins e que permite a redução de perdas de produtividade a partir do planejamento racional de cruzamentos. A tecnologia contou com suporte da computação para ser desenvolvida, lembrou.
Pandemia 
A despeito das vantagens da agricultura digital, a sua mais ampla adoção no agro  brasileiro enfrenta muitos desafios num país continental, diverso e com desigualdades regionais como o nosso. Mas a situação que aparentemente demoraria décadas para acontecer nesse campo da inovação começou a virar realidade com a chegada do novo coronavírus.
“A pandemia funcionou como um acelerador de futuro e muitas tecnologias tiveram de ser incorporadas por produtores em questão de meses”, aponta a pesquisadora. Como exemplos disso, a especialista citou a recente capacitação on line para técnicos da Conab sobre o uso do WebAgritec, um sistema de planejamento e monitoramento da safra, e também a adoçã, pelo Banco Central, do Sistema de Análise Temporal da Vegetação (SATVeg) para que agentes do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), impossibilitados de efetuar a comprovação presencial de perdas agrícolas, possam fazer a fiscalização via web.
O SATVeg permite análise temporal e espacial do que foi plantado em qualquer lugar da América do Sul, oferecendo apoio a atividades de monitoramento agrícola e ambiental por meio de imagens de satélite. O sistema está disponível na internet em https://www.satveg.cnptia.embrapa.br/satveg/login.html.
Além de sistemas disponíveis pela web, a Embrapa também tem aplicativos que, de forma gratuita, colocam, na palma da mão dos produtore, ferramentas que podem ser acessadas via smartphone como o Plantio Certo. O aplicativo móvel foi desenvolvido em parceira com o Mapa para disponibilizar de forma mais ágil as janelas de plantio para todas as culturas contempladas no zoneamento agrícola de risco climático.
No agro, a tecnologia digital que tem ajudado na aproximação de pessoas durante o confinamento social, facilita a chegada dos insumos até os produtores e da produção até o consumidor, proporcionando, ainda, experiências exitosas de capacitações online e a iniciativa de realização de  feiras em versões 100% Digital como a Agrotins, completa Massruhá.
Desafios
Segundo a especialista, o enfrentamento dos inúmeros desafios brasileiros frente à adoção da Agricultura Digital pós-pandemia depende da implementação de políticas públicas, bem como da atuação coordenada de instituições de pesquisa, empresas do setor privado e startups - ecossistema em que a Embrapa figuraria como facilitadora.
Nesse contexto, a pesquisadora destacou que a Embrapa desenvolveu um aplicativo para facilitar o acesso a dados de mais de 580 produtos biológicos disponíveis pelo Programa Nacional de Bioinsumos, lançado nesta quarta-feira (27) pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ( Mapa). Massruhá lembrou, ainda, a pertinência da criação, pelo MAPA e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), da Câmara Setorial Agro 4.0 com linhas de discussão voltadas ao empreendedorismo, conectividade e capacitação.
A live sobre Agricultura Digital na Agrotins contou com a condução de Vinícius Kuromoto, supervisor de núcleo de comunicação da Embrapa Informática Agropecuária.

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Programa do Leite pode parar por falta de pagamento do governo do RN.

Os produtores de leite do RN estão aflitos. Em plena crise com a pandemia do Coronavírus, faz cinco quinzenas que o Governo do Estado não repassa o pagamento referente ao Programa do Leite.
Caso o pagamento não ocorra nos próximos dias, o programa vai paralisar e penalizar milhares de família contempladas no Rio Grande do Norte.

No último dia 15 de maio o deputado Getúlio Rêgo (DEM) solicitou ao Governo do Estado o pagamento imediato dos produtores de laticínios e fornecedores do Programa do Leite Potiguar. O parlamentar justifica que o programa beneficia mais de 83 mil famílias e tem uma importância vital para a subsistência dessas pessoas mais carentes.

“A falta de repasse dos pagamentos põe em risco um programa essencial para milhares de famílias norte-rio-grandenses”, finalizou Getúlio.
 
Nota do Blog: Este informativo vem postando matérias em relação a falta de pagamento pelo governo do estado. A APASA Angicos, que recebe todos os dias aproximadamente 15 mil l. de leite dos pequenos produtores rurais, vem sofrendo com a falta de repasses do governo. E sem ter pra onde recorrer. 
Eita classe desprestigiada!

