Como desenvolver caprinocultura mesmo com CAE
A artrite encefalite caprina (CAE), é uma doença viral que acomete cabras e bodesA artrite encefalite caprina (CAE), doença viral que acomete cabras e bodes e causa inúmeros problemas, afetando sua produção. Entre eles os animais podem desenvolver artrite, pneumonia, mastite, emagrecimento progressivo e, nos animais jovens, a encefalomielite (inflamação no cérebro e medula). Trata-se de uma síndrome degenerativa progressiva lenta que não tem cura.
Caprinocultores brasileiros têm conseguido manter a produção de leite mesmo com a doença positiva nas cabras. Isso é possível graças às boas práticas de manejo. Para isso, são fundamentais medidas como o monitoramento constante do rebanho por meio de teste sorológico semestral para o diagnóstico da doença e a separação dos animais doentes.
Antes a primeira medida era abater os animais doentes. Hoje deve ser considerado apenas para evitar o seu sofrimento. A ocorrência de CAE deve ser notificada ao Ministério da Agricultura. Os maiores impactos econômicos da doença são a diminuição do tempo de vida produtiva dos animais, redução da produção leiteira e do período de lactação. Ela também promove maior predisposição às infecções bacterianas.
Um grupo de dicas separados por pesquisadores da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE) pode ajudar o criador. Cuidados nutricionais, sanitários, reprodutivos e descarte orientado são algumas das medidas recomendadas. No entanto, haverá perdas na produção e na qualidade do leite. Veja as dicas:
Nas unidades diagnosticadas com CAE em produção intensiva com ordenha mecânica:
- Separar as crias ao nascer;
- Fornecer colostro de cabra aquecido a 56ºC por uma hora;
- Implantação do banco de colostro que deve ser aquecido antes de ser congelado;
- Fazer o aleitamento artificial dos cabritos com leite de vaca pasteurizado;
- Realizar semestralmente o teste sorológico.
Nas unidades diagnosticadas com CAE em produção semi-intensiva com ordenha manual:
- Separar as crias ao nascer, não deixando cabrito e mão juntos;
- Fornecer colostro de vaca ou artificial;
- Armazenar o colostro de vaca em garrafas de 250 ml e congelar a -20ºC;
- Fazer o aleitamento artificial dos cabritos com leite de vaca pasteurizado;
- - Realizar anualmente o teste sorológico.
Propriedades sem animais
diagnosticados com CAE, tanto em produção intensiva com ordenha mecânica
como em produção semi-intensiva com ordenha manual:
- Realização de dois exames sorológicos sensíveis em animais recém
adquiridos, sendo o primeiro na chegada. Manter os animais em quarentena
por 90 dias e introduzir os animais no restante do rebanho e somente
após o segundo teste negativo.
- Suspender participação dos animais em exposições e feiras;
- Utilizar agulhas e seringas descartáveis;
- Esterilização de material cirúrgico e desinfecção dos tatuadores para uso em diferentes animais;
- Realização da ordenha começando pelas fêmeas de primeira cria,
seguidas pelas adultas e por último as que já apresentaram mastite ou
doenças infecto contagiosas.
A pesquisa busca ainda desenvolver um teste para a doença que seja mais rápido. Hoje os testes utilizados oficialmente para diagnóstico da doença, IDGA e ELISA, são sorológicos e dependem de resposta imunológica dos animais, isso impossibilita a detecção precoce da enfermidade.
O PCR quantitativo (qPCR), também conhecido como PCR em tempo real. “Além de diagnóstico qualitativo, o qPCR permite quantificar a carga viral e é muito útil nos estudos de patogenia e transmissão e, portanto, no desenvolvimento de insumos para restringir a transmissão”, afirma a pesquisadora da Embrapa Lucia Sider.
A CAE é pesquisada há mais de 25 anos pela Embrapa Caprinos e Ovinos (CE) que reuniu as dicas no documento Orientações de controle da artrite encefalite caprina em rebanhos leiteiros: conviver mantendo a produção destinado a criatórios de diferentes portes e níveis de infraestrutura e que municia o produtor com medidas preventivas e de controle da doença. O documento na íntegra pode ser acessado aqui.
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