Lavouras do futuro
Como será a agricultura daqui a 10
ou 20 anos? Há uma evolução constante, na produção e nos consumidores, e
o produtor deve analisar as opções.
Para entender, ou projetar essa
perspectiva, é fácil. Analisemos como era há 30 anos, quando se produzia
no Brasil de 25 a 30 sacos de soja/ha, em média. Os ganhadores de
concursos de produtividade obtinham de 40 a 50 sc/ha, e todo mundo vivia
feliz, obtendo lucros de acordo com seus investimentos em tecnologias
da época.
Hoje, com as tecnologia existentes, que
não existiam no século passado, como agricultura de precisão, sementes
transgênicas, controle biológico, biofertilizantes, defensivos mais
eficientes, a produtividade média anda na casa dos 50 a 55 sc/ha, e os
ganhadores de concursos de produtividade já ultrapassaram a média de 100
sc/ha.
O que isso quer dizer? Significa que
hoje, se um produtor de soja tem produção inferior a 40 sc/ha de soja é
prejuízo na certa. Especialmente aqueles com área de plantio inferior a
100 ha. Ou seja, projetando futuros aumentos de produtividade, e,
sabendo que o mercado remunera a soja com base na média, isso exclui do
mercado e da produção os produtores com médias inferiores. Nesse sentido
o mercado consumidor é tão ou mais perverso do que pragas e doenças ou
extremos climáticos. É por isso que os produtores de soja, milho, cana,
com áreas inferiores a 100 ha de plantio andam arrendando suas terras
para produtores maiores. Eles não obtêm recursos suficientes para
comprar sequer uma colheitadeira, por exemplo, e estão sempre em
dificuldades para adquirir os agroquímicos mais eficientes quando uma
doença ou praga ataca a lavoura, e ainda usam sub doses de
fertilizantes, sempre procuram uma gambiarra diante das dificuldades
financeiras.
Mas essa estratégia dos produtores
pequenos torna ainda mais perversa a situação dos herdeiros, pois essas
áreas pequenas serão frações depois de divididas pelo inventário,
obrigando até mesmo a venda dessas áreas menores para grande produtores.
Para fugir desse ciclo negativo os
produtores com áreas menores deveriam analisar a possibilidade de
plantar outras lavouras, especialmente aquelas que permitam obter valor
agregado maior, sejam frutas, hortaliças ou os grãos diferenciados, como
grão-de-bico, lentilha, milho pipoca. Plantar milho resulta na mesma
problemática da soja, a remuneração pela média.
É desta forma que vemos a agricultura
brasileira se encaminhando para o futuro, onde os agricultores de menor
porte deverão se especializar em outras culturas, e ficar longe das
commodities como soja, milho, algodão, cana-de-açúcar e até mesmo
feijão, para fugir dessa armadilha do mercado consumidor que sempre
força a barra para remunerar o alimento produzido pelo preço mais baixo.
Por isso, especialize-se em culturas
alternativas, sejam, flores, produção de condimentos (como salsinha,
cebolinha, alecrim, quanto mais diversificado o plantio, melhor),
frutas, ou até mesmo batata, tomate, alho ou cebola, mas saiba que estas
4 últimas são lavouras “encardidas” de plantio e manejo, só ganham
dinheiro com elas os especialistas, e mesmo assim sob alto investimento
por hectare produzido, pois exigem elevados recursos financeiros em
altas doses de fertilizantes ou agroquímicos, cujos investimentos chegam
a ser de 5 a 20 vezes mais elevados do que soja e milho.
Não estamos, portanto, mandando o
produtor pequeno a “plantar batatas”, expressão que entre os urbanos é
quase um xingamento, quando se roga uma praga ao outro. Sugerimos mudar,
e diversificar a lavoura. Dá mais trabalho, é evidente, mas pode salvar
a lavoura.
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