Produtores rurais são beneficiados com renegociação de financiamentos

   
cifrãoDecisão do Conselho Monetário Nacional estabelece que a renegociação de operações de custeio e investimento será feita com fonte original de recursos. O CMN autorizou as instituições financeiras a renegociarem operações de crédito de custeio e de investimento dos produtores rurais e suas cooperativas que tiveram prejuízos por causa da seca ou estiagem.
Para facilitar a renegociação e atender ao maior número possível de produtores rurais afetados, a decisão do CMN, estabelece que a renegociação será feita utilizando a fonte original de recursos (fontes livres), no caso das operações ou parcelas de crédito rural de custeio e de investimento contratadas com equalização de encargos financeiros pelo Tesouro Nacional no âmbito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) ou ao amparo de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“A Resolução do CMN/BACEN nº 4.816 [aprovada] traz ajustes à Resolução 4.802, que autoriza, entre outras medidas, a prorrogação de dívidas de crédito rural em municípios afetados por estiagem, que decretaram situação de emergência ou de calamidade pública, reconhecido pelo governo estadual. A medida aprovada possibilitará dar maior celeridade nas prorrogações de custeio e de investimento, contratados ao amparo do crédito rural, dos produtores e cooperativas situados nesses municípios”, explica o diretor do Departamento de Crédito e Informação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wilson Vaz de Araújo.

Programa Nacional de Bioinsumos é lançado e vai impulsionar uso de recursos biológicos na agropecuária

O foco é aproveitar o potencial da biodiversidade brasileira para reduzir a dependência dos produtores rurais em relação aos insumos importados e ampliar oferta de matéria-prima para setor
A utilização de recursos biológicos na agropecuária brasileira ganha um novo impulso a partir do lançamento nesta quarta-feira (27) do Programa Nacional de Bioinsumos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O foco é aproveitar o potencial da biodiversidade brasileira para reduzir a dependência dos produtores rurais em relação aos insumos importados e ampliar oferta de matéria-prima para setor.
O programa foi instituído pelo Decreto 10.375 e pelas Portarias 102 e 103, publicados nesta quarta-feira (27) no Diário Oficial da União. Em cerimônia virtual, a ministra Tereza Cristina lançou o programa, acompanhada dos secretários de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação, Fernando Camargo, e de Defesa Agropecuária, José Guilherme Leal.
>> Confira aqui o hotsite do programa
A ministra destaca que o programa nasceu de uma antiga necessidade do setor produtivo (agrícola, aquícola, florestal e pecuária) de se alinhar com práticas mais inovadoras. Ressalta que o programa possibilitará a entrada de fato da agricultura na bioeconomia e que todos os produtores, como orgânicos, convencionais e de demais segmentos, serão contemplados.
"Todos têm a ganhar, produtores de todos os tamanhos têm a ganhar. E o Brasil realmente se inseri nessa política moderna de inovação tecnológica e bilhões poderão ser economizados nos próximos anos", afirmou Tereza Cristina, acrescentando que 40 milhões de hectares no país já são cultivados com bactérias promotoras de crescimento de plantas, um exemplo de bioinsumo. 
Tereza Cristina disse ainda que o Plano Safra 2020/2021, a ser lançado, trará recursos para financiamento de biofábricas e custeio do setor (veja mais abaixo). Para a ministra, o programa vai reforçar a missão do Brasil de ser um provedor de produtos agropecuários e alimentos de qualidade para a população brasileira e mundial. 
>> Cerimônia de lançamento do Programa Nacional de Bioinsumos

O secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação, Fernando Camargo, destaca a parceria com diversas entidades do setor agropecuário, especialmente da Embrapa, na elaboração do programa.  “Esse era um programa acalentado há muitos anos e finalmente vamos fazer essa entrega. Os bioinsumos e a bioeconomia se baseiam em um binômio: a utilização da nossa grande biodiversidade, que é a maior do mundo, e a possibilidade da redução da dependência de insumos fósseis, trabalhando então com insumos biológicos”. Segundo o secretário, estima-se, com o programa, aumentar em 13% a área agropecuária com uso de recursos biológicos. Atualmente, 10 milhões de hectares usam bioinsumos para controle de pragas.
Já o secretário de Defesa Agropecuária, José Guilherme Leal, lembra a importância de se criar um ambiente regulatório favorável para as empresas trabalharem em pesquisa de produtos biológicos. “Esse programa vai levar a nossa agricultura a outro patamar de sustentabilidade, além de consolidar o Brasil como uma referência em agricultura tropical”.
Bioeconomia
O programa é um dos pilares da visão de bioeconomia que a pasta está desenvolvendo, visando o acesso, o desenvolvimento e o uso sustentável da rica diversidade biológica brasileira.  A proposta é contribuir para o desenvolvimento de novas soluções tecnológicas, como também gerar renda, riqueza e qualidade de vida para os produtores, inseridos nos diferentes elos das cadeias produtivas do agronegócio e toda a sociedade. “O setor produtivo e o mundo clamam por mais tecnologias sustentáveis. Temos na agricultura a base da nossa economia e a bioeconomia será a grande alavanca para manter o Brasil como protagonista no agronegócio global", avalia Cléber Soares, diretor de Inovação do Mapa.
A cesta de bioinsumos é ampla e abrange desde inoculantes, promotores de crescimento de plantas, biofertilizantes, produtos para nutrição vegetal e animal, extratos vegetais, defensivos feitos a partir de micro-organismos benéficos para controle de pragas, parasitos e doenças, como fungos, bactérias e ácaros, até produtos fitoterápicos ou tecnologias que têm ativos biológicos na composição, seja para plantas e animais, como para processamento e pós-colheita.
“Esse programa nasceu a partir da demanda crescente da sociedade, em especial, de dois públicos: consumidores e também dos produtores rurais que buscam por insumos e produtos de menor impacto econômico e ambiental, que seguramente irão beneficiar todo o agro brasileiro”, avalia a coordenadora do programa de Bioinsumos do Mapa, Mariane Vidal. 
Em função dessa amplitude do conceito, esclarece Mariane, é objetivo do programa envolver não somente produtos, mas processos e tecnologias de origem biológica – animal, vegetal ou microbiana - que tragam resultados positivos no desenvolvimento e no mecanismo de resposta para esses mesmos elementos e em sustâncias derivadas. “Nossa expectativa é abarcar um grande número de processos, produtos e tecnologias para fomentar um conjunto de práticas sustentáveis relacionadas aos bioinsumos”, afirma a coordenadora.
O Programa Nacional de Bioinsumos se propõe a disponibilizar um conjunto estratégico de ações para o desenvolvimento de alternativas para a produção agrícola, pecuária e aquícola, considerando dimensões econômicas, sociais, produtivas e ambientais. Visa estimular a adoção de ativos sustentáveis baseados no uso de tecnologias, produtos e processos desenvolvidos a partir de recursos renováveis, por meio da ação integrada dos setores de ciência, tecnologia e inovação, além de o setor produtivo e o mercado.
Biodiversidade
Responsável por abrigar a maior biodiversidade do mundo, o Brasil tem condições para se tornar o maior protagonista mundial na área de ciência, tecnologia e inovação em bioinsumos. Com essa oferta abundante de matéria-prima, a meta do programa é desenvolver trabalhos em várias frentes, envolvendo produção vegetal, animal, processamento e pós-colheita. Neste contexto, está incluído também o desenvolvimento de produtos e processos para a produção aquícola.
Neste caminho, a proposta do programa governamental, elaborado em parceria com o setor produtivo, é fomentar e promover o desenvolvimento de bioinsumos, a partir de matéria-prima local e regional, gerando divisas, emprego, renda e organizando - a médio e longo prazo -  novas cadeias produtivas em todo o país.
O programa Bioinsumos foi elaborado por um grupo de trabalho formado por integrantes de diferentes secretarias da pasta e com ampla consulta ao setor produtivo. A partir dessas diretrizes, a próxima etapa é organizar o marco legal do segmento e facilitar o acesso de produtores rurais do país – sejam pequenos, médios ou grandes, orgânicos ou não -  aos diferentes insumos biológicos, incluindo os já autorizados para a produção agropecuária.
Para a coordenadora Mariane Vidal, os bioinsumos representam um novo paradigma para a agricultura brasileira e mundial. “Alimentos produzidos de forma sustentável tornam produtos desta natureza mais competitivos no mercado internacional, especialmente os europeus, compradores dos produtos agrícolas brasileiros”.
Diretrizes
O programa deverá ser implantado em etapas e está estruturado em eixos temáticos relacionados a: produtos fitossanitários para controle de pragas e doenças de plantas; biofertilizantes; nutrição de plantas e tolerância a condições ambientais adversas; produtos veterinários e para alimentação animal, pós-colheita e processamento de origem animal e vegetal e, ainda, produção aquícola.
Outro objetivo é criar ambiente favorável para o fomento e financiamento de infraestrutura e de custeio -  por meio da oferta de crédito e de outros benefícios econômicos para o setor – e também para a inovação tecnológica em bioinsumos.
Outra ação visa propor a elaboração de normas e protocolos para a instalação de unidades produtoras de bioinsumos - as biofábricas - e discutir tratamento legal específico para otimizar os processos de registro de produtos e garantir segurança jurídica aos produtores.
Nas etapas de implementação, estão previstos ainda levantamento de dados sobre o setor; lançamento de editais de fomento a inovação; elaboração de protocolos de produção para os agricultores e um catálogo nacional de bioinsumos, entre outras ações.
Mercado
O número de defensivos biológicos registrados no Mapa tem avançado. Atualmente, são 265 produtos registrados, entre bioacaricidas, bioinsecitidas, biofungicidas e bioformicidas.
Em 2019, o mercado de biodefensivos nacional movimentou R$ 675 milhões, crescimento da ordem de 15% em relação a 2018, e acima da média estimada de crescimento internacional. Os dados são da Croplife Brasil, associação que representa as indústrias de desenvolvimento e inovação nas áreas de biotecnologia, germoplasma, defensivo químico e biodefensivo. A média global de novos produtos biológicos registrados, por ano, aumentou de três para 11 na última década.
Ainda, de acordo com a associação, em 2018, o setor realizou uma pesquisa, envolvendo usuários de biológicos em 15 estados e em 11 culturas diferentes. A conclusão foi que 96% dos pesquisados acreditam que o uso (taxa de adoção) de biodefensivos irá crescer nos próximos cinco anos.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Mapa, conta com um extenso trabalho de pesquisa dedicado ao controle biológico. São 632 pesquisadores trabalhando em 73 projetos relacionados ao tema e distribuídos em 40 unidades. Por reconhecer a importância do tema, foi constituído um portfólio de projetos específicos para o assunto de forma a fortalecer e correlacionar as iniciativas. Adicionalmente, a instituição dispõe de diversos bancos de germoplasma microbiano dedicados exclusivamente à preservação e caracterização de micro-organismos, agentes de controle biológico de pragas e promotores de crescimento de plantas. Um universo que totaliza mais de 10 mil linhagens de bactérias, fungos e vírus controladores de pragas e doenças de plantas e mais de 14 mil linhagens de micro-organismos fixadores de nutrientes e promotores de crescimento de plantas, mantidos em pelo menos sete unidades da empresa.

