sábado, 3 de fevereiro de 2024

 

Pequenos agricultores se beneficiam das barragens subterrâneas para gerar mais renda

   

A barragem subterrânea é, sem dúvida, um sucesso no Semiárido brasileiro, ao permitir a conversão de áreas secas e inaptas à atividade agrícola em solos de produção rural agropecuária para agricultores familiares. Atualmente existem cerca de 3.050 barragens subterrâneas construídas no Semiárido nordestino, e o público-alvo dessa tecnologia tem em geral propriedades de pequeno porte.

Estudo conduzido pela Embrapa Solos (RJ) avaliou os impactos econômicos para agricultores que possuem uma barragem subterrânea instalada em suas propriedades no Semiárido brasileiro. Levando em conta o período de 18 anos analisado, entre 2006 e 2023, foi verificado um incremento anual médio de 375 Kg na produção, que gerou uma renda excedente de R$ 7.361,10 por hectare para os adotantes da tecnologia social em relação aos agricultores que não a possuem em suas terras.

Já o estudo de avaliação de impactos econômicos, sociais, ambientais e institucionais da barragem subterrânea realizado pela Embrapa há muitos anos, e cujos resultados são apresentados anualmente no seu Balanço Social, apontou que a relação dos Benefícios e Custos (B/C) em 2023 foi de 2,27, o que significa que cada R$ 1,00 investido pela Empresa nessa tecnologia social gerou um retorno R$ 2,27 para a sociedade.

De acordo com Veramilles Aparecida Fae, analista da Embrapa Solos e uma das autoras dos estudos, os impactos econômicos das barragens subterrâneas foram avaliados sob dois itens: o de incremento de produtividade e o de expansão de produção. “A produtividade calculada no estudo de viabilidade econômica levou em consideração um cenário de chuvas regulares, e a quantidade média do excedente de produção do adotante da tecnologia foi obtido por meio de dados históricos da avaliação econômica das barragens subterrâneas, realizada anualmente pela equipe da Embrapa, entre os anos de 2006 e 2023”, explica a economista.

Ela acrescenta que o preço médio da produção por quilograma estimado foi calculado a partir de pesquisas realizadas em mercados locais, verificando-se o comportamento de 78 itens de consumo possivelmente produzidos pelos agricultores. “O estudo resultou na estimativa de R$ 19,65 por quilograma, que multiplicados pela produção anual excedente, de 375 Kg, resulta num benefício ou incremento anual médio de renda no valor de R$ 7.361,10 para quem possui uma barragem subterrânea em sua propriedade”, ressalta Fae.

O método de tratamento dos dados da análise constituiu em avaliar o valor do investimento realizado na obra de construção da barragem subterrânea e o tempo necessário para recuperar esse investimento, utilizando parâmetros de rentabilidade, em dois cenários diferentes. No primeiro caso, com um valor inicial gasto pela família agricultora de R$ 20 mil, com subsídios governamentais e de ONGs, e no segundo caso com o valor inicial investido na obra de R$ 27 mil, para quem não contou com nenhum subsídio.

Os especialistas da Embrapa apontam que em todos cenários analisados, a Taxa Interna de Retorno (TIR) foi maior que o índice oficial de inflação do País, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o que demonstra a viabilidade econômica do empreendimento, garantindo o retorno econômico do valor investido a partir do terceiro ano, no caso dos agricultores que contam com subsídios, e no quarto ano, para aqueles que arcam com todos os custos da obra.

O cultivo nas áreas de barragens subterrâneas avaliadas pelo estudo conduzido pela Embrapa Solos e parceiros destina-se basicamente ao consumo próprio, constando da produção de milho, feijão-comum, feijão de corda e fava, macaxeira, batata-doce, cenoura, inhame, alface, cebolinha, beterraba, coentro, alho, repolho, couve, quiabo, tomate, chicória, pimentão, abóbora, chuchu, melancia, melão, acerola, goiaba, manga, mamão, abacaxi, maracujá, graviola, caju, coco e cana-de-açúcar, além de capim e palma forrageira, que são armazenados em silagem para alimentação animal.

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