DEFENSIVOS
Uso de defensivos no Brasil é influenciado pela ocorrência de duas ou três safras ao ano
Nenhum registro concedido este ano começou a tramitar em 2019
Nesta terça-feira (06.08), durante
encontro com a imprensa, a ministra Terez Cristina, ao lado de Renato
Porto, diretor da Anvisa, e Carolina Mariani, diretora do Ibama, e de
secretários do Mapa e especialistas da Academia, a ministra esclareceu
as principais questões sobre o registro de defensivos agrícolas.
No Brasil, o uso dos defensivos é
utilizado para o controle de pragas mesmo em safras de inverno e na
safrinha, pois não há quebra do ciclo de reprodução, em função das
condições tropicais da agricultura brasileira. Já em regiões de clima
temperado, as pragas são inativadas nos períodos de frio. Os pesticidas
são ferramentas essenciais para o controle efetivo das pragas na
agricultura e garantia da sanidade das plantações. Seu uso em prescrição
e dosagem correta é eficaz num país onde as altas médias de umidade e
temperatura, aliados aos cultivos extensivos, favorecem a multiplicação e
disseminação de pragas.
Não é só o Ministério da
Agricultura que examina o pedido de registros, mas também técnicos da
Anvisa e do Ibama, que têm total autonomia
Para serem registrados, os defensivos
agrícolas devem ser avaliados e aprovados pelo Ministério da Agricultura
quanto à eficiência agronômica, pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) quanto ao impacto para a saúde humana e pelo
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) quanto aos impactos ao meio ambiente. Não há ingerência política
na análise e a avaliação técnica realizada pelos três órgãos federais
está alinhada às melhores práticas internacionais.
Nenhum registro concedido este ano
começou a tramitar em 2019. Portanto, não pode ter sido avaliado apenas
nos seis meses de governo Bolsonaro
Há todo um longo processo, anterior a
2019, que não pode ser ignorado: os pedidos de registro aguardam na fila
em média há quatro anos – e alguns há uma década, apesar de a lei
determinar prazo de 120 dias para resposta. Centenas de empresas
conseguiram na Justiça liminar para terem prioridade de atendimento
nessa fila, que ainda acumula hoje mais de 2000 pedidos. Portanto, o
governo não correu e nem bateu nenhum recorde: a atual média mensal de
concessão de registro é semelhante à dos dois últimos anos, quando a
Anvisa, sobretudo, passou a dar mais atenção à fila dos defensivos.
O governo não libera agrotóxicos
no mercado; ele concede registros para produtos industriais e
formulados, que podem ou não chegar às prateleiras
Cerca de 48% de produtos formulados
autorizados não foram efetivamente comercializados por decisão das
empresas detentoras dos registros. Nos últimos anos, diversas medidas
desburocratizantes foram adotadas no âmbito dos três órgãos federais
envolvidos. Isso possibilitou um aumento significativo nos números de
defensivos registrados. Dentre as ações que se destacam está a adoção do
sistema informatizado SEI para gestão de documentos no âmbito do
Governo Federal, a cessão de químicos da Embrapa ao Mapa para trabalhar
na avaliação de equivalência química para registro de produtos
genéricos, a reorganização da Gerência Geral de Toxicologia na Anvisa -
fato que ocasionou um aumento de produtividade e o registro de produtos
de menos tóxicos. Pela lei, nenhum produto atual pode ser registrado com
toxicidade maior do que os existentes no mercado.
Dos 262 produtos registrados este
ano, apenas 7 são novos, com dois novos ingredientes ativos (sulfoxaflor
e florpirauxifen-benzil). Os demais são classificados como
equivalentes, ou genéricos
Pela lei, o governo é obrigado a quebrar a
patente de uma fórmula quando seu prazo expira. Os produtos
equivalentes são similares a produtos com patente já expirada e que
foram registrados no passado, de uso seguro e comprovado não apenas
pelos estudos apresentados aos órgãos envolvidos, como pela comprovação
empírica de anos de utilização sem problemas verificados. Os genéricos
constituem importante política para a diminuição dos impactos do
monopólios e oligopólios no mercado de determinados ingredientes ativos.
Uma dinâmica que beneficia a livre concorrência e a competitividade da
agricultura nacional. Nos últimos três anos, foram quebradas 27 patentes
de produtos registrados.
Mais da metade dos produtos registrados neste ano são ingredientes ativos para a indústria
Dos 262 produtos registrados em 2019, 136
são produtos técnicos, ou seja, destinados exclusivamente para o uso
industrial. Outros 126 são produtos formulados, ou seja, aqueles que já
estão prontos para serem adquiridos pelos produtores rurais mediante a
recomendação de um engenheiro agrônomo. Destes, 14 são produtos
biológicos e/ou orgânicos.