O registro de um biodefensivo, no Brasil, passa por procedimentos de avaliação de eficácia e aplicação no campo avaliados pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa). Em relação ao grau de toxicidade para humanos, a análise cabe à Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a avaliação de impactos toxicológicos ao meio ambiente é de responsabilidade do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Vale destacar que os órgãos federais competentes pelo registro consideram especificidades e características das diferentes categorias de produtos, como as dos biodefensivos e dos produtos químicos, para estabelecer os critérios para a avaliação. Esses critérios são estabelecidos em regulamentos específicos para cada tipo de produto.
Crédito

O programa vai contar com linhas de crédito para incentivar a adoção dessas tecnologias dentro das propriedades rurais e pelas cooperativas. O fomento será feito via crédito rural nas modalidades de custeio, para aquisição de bioinsumos ou investimento para montagem de biofábricas “on farm”. As linhas para esse financiamento estão no Inovagro e, no caso dos investimentos em biofábricas, os recursos podem chegar a 30% do valor de todo o financiamento.
Para as cooperativas, as linhas de crédito é o Prodecoop para a aquisição de equipamentos para a produção dos bioinsumos. Esses recursos têm volume maior e possibilitam a ampliação da participação de produtos dessa natureza a mais agricultores. Os empreendedores, que não sejam produtores rurais ou cooperativas, podem financiar pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio da linha denominada BNDES Agro, também operada por agentes financeiros.
Aplicativo 
Os produtores rurais já podem consultar pelo celular uma lista de produtos de origem biológica indicados para nutrição, controle de pragas e doenças de diversas culturas agrícolas. O aplicativo Bioinsumos coloca na palma da mão um catálogo com 580 produtos biológicos disponíveis no país destinados a combater mais de 100 pragas e plantas invasoras e ampliar a absorção de nutrientes, favorecendo o crescimento de inúmeras espécies vegetais.
A oferta dessa listagem visa favorecer a conexão entre a oferta dos produtos registrados e a demanda do setor produtivo, apoiando assim fornecedores e compradores. Desenvolvido em parceria com a Embrapa Informática Agropecuária, o app está disponível para celulares com sistema operacional Android e iOS. O aplicativo traz duas classes de bionsumos: inoculantes e controle-de pragas, que inclui insetos, fungos e ervas daninhas.

O app traz as informações atualizadas até abril deste ano, importadas das bases de dados do Ministério da Agricultura. Foram agregados, também, conteúdos, da produção técnico-científica em controle biológico, disponíveis nas Bases de Dados da Pesquisa Agropecuária (BDPA), na Agência Embrapa de Informação Tecnológica (Ageitec) e nos Sistemas de Produção Embrapa (SPO).

