domingo, 25 de fevereiro de 2024

 


Embora ainda não seja tão popular nas refeições da população quanto outras carnes, a de capivara já não causa tanta estranheza ao consumidor quando ele a encontra em balcões refrigerados no varejo de produtos alimentícios.

Antes mais restrita a restaurantes e churrascarias com opções exóticas em seus cardápios, a carne do mamífero roedor vem conseguindo, 20 anos depois de sua chegada ao mercado, ocupar espaço em diferentes pontos de venda, graças à expansão e à profissionalização da atividade de criação no país.

Desde que o manejo e as instalações sejam adequados, a capivara é uma espécie que se adapta bem à vida em cativeiro e tem lida fácil, apresentando boa reprodução. Por isso, ela atraiu o interesse de produtores de todo o país nas duas últimas décadas, tornando-se fonte de renda e exigindo pouco investimento. A maior parte das instalações fica nos estados das regiões Sudeste e Centro-Oeste. Elas necessitam de um cercamento telado e de brete de baixo custo, já que a estrutura precisa ser rústica, para replicar as condições do hábitat natural do roedor, incluindo tanques ou pequenos açudes em piquetes.

A existência de aguadas na propriedade é uma vantagem, o que permite ainda uma criação consorciada com a piscicultura. Outra oportunidade econômica atraente para o criador é a possibilidade de combinação dos tratos rotineiros da capivara com bois, vacas e até aves, como galinhas, emas e espécies do segmento aquático.

Além da maciez e da textura que agradam os consumidores, em especial dos cortes de pernil, lombo e paleta, a carne de capivara oferece benefícios à saúde. Ela é fonte de vitaminas do complexo B, que têm função importante para evitar a ocorrência de anemia, e tem poucas calorias, sendo uma ótima opção para quem quer controlar o peso.

Embora seja fornecedor de proteína magra – em especial o exemplar que vai para o abate com 10 a 12 meses de vida –, o animal possui gordura que serve de matéria-prima para obtenção de óleo utilizado por empresas que produzem itens medicinais.

Por ser resistente e, ao mesmo tempo, elástico e macio, o couro é outro insumo rentável da criação, sobretudo porque é apreciado por compradores internacionais, em especial os japoneses. O material tem uso na elaboração de diversos artefatos, com destaque para a fabricação de casacos, bolsas, sapatos e luvas para golfe e beisebol.

A venda de matrizes para outros criatórios é uma alternativa que também gera rendimentos para o criador. O comércio do animal para a formação de plantéis tem mercado promissor, já que a atividade mostra bom potencial no país. Com documentação aprovada e autorização concedida pelo Estado para manejar o mamífero, a dedicação do produtor completa o que é necessário para alcançar uma criação bem-sucedida.

Como criar

Início

Como é preciso autorização para criar capivara – o pedido tem de ser feito ao órgão gestor estadual da fauna –, a recomendação é contar com uma assessoria técnica para orientar sobre o processo, que inclui obrigatoriamente projeto assinado por um profissional especializado. Ressalte-se que, mesmo se o criador optar pela captura do animal na natureza para economizar com a compra em um criatório, também será necessário ter permissão da instituição do meio ambiente mais próxima.

Matrizes

Na aquisição das capivaras para formar o plantel – que deve ocorrer somente com criadore registrados –, escolha animais saudáveis. Um exemplar adulto de porte médio tem 1,30 metro de comprimento e de 50 a 60 centímetros de altura, sendo que a fêmea pesa cerca de 40 quilos, e o macho, 50 quilos. Bastante resistente a doenças, a capivara é mais ativa pela manhã e no fim da tarde, gosta de nadar e tem o hábito de viver em grupos familiares.

Ambiente

Por se tratar de um animal silvestre, a dica é que o criatório seja instalado em uma área calma. Evite, portanto, locais com muito movimento e barulho. O uso de cercas-vivas ou árvores no entorno é uma alternativa para isolar a criação.

Estrutura

A rusticidade é a principal característica do cativeiro, que deve ter um piquete com dimensões de, no mínimo, 30 x 30 metros para acomodar um macho e cinco fêmeas. Para cercar, use mourões de madeira ou de concreto distantes 3 metros entre si e com altura de 1,50 metro, sendo fechado no primeiro metro com tela tipo alambrado dotada de fio de arame galvanizado número 14 e malha de 5 centímetros. Instale outros quatro fios de arame farpado na parte de cima.

No local também é importante ter mato, cerrado, capoeira ou ainda um abrigo, além de brete de manejo e aguada, em um espaço equivalente a 20% do total. Uma opção é providenciar tanques com profundidade de 40 centímetros nas margens e de 1,50 metro no centro.

Alimentação

Herbívora, a capivara come capins variados e leguminosas; entre seus alimentos preferidos estão mandioca, milho e cana. O consumo diário por animal varia de 3 a 5 quilos, de acordo com a idade. Ofereça também sal mineral nos cochos do brete, cujo espaço indicado de 12 x 6 metros deve ainda possuir dois cochos cobertos, incluindo um corredor ligado a uma gaiola de contenção.

Cuidados

Indica-se vermifugação uma vez a cada quatro meses e é essencial utilizar carrapaticidas para bovinos. Com a adoção da medida preventiva nos criatórios, a ocorrência do carrapato-estrela se restringe aos animais soltos em campos e matas.

Reprodução

Ocorre a partir do primeiro ano de vida da capivara e vai até que complete nove anos. A indicação é que as fêmeas procriem somente após atingirem 30 quilos de peso e com intervalo de oito meses entre cada parto gestacionado por 120 dias. Antes de ir para o piquete de recria, o filhote é amamentado durante três meses.

Informações adicionais

  • Criação mínima: 1 macho para 5 fêmeas
  • Custo: em média, o investimento inicial é de R$ 15 mil. Cada capivara custa R$ 1.000
  • Retorno: 2 anos e meio
  • Reprodução: a partir de 1 ano de idade e com intervalo de 8 meses entre cada parição, que gera de 4 a 6 filhotes por parto
  • Onde aquirir: com criadores de matrizes registrados
  • Mais informações com os órgãos estaduais de meio ambiente

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