A importância do funcionamento das barragens subterrâneas para o semiárido brasileiro
A barragem subterrânea é uma tecnologia que consiste, basicamente, na utilização de uma lona plástica que desce no solo a profundidades de 3 a 5 metros, em valas que são cavadas em regiões declivosas de áreas agrícolas. Dessa forma, como a água não escorre para o lado a jusante da barragem subterrânea por ficar retida antes da lona, o solo a montante fica umedecido durante vários meses, tornando-se apto para o cultivo. É construído também um sangradouro para quando ocorrem fluxos de água acima do esperado, o que permite que esta água adicional seja acumulada em poços construídos a montante da barragem subterrânea.
A ideia dessa barragem é que, em áreas de instabilidade hídrica, como é o caso do Semiárido brasileiro, a água das poucas chuvas que ocorrem durante o ano fique estocada no interior do solo a montante da lona instalada, de forma que a umidade do solo permita o cultivo durante três a cinco meses após o período chuvoso, a depender das chuvas ocorridas no ano. “Algumas barragens subterrâneas construídas em ambientes muito propícios produzem durante todo o ano, inclusive em períodos de escassez de chuvas”, afirma Albani Vieira da Rocha, coordenador executivo do Centro de Desenvolvimento Comunitário de Maravilha (Cdecma), entidade referência no território do Médio Sertão de Alagoas.
A tecnologia é de domínio público, e as ações de pesquisa e desenvolvimento (P&D) vêm sendo desenvolvidas desde a década de 1980, inicialmente pela Embrapa Semiárido (PE), dando origem ao seu modelo atual com algumas inovações, a exemplo da utilização de lonas plásticas, em vez de pedras e cimento. A partir de 2007, a Embrapa Solos, por meio da sua Unidade de Execução de Pesquisa e Desenvolvimento de Recife (UEP Recife), iniciou o desenvolvimento de ações de P&D que têm contribuído com estratégias de mitigação e adaptação da barragem subterrânea às mudanças climáticas na região.
O estudo de avaliação de impacto, desenvolvido ao longo das últimas décadas, aponta que as famílias agricultoras têm realizado o redesenho de seus agroecossistemas a partir da barragem subterrânea, por meio de atividades que os diversos projetos vinculados à tecnologia têm proporcionado. Porém, o relatório do estudo salienta que essa tecnologia social possui a constante necessidade de atuação de equipes especializadas de técnicos que deem suporte aos agricultores que a adotam.
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