RESERVAS HÍDRICAS >> Chuvas levam aporte hídrico aos reservatórios do RN

O Governo do Estado do Rio Grande do Norte, por meio do Instituto de Gestão das Águas do RN (Igarn), monitora os 47 reservatórios, com capacidade superior a 5 milhões de metros cúbicos, responsáveis pelo abastecimento das cidades potiguares. Segundo o Relatório do Volume dos Principais Reservatórios Estaduais, atualizado nesta terça-feira (26), as últimas chuvas levaram aporte hídrico para diversos reservatórios pelo interior do RN.
As reservas hídricas superficiais totais do estado atualmente somam 2.285.747.999 m³, que correspondem a 52,22% do total que os reservatórios monitorados pelo Igarn conseguem acumular juntos, que é de 4.376.444.842 m³. No dia 26 de maio de 2019 as reservas estaduais eram 1.464.157.184 m³, que em termos percentuais representavam 33,45% do máximo que o Estado consegue acumular na soma dos volumes dos seus principais reservatórios.
A barragem Armando Ribeiro Gonçalves, maior reservatório estadual, continua recebendo aporte hídrico e acumula atualmente 1.409.378.178 m³ que correspondem a 59,39% da sua capacidade máxima que é de 2,37 bilhões de metros cúbicos. No mesmo período de maio de 2019, o reservatório estava com 831.752.000 m³, que correspondiam a 34,66% do seu volume máximo.
Segundo maior reservatório do Estado, Santa Cruz do Apodi acumula atualmente 215.607.720 m³, que correspondem a 35,95% da sua capacidade total que é de 599.712.000 m³. No mesmo período do ano passado o manancial estava com 153.345.462 m³, percentualmente, 25,57% do seu volume total.
A barragem Umari, localizada em Upanema, está represando 244.243.581 m³, percentualmente, 83,41% da sua capacidade total que é de 292.813.650 m³. Este já é o maior volume acumulado pelo reservatório desde junho de 2011. Em comparação com o mesmo período do ano passado, o manancial estava com 120.991.636 m³, que correspondiam a 41,32% da sua capacidade máxima.
O açude de Lucrécia, com capacidade para 24.754.574 m³, acumula atualmente 9.922.045 m³, que correspondem a 40,08% da sua capacidade total. Este é o maior volume de água represado pelo manancial desde maio de 2012. Em comparativo com o mesmo período do ano passado, o reservatório acumulava 3.440.966 m³, percentualmente, 13,90% do seu volume total.
O reservatório Marechal Dutra, também conhecido como Gargalheiras, está represando 14.246.150 m², percentualmente, 32,07% da sua capacidade total que é de 44.421.480 m³. Este é o maior acumulo de água do manancial desde fevereiro de 2013. No mesmo período do ano passado a barragem acumulava 269.918 m³, que correspondiam a 0,61% do seu volume total.
O açude Bonito II, localizado em São Miguel, acumula atualmente 2.974.719 m³, que correspondem a 27,38% da sua capacidade total que é de 10.865.000 m³. Desde agosto de 2012 o reservatório não atingia esse volume de água. Em comparativo, no período de 2019 o manancial estava com 712.546 m³, que correspondiam a 6,56% do seu volume máximo.
barragem Pau dos Ferros continua recebendo aporte hídrico e represa atualmente 19.592.666 m³, percentualmente, 35,72% da sua capacidade total que é de 54.846.000 m³. No mesmo período do ano passado o reservatório acumulava apenas 736.526 m², que correspondiam a 1,34% do seu volume máximo.
Os reservatórios que permanecem com 100% da sua capacidade são: Riacho da Cruz II, localizado em Riacho da Cruz; Apanha Peixe, em Caraúbas; Encanto, no município de Encanto; Mendubim, em Assu; Beldroega, localizado em Paraú; Morcego, em Campo Grande e Dourado, em Currais Novos.
Os Reservatórios que já sangraram nesta quadra invernosa do interior e continuam com níveis acima dos 90% das suas capacidades, são: Santana, localizado em Rafael Fernandes, com 99,67%; Passagem, em Rodolfo Fernandes, com 98,32%; Santo Antônio de Caraúbas, com 98,5% e Pataxó, em Ipanguaçu, com 99,39%.
Outros açudes já acumulam mais de 70% das suas capacidades, casos de: Marcelino Vieira, localizado no município de Marcelino Vieira, com 73,6% e Rodeador, em Umarizal, com 81,51% do seu volume máximo.
Dos 47 reservatórios monitorados pelo Igarn, apenas 2 estão com níveis inferiores a 10% da sua capacidade, sendo, portanto, considerados em nível de alerta. São eles: Passagem das Traíras, que está em reforma e não pode acumular grande volume hídrico, com 1,32% do seu volume máximo e Esguicho, em Ouro Branco, com 1,92% da sua capacidade. Percentualmente o número representa 4,25% dos reservatórios monitorados.
Já os mananciais completamente secos também são 2, Inharé, localizado em Santa Cruz e Trairi, localizado em Tangará. Em termos percentuais o número representa 4,25% dos reservatórios monitorados.
Situação das lagoas
A Lagoa de Extremoz, responsável pelo abastecimento de parte da zona norte da capital está atualmente com 100% da sua capacidade que é de 11.019.525 .
A Lagoa do Bonfim, localizada em Nísia Floresta, está com 44.220.850 m³, correspondentes a 52,48% da sua capacidade total de acumulação que é de 84.268.200 m³.
A Lagoa do Boqueirão, localizada em Touros, também está com o seu volume máximo que é de 11.074.800 m³. 
Fonte: Assessoria de Comunicação do IGARN
 
