Exportação
Brasil deve exportar mais milho que soja em janeiro pela 1ª vez em um ano
Exportação de milho no Brasil geralmente tem maior protagonismo no segundo semestre de cada ano
Mas, ao longo de 2018, os exportadores
impulsionaram as vendas de soja na esteira de uma colheita recorde e um
forte apetite da China diante da guerra comercial com os Estados Unidos.
Além disso, a safra de milho do Brasil quebrou, reduzindo a oferta do
cereal.
A inversão de janeiro, contudo, tende a
ser revertida já no próximo mês, já que os trabalhos de campo estão
adiantados com a soja, puxando a oferta para embarques, disseram
analistas ouvidos pela Reuters.
Conforme a Secretaria de Comércio Exterior
(Secex), até a terceira semana de janeiro a exportação de milho somou
2,80 milhões de toneladas, e mais 740,50 mil toneladas são esperadas até
o fim do mês, tendo por base dados da agência marítima Williams. Assim,
seriam enviados ao exterior em torno de 3,55 milhões de toneladas do
cereal.
Quanto à soja, a exportação nas três
primeiras semanas de janeiro foi de 1,34 milhão de toneladas, com mais
1,21 milhão agendado até 31 de janeiro, o que leva a um provável volume
de quase cerca de 2,5 milhões de toneladas em embarques totais.
Caso se confirme, será a primeira vez que
as vendas externas mensais de milho superam as de soja desde janeiro de
2018, quando foram enviados ao exterior 3 milhões e 1,56 milhões de
toneladas de cada commodity, respectivamente.
O Brasil é o maior exportador mundial de
soja e um dos maiores de milho, ao lado de Argentina e Ucrânia, em
ranking liderado pelos EUA.
RECORDE PARA SOJA
Os 2,5 milhões de toneladas de soja
seriam, aliás, uma quantidade recorde para o mês, conforme a série
histórica da Secex com início em 2006, apesar de o Brasil ter passado de
uma safra para outra com estoques mínimos, após recordes nas
exportações da oleaginosa no ano passado.
“2018 foi um ano em que a prioridade de
exportação foi para a soja. A janela de exportação de milho foi sendo
empurrada. E na verdade foi empurrada muito mais do que a gente
imaginava... Janeiro deve vir um volume alto (de milho). A partir de
fevereiro já deve voltar a chave para soja, até pela questão de
liquidez”, disse o analista Victor Ikeda, do Rabobank.
A retomada dos embarques de soja do Brasil
a um ritmo mais forte, em linha com a colheita adiantada, é bastante
aguardada no exterior. Isso porque os chineses, maiores importadores,
estão comprando o produto nos EUA com tarifas elevadas aplicadas em meio
à guerra comercial, desde meados do ano passado.
Com relação ao milho, o analista do
Rabobank prevê que a exportação do Brasil deverá voltar “à normalidade”
este ano, com a recomposição de oferta e exportações maiores a partir de
agosto, setembro”, acrescentou.
Conforme ele, o Brasil tem potencial para
exportar de 70 milhões a 71 milhões de toneladas de soja neste ano e em
torno de 30 milhões de milho. Em 2018, foram cerca de 84 milhões e 23
milhões, respectivamente.
Em boletim, a Scot Consultoria também destacou que os envios de soja devem ganhar ritmo já a partir do fim deste mês.
“A expectativa é de que os embarques (de
milho) diminuam gradualmente nas últimas semanas de janeiro em diante,
conforme avançam as exportações de soja”, destacou a consultoria.
“Por ora, o bom ritmo das exportações, e
as revisões para baixo na produtividade da safra de verão 2018/19, em
função da falta de chuvas em importantes regiões produtoras, colaboram
com o cenário de preços firmes para o milho no mercado interno”,
comentou a Scot.
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