Ao fazer a fila de registros
andar, o governo trabalha para a modernização do uso de defensivos,
inclusive com a aprovação de biodefensivos
O Brasil tem atualmente 262 produtos de
baixa toxicidade registrados, entre microbiológicos, semiquímicos
(feromônios) e produtos de agricultura orgânica, como os extratos
vegetais. O registro de biológicos no Mapa se intensificou a partir de
2015. Só em 2018, foram registrados 52 produtos, recorde desde 1991,
quando foi liberado o primeiro controle biológico no país. Neste ano, já
foram registrados 14 produtos desse tipo. A produção de produtos
biológicos para o controle de pragas e doenças agrícolas cresceu mais de
70% no último ano no Brasil. Os biodefensivos são usados pela
agricultura orgânica. O objetivo de fazer a fila andar no Brasil é
justamente aprovar novas moléculas, menos tóxicas e ambientalmente
corretas, e assim substituir os produtos mais antigos. Como já dito, a
lei não permite que se registrem produtos mais tóxicos do que os já
existentes no mercado.
Não é correto comparar todos os defensivos que são utilizados na Europa, por exemplo, com os produtos usados no Brasil
O registro ou não de um agrotóxico depende
das pragas presentes em cada território e das culturas que lá são
cultivadas. Cada país tem suas próprias diretrizes sobre registro de
produtos, dependendo das condições agronômicas. Por isso, não é correto
comparar todos os defensivos que são utilizados na Europa, por exemplo,
com os produtos usados no Brasil.
Um país onde não se cultiva banana não tem
necessidade de registrar um agrotóxico para controle da
broca-do-rizoma, por exemplo. A Europa não precisa do herbicida lactofen
para a proteção da soja, pois a produção do grão é considerada
irrisória.
Ainda assim, a imensa maioria dos
agroquímicos utilizados aqui são igualmente empregados na Europa, nos
Estados Unidos e na China. O Brasil observa todas as normas, estudos e
referências internacionais.
As mais desafiadoras pragas foram
vencidas no Brasil com manejo integrado de agroquímicos, biodefensivos e
práticas consagradas, como rotação de cultura
Foi assim, utilizando a ciência, que enfrentamos pragas e doenças, a saber:
Vassoura de bruxa - nome popularizado por uma novela. Atacou a cultura do cacau no Brasil, recuperada com o uso de fungicida e biodefensivo
Sigatoka Negra - atacou a bananeira e foi combatida com controle químico, biológico e melhoramento genético
Vespa-da-Madeira – pinus – controle biológico
Bicudo-do-Algodoeiro – algodão – controle químico e cultural. (Controle cultural significa: Mobilização do solo, rotação de cultura, adubação, alteração da época de plantio, poda ou desbaste, irrigação ou drenagem, destruição de hospedeiros alternativos, uso de barreiras e destruição mecânica)
Ferrugem-da-soja – soja – controle químico e cultural
Helicoverpa armígera – soja, algodão, milho, feijão e diversas outras culturas – controle químico e biológico
Cancro cítrico – citros – controle cultural, químico e biológico
Mosca das frutas – manga, citros, goiaba, pêssego, etc. – controle químico e biológico
Mosca da Carambola – diversas culturas – restrita aos Estados do AP, RR e algumas áreas do PA – em erradicação com uso de controle químico e cultural
Vassoura de bruxa - nome popularizado por uma novela. Atacou a cultura do cacau no Brasil, recuperada com o uso de fungicida e biodefensivo
Sigatoka Negra - atacou a bananeira e foi combatida com controle químico, biológico e melhoramento genético
Vespa-da-Madeira – pinus – controle biológico
Bicudo-do-Algodoeiro – algodão – controle químico e cultural. (Controle cultural significa: Mobilização do solo, rotação de cultura, adubação, alteração da época de plantio, poda ou desbaste, irrigação ou drenagem, destruição de hospedeiros alternativos, uso de barreiras e destruição mecânica)
Ferrugem-da-soja – soja – controle químico e cultural
Helicoverpa armígera – soja, algodão, milho, feijão e diversas outras culturas – controle químico e biológico
Cancro cítrico – citros – controle cultural, químico e biológico
Mosca das frutas – manga, citros, goiaba, pêssego, etc. – controle químico e biológico
Mosca da Carambola – diversas culturas – restrita aos Estados do AP, RR e algumas áreas do PA – em erradicação com uso de controle químico e cultural
Apesar do aumento do número de
registros de defensivos agrícolas no país que vem acontecendo nos
últimos anos, a venda desses produtos registrou redução no período
De 2016 para 2017, o número de registros
de defensivos passou de 277 para 405, segundo dados do Ministério da
Agricultura. No mesmo período, o valor total das vendas de ingredientes
ativos no país caiu de 541.861,09 toneladas para 539.944,95 toneladas,
de acordo com o Boletim Anual de Produção, Importação, Exportação e
Vendas de Agrotóxicos no Brasil, elaborado pelo Ibama. Os agricultores
querem usar cada vez menos defensivos em suas plantações, pois eles são
caros e representam até 30% do custo de produção.
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