PECUÁRIA DE CORTE

Produtor não deve sofrer com impacto negativo no preço do boi gordo

Análise foi apresentada durante workshop online
Análise foi apresentada durante workshop online, promovido pela Allflex, sobre as perspectivas para o setor em 2020
A pecuária de corte e o valor da arroba do boi gordo não devem ser prejudicados pelo atual cenário de crise sanitária. É o que sinaliza a análise de mercado apresentada durante o workshop online promovido pela Allflex, líder mundial em identificação e monitoramento animal. Com o tema o “Mercado do boi gordo 2020 e o futuro da pecuária de corte”, o evento ainda abordou gestão dos negócios da fazenda, redução de riscos, gestão da produção e de pessoas, além das oportunidades de negócios para este ano.
O webinar contou com a participação de especialistas do mercado do boi gordo, como o zootecnista e diretor comercial da Allflex, Ivo Martins e o médico-veterinário e analista do mercado do boi gordo Rodrigo Albuquerque. A mediação foi feita por Miguel Cavalcanti, especialista em agronegócios, criação bovina e mercados agropecuários fundador e CEO da AgroTalento.
Segundo Rodrigo Albuquerque, mesmo diante de um cenário desafiador como o atual para muitos setores da economia, no caso da pecuária é preciso ter um panorama de como reagiu o preço do boi gordo em anos anteriores. “Em 2019, tivemos um ano muito bom. Diante disso, como funcionam os anos de pós-choque de preços, como 2020? Analisando os últimos 13 anos do comportamento deste mercado, vemos que em anos posteriores aos choques de preços não temos uma explosão no segundo semestre. A ocorrência do passado não é fator decisivo, mas são peças fundamentais para entendermos o que vai acontecer daqui para frente”, explicou.
“Perto de todos os acontecimentos que já passamos e estamos no mês cinco de 2020, a arroba caiu em 3,5%. Podemos considerar que isso é pouco em ano de pandemia, de colapso econômico e desastre de saúde. Em termos de preço, para a pecuária, é algo que está longe de ser um ano de prejuízos. Não vamos ver a catástrofe que muitos apregoam e que acabam deixando o produtor em situação de fragilidade”, enfatizou.
Albuquerque ainda aposta que é provável que o preço do boi não seja “esmagado” ao final da safra e pouco provável que haja uma valorização estratosférica na entressafra. “Na pecuária é muito barulho e pouca crise. As commodities apresentam padrões de comportamento e o ano de 2020 não vai evoluir tanto em relação a ele mesmo, mas em relação a 2019 há uma grande evolução”, ressaltou.
Gestão é a chave do sucesso para a pecuária moderna
Com as perspectivas de cenário apresentadas, o especialista reforçou a necessidade de uma gestão eficiente dos negócios para atuar com excelência na pecuária atual. “O produtor precisa fazer gestão. Muitos ainda não sabem nem o valor do seu custo de produção, quantos bois produzir e por quanto esse boi vai ser entregue para obter lucratividade”, apontou.
Para começar a gerir de forma eficiente, Albuquerque ressaltou a necessidade da identificação animal, pois ela é a porta de entrada para se aperfeiçoar na atividade e obter um controle maior do rebanho e do negócio. “A identificação animal é a base de tudo para uma pecuária moderna”, disse.
Para o diretor comercial da Allflex, Ivo Martins, a identificação animal pode ser adotada por todos os produtores, independente do tamanho da fazenda ou quantidade de animais. “Ainda há um estigma que somente os grandes produtores fazem identificação animal. A gestão pode e deve começar a ser formatada pela identificação visual e, posteriormente, o produtor traçar um plano para chegar em uma identificação eletrônica, por exemplo. Mas é preciso dar o primeiro passo e tomar decisões baseadas nas informações coletadas da porteira para dentro”, comentou.
Outro ponto abordado no webinar foi sobre a resistência de investimentos e adoção de novas tecnologias, o que muitas vezes causa conflitos entre gerações. No entanto, o debate entre os participantes sinalizou que este tipo de postura tem mudado nos últimos anos. “A adoção de tecnologia tem sido uma realidade e a cultura tem mudado entre os produtores. Existem ainda algumas barreiras, mas o que temos visto é o crescimento impressionante nos últimos anos. Está claro que as novas gerações, que estão tomando a gestão nas fazendas, estão atentas que para fazer uma gestão eficiente é preciso ter uma gestão inteligente dos dados”, ressaltou Martins.

