VEM AÍ MAIS UM ANO DIFÍCIL (I)
Por:
Argemiro Luís Brum
Muito
se tem falado dos custos da corrupção no Brasil, particularmente no
setor público. De fato, a realidade brasileira neste ponto é assustadora
e ajudou a provocar prejuízos econômicos e sociais irreversíveis aos
cidadãos. Mas, imbricado a isso é importante não esquecermos que os
custos da má gestão pública, por incompetência e/ou por radicalismos
ideológicos, são maiores ainda. Em nosso país, os mesmos, no momento
mais recente, já duram mais de uma década e, infelizmente, deverão
continuar por um bom tempo, mesmo que o novo governo escape destas
armadilhas, o que está longe de ser garantido. Ciente disso é que
consideramos que 2019 será mais um ano difícil. Não há milagres diante
da realidade econômico-financeira em que o Brasil está. E não é
simplesmente mudando de governo que as coisas melhoram automaticamente. A
vantagem do novo ano é que o governo que entra está imbuído em realizar
o ajuste fiscal e as reformas estruturais. Porém, neste momento de
transição já se nota que o mesmo começa a ceder em alguns pontos
(reforma da Previdência, por exemplo), o que demonstra a dificuldade do
processo. Assim, apesar de certo otimismo, natural com a mudança de
governo, é preciso muita atenção. O crescimento da economia pode ficar
patinando nestes níveis de 1% a 2% que estamos agora, o que é
insuficiente. De fato, o país tem dois caminhos: 1) o governo consegue
realizar alguns ajustes e a economia começa a engrenar, inclusive
estabilizando o câmbio em patamares mais baixos, mantendo a inflação sob
controle e os juros aceitáveis; 2) se o governo fraquejar e não
conseguir avançar nos ajustes, a decepção tomará conta, as cobranças
virão, e a economia patinará de novo, podendo mesmo piorar em relação a
2018. Neste sentido, há uma grande dúvida quanto ao que fará o novo
Congresso nacional em relação às propostas de ajustes que deverão vir.
Além disso, o novo governo terá que rever seu posicionamento em relação
ao exterior, por enquanto um elo fraco nas poucas propostas que
surgiram. A fase de transição, entre a eleição e a posse, mostra que
tensões com o mercado já surgiram. De fato, com o passar das semanas, as
declarações desencontradas, os desmentidos no interior da futura equipe
de governo e acusações de corrupção contra membros da família do
presidente eleito, levaram o mercado a desconfiar da capacidade do novo
presidente em liderar um movimento de ajustes concretos e substanciais.
Por enquanto, ainda há crédito político, mas o novo governo já se
desgastou antes mesmo de assumir. Com isso, terá um tempo mais curto de
“lua de mel” com o mercado, pois este não terá paciência. E esse é um
problema, pois não há respostas fáceis e rápidas. Portanto, o período
entre janeiro e março será decisivo. (segue)
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