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Artigo - O Impacto da Quarentena nos Preços da Manga no Vale do São Francisco

João Ricardo F. de Lima – Doutor em Economia Aplicada, Pesquisador da Embrapa Semiárido


O Vale do São Francisco é conhecido nacional e internacionalmente pela produção irrigada de frutas, utilizando águas do Rio São Francisco. Dentre as frutas produzidas, a manga é a que apresenta maior importância econômica e social. Segundo informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), a área cultivada na região supera 45 mil hectares, sendo a maior do Brasil. As variedades mais plantadas são Palmer, Tommy, Kent e Keitt, apesar de se encontrar outras, tais como Haden, Ataulfo, Rosa e Espada Vermelha. A mangicultura é uma atividade altamente intensiva em tecnologia e desenvolvida por pequenos, médios e grandes produtores. Com o uso de irrigação e a disponibilidade de sol, o Vale do São Francisco produz manga durante todos os meses do ano, abastecendo tanto o mercado interno quanto o externo.
No último dia 22 de março, o estado de São Paulo publicou o decreto 64.881,  estabelecendo uma quarentena em razão do avanço do vírus SARS-CoV-2. Além de São Paulo, outros estados seguiram o mesmo caminho. O efeito disto, em um primeiro momento, foi o crescimento da demanda por frutas em razão das famílias buscarem se abastecer de alimentos. Por um curto período, houve um ajustamento, com alguns cancelamentos de pedidos, e depois uma estabilização com o entendimento de que o comportamento do consumidor havia mudado. As pessoas passaram a ir menos ao varejo e a comprar maiores quantidades, reduzindo a necessidade de sair diversas vezes de casa.
Neste artigo, é analisado o efeito da mudança no comportamento do mercado interno sobre os preços de manga do Vale do São Francisco, devido à quarentena. A mudança de hábito, observada no varejo, foi rapidamente sentida no atacado. Estes empresários passaram a ter dificuldades para fazer seus planejamentos, pois era incerto o comportamento na semana. Às vezes, tinha-se muita fruta e pouco comprador e era necessário fazer ofertas. Em outra semana, ocorria o inverso, pouca fruta e muitos varejistas demandando. Especificamente nos meses de março e abril, os preços de manga das variedades Palmer e Tommy Atkins (caixa de 12 frutos) praticados na CEAGESP-SP, que é a referência em termos de mercado interno, não ultrapassaram as médias históricas. Os preços de Palmer em março e abril de 2020 foram, respectivamente, R$ 3,15 e R$ 3,03, enquanto as médias históricas são R$ 4,13 R$ 5,01. Os preços de Tommy Atkins no mesmo período foram, respectivamente, R$ 3,65 e R$ 2,93 e as médias históricas R$ 3,65 e R$ 3,69.
Contudo, é importante salientar que, desde o mês de fevereiro, os preços de manga já vinham se apresentando abaixo das médias históricas. Assim, este comportamento de preços mais baixos não ocorre apenas durante a quarentena. Em 2020, ao contrário de outros anos, a safra paulista não teve forte quebra. Os produtores de São Paulo tinham manga, mas com muitos problemas de fitossanidade devido às chuvas intensas. As frutas do Vale do São Francisco enfrentaram este mesmo problema. Tais fatores também explicam os preços no atacado.
Quando o atacadista percebe a mudança no mercado ele automaticamente transmite a informação, via preços, para o produtor. Para o melhor entendimento, o observatório do mercado de manga da Embrapa Semiárido (Petrolina-PE) construiu séries históricas semanais de preços ao produtor do Vale do São Francisco com base nos dados disponibilizados pelo site HF Brasil do CEPEA/ESALQ-USP. O uso de séries semanais é importante, pois dentro de um mês, os preços podem oscilar bastante e a média mensal nem sempre consegue captar este comportamento.
No caso da manga Palmer, é observada uma redução do preço (abaixo da média histórica) principalmente entre as semanas 9 e 17, sendo que nas semanas 12 até a 15 o ano de 2020 marcou o piso histórico (Figura 1).
                
Pela sazonalidade, contudo, estas semanas deveriam apresentar preços elevados, como mostra a Figura 2.
Figura 2: Sazonalidade de Preços Semanais Manga Palmer ao Produtor no Vale do São Francisco: 2012-2020.
                    

Para a manga Tommy, é observada uma forte redução de preço (abaixo da média histórica) entre as semanas 12 e 15, sendo que nestas semanas o ano de 2020 marcou o piso histórico (Figura 3).

                   

Pela sazonalidade, estas semanas também deveriam apresentar preços mais elevados (Figura 4).
Figura 4: Sazonalidade de Preços Semanais Manga Tommy ao Produtor no Vale do São Francisco: 2012-2020

                
Assim, as informações indicam que, entre as semanas 12 e 15, a situação dos produtores foi bastante difícil. A semana 13 marca o início da quarentena no estado de São Paulo, sendo um período de muitas incertezas que afetou o comportamento do consumidor e dos compradores de frutas, como visto acima. Os preços voltam a reagir depois da semana 15 e ultrapassam a média histórica na semana 19. Nesta última, a média histórica de Palmer é R$ 1,92 e a média em 2020 foi R$ 2,38. Este valor é bem distante do mínimo histórico de R$ 1,00, mas, por outro lado, também está longe da máxima histórica de R$ 4,24. No caso da Tommy Atkins, a análise é a mesma. Os valores mínimo, médio e máximo para a semana 19 são R$ 0,81, R$ 1,67 e R$ 4,16 e a média de 2020 é R$ 2,33.
Para as próximas semanas, o cenário volta a ter maiores incertezas devido o avanço do número de casos de COVID-19 no Brasil e a possibilidade de uma quarentena mais restritiva, chamada de lockdown, o que pode, de certa forma, afetar a produção.

Avaliação de impactos socioambientais do uso de boas práticas na produção de ovinos e caprinos.



Resumo: Resumo - Este trabalho apresenta avaliações de impactos socioambientais da adoção de boas práticas zootécnicas e de gestão na produção de ovinos e caprinos no município de Tauá – CE, entre janeiro/2017 e dezembro/2018. Utilizou-se o sistema Ambitec-Agro, composto por matrizes de ponderação multicritério com 148 indicadores, relativos a 27 critérios de desempenho, agrupados em sete aspectos: Eficiência Tecnológica, Qualidade Ambiental, Respeito ao Consumidor, Emprego, Renda, Saúde e Gestão da Propriedade. As boas práticas objeto da avaliação fundamentam-se nas seguintes tecnologias: (i) Controle integrado de verminose, (ii) controle de linfadenite caseosa, (iii) orçamentação forrageira, (iv) estação de monta e (v) práticas de gestão da propriedade. Os resultados de desempenho indicaram importantes contribuições das boas práticas adotadas, com destaque positivo para a redução do uso de insumos veterinários, bem-estar e saúde animal, qualidade do produto, capacitação, geração de renda, dedicação e perfil do responsável e relacionamento institucional. Indicadores associados à intensificação dos sistemas de produção apresentaram valores negativos quanto ao gasto de energia, água, insumos e queima no preparo de área para plantio. As análises de impacto socioambiental das práticas em questão contribuem para ajustes e melhorias nos sistemas produtivos locais e estímulo para adoção por outros produtores da região. [Social and environmental impact assessment of the use of good practices in sheep and goat production]. Abstract: This paper presents social and environmental impact assessments of the adoption of good zootechnical and management practices in sheep and goat production in Tauá - CE, between January / 2017 and December / 2018. The Ambitec-Agro system was used, consisting of 148 multicriteria weighting matrices, related to 27 performance criteria, grouped in seven aspects: Technological Efficiency, Environmental Quality, Consumer Respect, Employment, Income, Health and Farm Management . The good practices under assessment are based on the following technologies: (i) Integrated worm control, (ii) caseous lymphadenitis control, (iii) forage budgeting, (iv) breeding season and (v) property management practices . The performance results indicated important contributions from the good practices adopted, with positive emphasis on reducing the use of veterinary inputs, animal welfare and health, product quality, training, income generation, dedication and profile of the responsible and institutional relationship. Indicators associated with intensification of production systems showed negative values for energy, water, inputs and burning in the preparation of area for planting. The socio-environmental impact analyzes of the practices in question contribute to adjustments and improvements in local production systems and stimulation for adoption by other producers in the region. Index terms: Impact assessment, good practice, sheep, goats.
Ano de publicação: 2019
Tipo de publicação: Folhetos